Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Comunique-se

LEÃO vs. ABELHAS
Cassio Politi

Técnico Emerson Leão questiona a videorreportagem, 28/4/2006

‘Oito repórteres formavam um semicírculo ao redor do treinador de futebol que, fugindo à sua regra, esbanjava bom humor. Acompanhando o rodízio de perguntas, o jornalista dividiu sua concentração. Os olhos fixados no visor da câmera conferiam o enquadramento e a cabeça formulava uma questão. Feita a pergunta, Emerson Leão recuperou a rispidez.

– Não vou responder para você.

O motivo: Felipe Andreoli é videorrepórter da TV Cultura. Leão, técnico de futebol, é contra a videorreportagem.

* * * * *

Depois de mais de uma década sem conquistar títulos expressivos, o Santos finalmente caminhava para o triunfo. Era final de 2002 e os jogadores se concentravam no Sítio Santa Filomena, em Jarinu, cidade próxima a São Paulo.

Antes de sair da redação, Felipe Andreoli foi alertado por colegas da Cultura para não fazer perguntas. Pouco tempo antes, Paulo Castilho, outro ‘videógrafo’ da emissora tinha tido problemas com Leão. Ele decidira não dar entrevistas a repórteres operando câmeras.

Ele vai responder

A fase era boa. O treinador era (e ainda é) reconhecido como o responsável por formar das cinzas um time vencedor, que revelou jogadores do nível de Robinho. Dali a poucas semanas, venceria o Campeonato Brasileiro de 2002. Nesse contexto, Leão esbanjava sorrisos aos repórteres. Não é um sujeito carrancudo e brinca com os jornalistas, às vezes. Mas quase todo dia é ríspido.

‘Ele está de bom humor. Se eu fizer uma pergunta, vai responder’, apostou, consigo mesmo, Felipe. Não custava arriscar, apesar da orientação adversa que recebera na redação.

Posição ingrata

Os cinegrafistas formaram um semicírculo a uns dois metros do treinador. Os microfones sem fio (ou com fios extensos) permitiam aos repórteres se aproximar. Ao videorrepórter, sobrou a posição ingrata. Posicionar-se entre as lentes e o entrevistado exige criatividade e até elasticidade.

Chegou a vez de Felipe perguntar. ‘Nem me lembro da pergunta. Foi alguma coisa do dia-a-dia do time’. Lançando um olhar irritadiço, Leão foi direto.

– Não vou responder para você. Já falei isso para sua emissora e para seus colegas. Vocês [videorrepórteres] estão roubando emprego dos cinegrafistas.

– Essa é a sua opinião. Se você não quer responder, Leão, eu só lamento. Não vou atrapalhar o andamento da coletiva.

Só depois de responder, se deu conta de que um cinegrafista aplaudira a resposta do treinador. Felipe olhou para trás querendo saber quem era o autor dos aplausos irônicos.

Entenda-me

Terminada a coletiva, Leão se aproximou de Felipe. ‘Ele veio me explicar que já tinha falado isso a outros abelhas. Com educação, repeti que respeitava sua decisão e pedi a ele que não me questionasse sobre assuntos ligados a Jornalismo, porque essa não é a área dele’.

De volta à redação, o videorrepórter relatou o episódio aos editores. Uma decisão foi tomada: a partir dali, quando fosse Emerson Leão o entrevistado, a Cultura enviaria uma equipe, com repórter, cinegrafista e cia.

Essa decisão não vai contra a difusão da videorreportagem, encabeçada pela Cultura? ‘Acho que não. Concordo que um treino ou uma coletiva não sejam as ocasiões perfeitas para fazer videorreportagem. Se formo ver bem, é aí que está a diferença: o Leão quer que a videorreportagem acabe. Eu sou a favor de adotá-la nas ocasiões certas’.

