DIRET?RIO ACAD?MICO
CARTAS
CURSOS DE JORNALISMO
Realmente chega aos limites do absurdo o circo armado com relação ao fechamento de cursos superiores montados para encher os bolsos dos proprietários de faculdades. Vemos constantemente o ministro da Educação ou algum outro figurão do MEC alertando que "agora é prá valer", que "os cursos com desempenho insuficiente serão fechados", e por aí vai… Providência concreta, nenhuma. Eles continuam galhardamente a enganar os incautos e a formar incompetentes.
Em um primeiro raciocínio podemos até pensar "e daí? se o sujeito é incompetente não vai conseguir se manter na área e tudo bem..". Mas e o esforço? E o tempo despendido para "formar" aquele mau profissional? Não é exatamente o mesmo tempo para formar um bom profissional? Então por que não investimos na qualidade em vez de permitir que o lixo tome conta? Enquanto o governo permitir que a Educação seja tratada como material de segunda, em que interessa mais o número de formandos do que a qualidade não conseguiremos progredir e eliminar as distorções sociais que afligem nosso país há décadas.
PLÁGIO E IMPUNIDADE
Tenho acompanhado com grande interesse as reportagens referentes à falta de honestidade e ética de nossas autoridades, principalmente nas áreas de política, economia e desporto. Entretanto, salvo engano, assuntos relacionados à desonestidade acadêmica, que ocorram no âmbito das universidades e dos institutos de pesquisa, não têm sido investigados nos últimos anos. No meu caso, fui plagiado em tese de mestrado, na qual um professor universitário copiou ipsis literis 46 páginas de minha tese, defendida em 1993.
Mesmo com a denúncia formal às instâncias superiores de minha universidade, há mais de 18 meses, o processo continua sem solução. Com um diploma obtido de maneira indigna, o referido professor vem sendo promovido em sua carreira, tendo iniciado o doutoramento em outra universidade. Curiosamente, seu atual orientador participou de sua banca de mestrado. Este orientador está ciente do plágio cometido, conforme demonstrado documentalmente no processo instaurado.
Entrei em contato com diversos veículos de informação, como as revistas Veja, IstoÉ, Época, jornais O Globo e Jornal do Brasil, passando a informação acima, mas nunca recebi qualquer resposta, sequer da aceitação de meus e-mails. Acredito que estes veículos estariam prestando um serviço inestimável à sociedade caso realizassem reportagens sobre este assunto.
Será que a imprensa como um todo não gosta de discutir assuntos como este, que envolvem a propriedade intelectual na escrita de textos? Será que os nossos jornalistas, talvez por exercerem uma prática de investigação, arquivamento de informações e transcrição de textos, não se sensibilizam com a apropriação indébita das idéias?
Acho que este tema poderia suscitar um debate muito interessante no Observatório da Imprensa.
Quanto a meu caso de plágio, coloco-me à sua disposição para prestar mais esclarecimentos, inclusive disponibilizando todas as provas das denúncias referidas.
Leonardo Fuks, PhD, Professor-adjunto de Acústica Musical e Fisiologia da Voz, Escola de Música da UFRJ
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