herbert & mídia
"Herbert Vianna e a mídia como tia", copyright Pensata (www.folha.com.br/pensata), 11/02/01
Na década de 60, Caetano Veloso cantava ?O Sol nas bancas de revista me enche de alegria e preguiça, quem lê tanta notícia??
Vale repetir, era a década de 60 e o número de títulos de revista nas bancas não era um décimo do que há hoje, não existiam rádios com noticiário 24 horas por dia, nem TVs a cabo como CNN ou Globo News. Nem ao menos Internet e jornais on line com notícias novas a cada minuto.
Também não era possível ler notícias num aparelho de bip ou no celular. O que dizer então agora, quem lê, vê, ouve tanta notícia?
Isso me veio à cabeça ao acompanhar a cobertura do acidente com o cantor e compositor Herbert Vianna, no qual morreu sua mulher, Lucy.
Desde domingo (dia 4) à tarde, quando o ultraleve caiu em Mangaratiba (litoral sul do Rio de Janeiro), foi colocado à disposição de ávidos leitores, ouvinte e telespectadores toneladas e toneladas de material sobre o músico e sua família.
Durante toda a semana, cada novo exame, cada nova tomografia, cada novo coágulo retirado estava explicitado na mídia. Passamos a conhecer os médicos que cuidam dele, a reconhecer seus irmãos e pais.
Agora, revistas semanais trazem nas suas capas os últimos passeios da família Vianna, o piquenique entre os pais e os três filhos.
E graças a essa exposição de uma tragédia familiar, jornais e revistas vendem mais. Rádios, TV e Internet aumentam sua audiência.
Mas por que é que queremos saber de tudo isso? De onde nasce essa curiosidade que sempre se associa a tragédias? Por que precisamos ver os irmãos do músico chorando, o relato de como foi duro ter contado aos filhos do casal que Lucy havia morrido e que Herbert está em coma? Por que não temos preguiça com relação a essas ?notícias??
Talvez porque sejamos viciados em tristeza. Talvez porque precisamos presenciar manifestações de dor. Precisamos tanto que, quando não temos essas manifestações na ?vida real?, recorremos à ficção, e isso explica o mega sucesso de novelas como ?Laços de Família?, com todas as suas doenças e mortes.
E se a pergunta ?quem lê tanta notícia? ainda vale, nesse caso a resposta é todo mundo. Porque, por ser alguém famoso, Herbert se transforma na hora de um tragédia num parente de todos. E a mídia, por sua vez, se transforma naquela tia que fica o dia todo no hospital e liga para todo mundo para contar os detalhes.
Não sendo sensacionalista, essa tia é essencial."
sem dinheiro às segundas
"Caderno Dinheiro deixa de circular às segundas", copyright Folha de S. Paulo, 11/02/01
"A partir de amanhã, o Folhainvest torna-se o único caderno da Folha dedicado à economia às segundas-feiras -o caderno Dinheiro deixa de circular nesse dia.
Os serviços e as seções publicados em Dinheiro, no entanto, continuarão a ser oferecidos ao leitor. Painel S/A, Opinião Econômica e Indicadores Econômicos passam a ser publicados na segunda página do Folhainvest.
O Folhainvest continua, porém, dedicado a oferecer reportagens, serviços e indicadores relativos a finanças pessoais.
Multimídia, seção de artigos dedicada à economia internacional, será publicada aos domingos no caderno Dinheiro.
Dinheiro deixa de circular às segundas-feiras devido à opção editorial de concentrar esforços em apenas um produto jornalístico dedicado à economia nesse dia da semana. Assim, abre-se mais espaço para o Folhainvest, num dia em que o noticiário de economia é reduzido -jornais especializados em assuntos econômicos em geral publicam só uma edição entre sábado e segunda-feira."
Caderno da Cidadania ? texto
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