Reflexão e reflexo

Houve muitas outras ocasiões em que Felipe, como repórter assistido por um cinegrafista, se encontrou com Leão. ‘Senti que ele passou a me respeitar mais. Acho que isso aconteceu porque eu respondi a ele com respeito’. Afinal, videorrepórter tira emprego de cinegrafista? Felipe entende que não. ‘A Cultura não demitiu cinegrafistas depois que adotou os abelhas’.

Há poucos meses, o repórter Eduardo Ohata, da Folha de S.Paulo, ouviu de Felipe esta mesma história. Soltou, então, uma notinha no jornal com o título ‘Líder Sindical’.

* * * * *

Felipe Andreoli ministra cursos no Comunique-se desde o início do projeto da Escola de Comunicação. Entre outros temas, ensina videorreportagem a jornalistas e estudantes de Comunicação Social. Assim como este colunista, é a favor da videorreportagem bem praticada, embora (juntos) respeitemos opiniões adversas. Todos a favor do debate.’



MERCADO DE TRABALHO
Eduardo Ribeiro

Uma semana com boas novidades, 26/4/2006

‘Em que pese a onda de feriados seguidos, esses são dias de novidades interessantes para o mercado da Comunicação e do Jornalismo. Uma delas é a previsão de lançamento, nesta 6ª.feira (28/4), pela Editora Abril, da edição brasileira da Men’s Health, revista masculina criada há 18 anos pela Rodale, dos Estados Unidos, e que hoje circula em cerca de 40 países. Sai com 140 páginas e 100 mil exemplares de tiragem. ‘Sem mulher na capa’, alerta o redator-chefe Airton Seligman, ‘porque a revista foca essencialmente o estilo de vida do homem que quer bem-estar’. É claro que a revista tem sexo, mas esse tema, junto com relacionamento, responde por apenas 10% do conteúdo da publicação; outros 50% serão cobertos por saúde, nutrição e fitness. A pauta é completada por carreira e estilo. Além de Seligman, que foi de Viagem & Turismo, Vip e Veja, a equipe de Men’s Health conta com Carlos Amoedo (editor de Texto), Ivan Zumalde (editor de Arte) e com o designer Douglas Rodrigues José, e ainda os estagiários Adriana Peruto (Arte) e Daniel Salles (Texto).

Na TV Cultura, a contratação de Albino Castro como novo diretor de Jornalismo já começa a render os primeiros frutos. Em menos de dez dias de casa, fez sete contratações, cinco delas de profissionais que foi buscar na TV Gazeta, da equipe que ele próprio dirigia. Obviamente isso mexeu também com a equipe que lá estava com vários remanejamentos e, por enquanto, algumas indefinições. Da TV Gazeta vieram Flávio Cabrera, que vai ser uma espécie de gerente de operações do Jornalismo, fazendo interface entre essa área, a Rede e a Técnica; Giovanna Botti, editora-chefe do Jornal da Cultura; Valentina Menezes, coordenadora da Central de Produção do Jornalismo; Simone Queiróz, repórter; e Fernanda Castellani, editora de Internacional. As exceções ficam por conta de Edson Fernandes (ex-Record e Band), que assume a coordenação de Esportes, e de Lúcia Costa (ex-integrante da equipe de Boris Casoy na Record), que vai assumir a coordenação dos programas jornalísticos diários e semanais (como Metrópolis, Repórter Eco e Roda Viva).

O diretor de Comunicação da Cultura, Caetano Bedaque, informa que essas contratações já embutem algumas novidades. A área de Esportes, por exemplo, volta ao guarda-chuva do Jornalismo. O programa Metrópolis, que hoje é diário, passará a semanal, com uma hora de duração, na nova grade de programação da emissora, que vai ao ar no final de maio. O Jornal da Cultura terá uma hora de duração, das 22h às 23h, em quatro blocos (contra os atuais 40 minutos que ocupa, entre 9h e 9h40). Pola Galé, que ocupava a Diretoria de Jornalismo antes da chegada de Albino, assim que regressar da licença que tirou assumirá novas funções na emissora, provavelmente no núcleo de Programação. Uma coisa, porém, já está certa: ele vai preparar a instalação da retransmissora em Brasília, prevista para ser lançada até junho, com produção jornalística local.

Se a Cultura tirou cinco profissionais da TV Gazeta, esta, agora, terá de repor as peças, o que não deixa de ser uma boa notícia em tempos bicudos para quem é assalariado. O desafio será enfrentado por Marco Nascimento, que aceitou convite da Fundação Cásper Líbero para suceder Albino Castro no comando do Jornalismo da Gazeta.

Outra notícia interessante vem das Organizações Globo, mais precisamente da marca Pequenas Empresas Grandes Negócios, que está ganhando um novo portal que unifica o conteúdo dos sites da revista e do programa da Tevê. Segundo José Fucs, diretor de Redação da revista, ‘será o maior portal multimídia de empreendedorismo do País e também a primeira unificação de endereços eletrônicos entre duas mídias das Organizações Globo’. Com o slogan ‘O portal do empreendedor’, ele terá uma home page conjunta, inicialmente dividida meio a meio entre a tevê e a revista, até que todos os problemas técnicos sejam resolvidos. Por ela, o usuário poderá acessar tanto os programas de tevê quanto as matérias da revista, além dos outros serviços que ambos os veículos oferecem em seus sites. ‘Não há competição entre nós’, diz Fucs. ‘Tanto que fazemos pautas conjuntas há mais de quatro anos.’ Ele informa que os logos foram unificados já este mês (na realidade, por questões técnicas, a revista adotou o logo do programa), que já começam a trabalhar na centralização das bases de dados dos dois sites e que também serão unificados os boletins informativos dos dois veículos. A fusão será objeto de matéria na revista e na tevê e o endereço, www.globo.com/pegn , amplamente divulgado por eles. O programa, comandado por Neusa Rocha, tem público estimado de 10 milhões de espectadores só na TV Globo, em que vai ao ar todos os domingos, às 7h; ele é veiculado também na GloboNews e no Canal Futura. A revista tem circulação de 90 mil exemplares mensais, entre assinaturas e venda em banca. Os dois veículos já completaram 18 anos de existência.

Nesse rápido passeio, Jornalistas&Cia descobriu também que foram vendidos, em menos de duas semanas, todos os 120 mil exemplares do especial sobre Educação Infantil que a revista Nova Escola, da Fundação Vitor Civita, colocou nas bancas no início de abril. Gabriel Pillar Grossi, diretor de Redação da revista, diz que em 20 anos de história da Nova Escola essa foi a primeira vez que tiveram de reimprimir uma edição. Por conta disso, na semana passada as bancas foram reabastecidas com mais 60 mil exemplares. Segundo Grossi, desde dezembro de 2004, Nova Escola publica esporadicamente edições especiais, que até janeiro iam para as bancas junto com a revista-mãe e quase sempre venderam bem, numa faixa de 50 a 80 mil exemplares. ‘Desta vez, decidimos ousar um pouco mais e lançar o especial sozinho nas bancas, inclusive porque muitos assinantes reclamavam que precisavam comprar outro exemplar da revista para poder ter o especial também. E estamos arrebentando’, garante. O especial tem 68 páginas e traz mais de 90 sugestões de atividades para trabalhar com crianças, tanto em creches (crianças até 3 anos) como na Pré-Escola (4 a 6 anos).

Até no campo do voluntariado tivemos uma notícia importante. Roseli Tardelli está em Moçambique a convite do site noticioso Plus News, para mostrar o que a Agência de Notícias da Aids, da qual é editora-executiva, tem feito em relação à informação e prevenção da doença no Brasil. O programa inclui uma oficina de criatividade para 20 jornalistas africanos.’

Milton Coelho da Graça

Batalha cada vez mais dura. E pode piorar, 27/4/2006

‘Sou professor, mas esta semana tive um encontro diferente com uns 30 estudantes, num debate promovido pelo Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro, que pode ser definido como aprendizagem recíproca. Havia dois alunos meus no grupo, unido pela realização do próximo Encontro Nacional dos Estudantes de Comunicação.

Os temas da conversa eram livres. Entre os cinco da Mesa, além de mim, havia dois líderes sindicais (o presidente do sindicato e uma dirigente da Fenaj), um companheiro da excelente revista Caros Amigos e uma líder estudantil.

Obviamente, perguntas e respostas se concentraram nas questões mais sensíveis e imediatas – desemprego, salários baixos, estágios. Alargar a discussão naquele foro e com tempo escasso não seria produtivo. Mas estou convencido de que é essencial irmos além das causas e conseqüências mais imediatas.

A conquista do conhecimento – o salto que separou o homo sapiens do homo erectus – tem uns 100 mil anos, uns mil séculos, não mais de três mil a cinco mil gerações. Como é cumulativa, a taxa de crescimento é sempre maior entre uma geração e a próxima. Se o número mil for bem estimado, foram necessários 994 séculos para chegarmos à impressora de Gutemberg, mas apenas mais quatro para a rotativa de Mergenthaler. Depois, apenas um para o offset, uns 30 anos para o computador nas redações e mais uns dez para a internet.

Eu já tinha 30 anos e batia 400 toques por minuto nas bravas Underwoods e Remingtons quando Chateaubriand e Prudente de Morais Neto ainda escreviam artigos com canetas e surgiam os primeiros jornalistas diplomados. Eu já tinha quase 50 e, nos circuitos do mundo, escrevia matérias sobre Fórmula 1 com os primeiros computadores portáteis que só tinham memória para quatro laudas. E tinham de ser transmitidas via ‘jacaré’ no telefone.

Alguém aí ainda sabe o que era um ‘jacaré’?

A organização do trabalho e as necessidades da sociedade humana vão mudando. A busca e a disseminação de informação também. E tudo em velocidade crescente, acompanhando o avanço também sempre mais rápido da ciência e da tecnologia.

Não podemos parar de batalhar por melhores salários, mais empregos, cursos melhores de comunicação, estágios corretamente organizados. E também defender uma imprensa próspera, as liberdades democráticas e os direitos humanos.

Mas algo está acontecendo que mexe com tudo isso. Vamos arranjar um jeito de também estudar, discutir e entender esse ‘algo’. Sob pena de todos os outros esforços serem inúteis.’



TELEVISÃO
Antonio Brasil

Notícias da América, 28/04/06

‘Esta semana fiz uma viagem relâmpago aos EUA. Mais uma vez, fui convidado para fazer uma palestra sobre o nosso projeto de TV e telejornais universitários na Internet. Por incrível que pareça, os americanos continuam interessados em conhecer as nossas experiências pioneiras de ensino de jornalismo com IPTV, a Internet Protocol TV na Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Em 2001, há mais de cinco anos, nos tornamos referência nacional e internacional nas pesquisas de formato e conteúdo de TV digital na Internet para fins educacionais. Hoje, em greve, os professores, alunos e funcionários da UERJ lutam de forma heróica pela sobrevivência. Após tantas realizações, sonhos, expectativas e frustrações, a educação pública brasileira enfrenta os ‘desgovernos’ estaduais e federais. Em meio a tantas denúncias de corrupção, em ano eleitoral com disputa de Copa do Mundo, a pobre educação pública brasileira é relegada à condição de coadjuvante e ‘indigente’. Discutimos bilhões a serem investidos em campanhas políticas e TV digital brasileira enquanto nossas instituições públicas de ensino enfrentam uma das piores crises de toda a sua existência.

Mas aproveitei a viagem aos EUA para conferir algumas novidades na TV e nos telejornais americanos.

Nova âncora da CBS

Primeiro, assisti à mais nova âncora da CBS, a Katie Couric. Ela foi contratada a peso de ouro e, aqui entre nós, não deve salvar o jornalismo da tradicional rede americana da lanterninha na audiência de telejornais. Katie Couric foi considerada pela mídia uma solução milagrosa para a CBS no estilo Ana Paula Padrão do SBT. Assim como no Brasil, o milagre da CBS também não aconteceu. A Katie fazia muito sucesso no programa matinal da NBC, o Today. Apesar dos esforços, ela não consegue repetir o estilo mais jovem e descontraído na velha estrutura do Evening News. Pesquisa recente da AP (ver aqui) confirma que o público americano prefere a Katie Couric nos jornais matinais.

Como disse em outra oportunidade, os telejornais noturnos estão com os seus dias contados. Não há contratações milionárias ou soluções milagrosas que os salvem. O público do horário está definitivamente comprometido com a própria velhice ou com o futuro na Internet.

Os Sopranos

O melhor programa da TV americana não é um telejornal. Apesar das últimas críticas e dos índices em declínio, a série da HBO Os Sopranos ainda dá um show de televisão. Assisti a todos os programas exibidos na última série em uma única noite e adorei! Milagres da programação ‘on demand’ da TV digital americana. Apesar dos anos, a longa saga da hilária família de mafiosos de Nova Jersey continua imbatível. A HBO está de parabéns. Como diz a propaganda da rede, ‘Ainda bem que existe a HBO’. Caso contrário, a TV se resumiria a uma programação decadente e nada criativa. Assistir a TV se tornou programa de velho!

Melhores vídeos estão na Internet

Para variar, a melhor referência de programas de TV e vídeos estão nos novos sites gratuitos da Internet. A minha filha Júlia, uma adolescente brasileira que mora nos EUA, sempre superantenada e que sabe tudo de Cinema, TV e Internet, me indicou uma série de sites com conteúdos extraordinários. Fiquei horas vendo o que não vejo na TV ou no cinema. Vídeos baratos e muito criativos produzidos por gente jovem que não se intimida pelos limites e restrições das TVs. Aproveito para recomendar os vídeos disponíveis no E-Tube e a pesquisa da Publishers Online sobre a crescente audiência na rede (ver aqui)

Redes ABC e PBS grátis na Internet

A notícia caiu como uma bomba entre os executivos de TV americanos. A rede americana ABC resolveu enfrentar as ameaças das Cassandras da mídia e disponibilizar alguns dos seus melhores programas grátis na rede. As afiliadas da rede americana foram pegas meio de surpresa com a decisão da direção da ABC e, em princípio, reagiram com algumas críticas e preocupações. Mas a verdade é que as redes de TV precisam fazer alguma coisa – qualquer coisa – para evitar a queda de audiência e enfrentar a competição na Internet. É melhor tentar medidas desesperadas para garantir audiência para as ‘Donas de casa desesperadas’. Perdão. Não pude evitar. Desperate Housewifes ainda é o grande sucesso dessa temporada da rede ABC.

E pelo jeito, a iniciativa já tem seguidores nos EUA. A rede de TVs públicas, a PBS, também anuncia que vai disponibilizar toda a sua programação gratuitamente na rede, celulares e Ipods. Agora, é só esperar que as redes brasileiras também percebam os benefícios para ‘caírem na rede’.

Recorde de brasileiros na NAB

Essa notícia é, no mínimo, intrigante. Caso você não saiba, a NAB é a National Association of Broadcasters ou Associação Nacional/Americana de Radiodifusores. Este ano, no encontro anual em Las Vegas nos EUA que acabou nesta quinta-feira, 27, cerca de 900 produtores de audiovisual e congêneres brasileiros vieram conferir as palestras, novidades tecnológicas e principalmente as ‘delícias’ de Las Vegas. Segundo os organizadores da NAB, trata-se da maior delegação internacional. E olha que tem gente de todo o mundo nesse evento americano. E depois falam de crise no setor e no Brasil. No entanto, para minha surpresa, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, e seus colegas de governo não vieram conferir as promessas da TV digital. Os americanos devem estar furiosos!

Cobras, Lagartos e plágios!

Enquanto isso no Brasil, segundo a Folha, ‘Walter Salles aponta plágio na novela ‘Cobras & Lagartos’ (ver aqui). A direção da Globo acredita que a ‘situação’ havia sido resolvida amigavelmente. De qualquer maneira também anunciou que vai tomar providências ‘para contornar esse mal entendido’. Ênfase no ‘amigavelmente’ e no ‘mal entendido’. Sutilezas do poder televisivo no Brasil.

Mas ainda segundo a Folha, ‘A polêmica vem em péssima hora para a Globo. ‘Cobras & Lagartos’ tem a missão de recuperar a audiência do horário, derrubada pela confusa ‘Bang Bang’ (sic).

Ou seja, entre baixarias, Cobras, Lagartos, Bang-Bang e acusações de plágio, vive e sofre o telespectador ‘Cidadão Brasileiro’. Tudo a ver.’



JORNAL DA IMPRENÇA
Moacir Japiassu

Direitos Humanos, 27/4/2006

‘Numa tarde de Barcelona

tarde também na Borborema,

vertia uma gota de sangue cada poema.

(José Nêumanne Pinto in Solos do Silêncio)

Direitos Humanos

A considerada Martha Angelucci, de Porto Alegre, envia matéria da Folha Online, na qual se lê o seguinte texto, devidamente sufocado sob o título Relatório da HRW diz que injeção letal pode causar dor:

A injeção letal com a qual se executa muitos condenados à morte nos Estados Unidos pode causar forte dor no momento de agonia, apesar do que afirmam seus defensores, segundo um estudo publicado nesta segunda-feira pela HRW (Human Rights Watch), uma organização de defesa dos direitos humanos (…)

(Leia no Blogstraquis a íntegra da matéria.)

Martha considera tal preocupação um absurdo sem tamanho:

Então um assassino cruel, que estuprou e matou com requintes de perversidade, não pode sofrer nenhuma dorzinha na hora de pagar por seus crimes… A que ponto chegamos, meu Deus!

Janistraquis lembra que os chineses, também muito apreensivos com o sofrimento dos condenados, matam os infelizes com um tiro de fuzil na nuca. A morte é rapidíssima, a família paga a bala utilizada na execução e as autoridades ainda vendem os órgãos para os mais variados transplantes.

Programão

O considerado Valdemir dos Santos Júnior, de São Paulo, descobriu um espetacular programa para quem não consegue dormir com um barulho desses e não está a fim de curtir a palavra do Senhor Jesus nas transmissões religiosas da TV:

Vejam só que maravilha saiu na Folha de S. Paulo, na seção O que ver na TV do caderno de esportes:

4h30 – Rio Preto x Oeste

Paulista da Série A-2 – futebol

ESPN Brasil – VT

Eles vão passar um VT da segundona do campeonato paulista às 4h30 da madrugada!!! Isso é que é gostar de futebol…

Janistraquis acha, ó Valdemir, que pra encarar esse VT o elemento não precisa gostar de futebol; basta estar mergulhado na mais profunda depressão e à beira de se atirar pela janela…

Puxão na orelha

O considerado porém impiedoso Gilberto Gonçalves, diretor da Comunicativa ACJ, de Campinas, enviou esta mensagem à coluna:

A listagem completa com todos os jornalistas…

Taí, considerado…A estagiária do C-se abriu sua matéria sobre a lista dos associados do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Paulo, exatamente assim; e a considerada colega Miriam Abreu, supervisora da estagiária, deixou passar batido…

É, mas tem mais ainda:

Para comemorar os quatro anos de fundação da entidade, comemorados no dia 16/04, a Associação Brasileira das Agências de Comunicação (Abracom) irá realizar um evento de confraternização aberto…

Esta também está no C-se assinada Da Redação.

O colega que anda aí por perto do pessoal podia dar um puxão de orelha de veiz ein quando…

Janistraquis repete o saudoso Vicente Matheus, ó Gilberto: quem está na chuva é pra se queimar. E os tropeções que damos por aqui, sem exclusão desta coluna, é claro, servem para nos lembrar que Deus escreve certo por linhas tortas, santo de casa não faz milagres, mais vale um pássaro na mão do que dois voando, Deus ajuda quem cedo madruga, nem tudo que reluz é ouro e vai por aí afora…

Democracia…

O considerado Linneu Correia de Araújo, de Salvador, Bahia, envia ligeiro desabafo à coluna:

Tenho a impressão de que não é justo um governador (no caso, Alckmin) ser obrigado a deixar o cargo meses antes da eleição, enquanto o presidente Lula continua e continuará valendo-se de sua privilegiada posição e ainda malversa recursos públicos em favor da candidatura à reeleição. Para mim, que sou apenas um funcionário público aposentado, isso não é procedimento democrático.

Janistraquis também acha, Linneu; mas acontece que a nossa é uma democracia de m…

Ignorância braba

Lula é o maior líder de massas que o País já teve, mas não tem o menor escrúpulo em mentir.

(Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda do governo Sarney e consultor em economia, citado na coluna de Claudio Humberto.)

Segundo Janistraquis, nosso conterrâneo Maílson é um brilhante economista mas isso não lhe dá o direito de ignorar a História Política do Brasil:

‘Considerado, Lula é o maior líder de massas ‘pras nêgas dele’, como se dizia antes da Lei Afonso Arinos; liderança maior, muito maior, desmesuradamente maior tiveram JK, Jânio Quadros e, como é óbvio, manifesto, claro, patente, evidente e incontestável, Getúlio Vargas. O resto é apenas ignorância e nada mais.’

Meu secretário tem razão. Da frase de Maílson aproveita-se somente o que está depois da vírgula.

Subida honra

O grande escritor Deonísio da Silva, professor de todos nós, postou no Canal do Leitor do Observatório da Imprensa um comentário a respeito desta coluna. Janistraquis, que está longe de ser bobo, ao contrário de Maílson, copiou o texto que honra o nosso humilde porém insistente trabalho em defesa da língua portuguesa. Confira no Blogstraquis.

Lições do mestre

Leiam a excelente entrevista de Marcos de Castro no site da ABI!!!

Sylvio de Abreu

A coluna enaltece o rei das novelas, Sylvio de Abreu, que ajuda a desasnar o país nas cenas de Belíssima. Ali, a ex-falecida Bia Falcão declarou guerra contra o gerundismo das secretárias, ninguém diz ‘se deparou’ ou ‘deparei-me’ e as pessoas correm risco de vida e não risco de morte, como inventaram os cretinos de plantão.

Janistraquis cumprimenta Sylvio e profetiza:

‘Considerado, as novelas bem escritas vão ocupar o lugar que a imprensa deixa vazio…’.

Bons tempos

Ao remexer velhos arquivos capazes de ilustrar o romance que ora escreve, o colunista encontrou amarelecida lauda do Jornal do Brasil, com esta anotação datada de setembro de 1965:

Luís Paulo escutou no rádio entrevista com o jogador Átis, do Flamengo, o qual, ao responder pergunta do repórter, saiu-se com esta: oxalá o fôra…

O Luís Paulo referido é Luís Paulo Horta, querido amigo e companheiro do Departamento de Pesquisa do JB, que certa vez abrigou em seu apartamento da Praia de Botafogo o jovem ruivo e boêmio expulso de casa pela mulher.

Alegres e saudosos tempos em que ouvíamos na vitrola o Concerto Duplo de Brahms, ‘a música mais bonita do mundo’, na abalizada opinião de Luís Paulo, que se virava bem no piano e nunca mais respondeu às mensagens deste hoje exilado colunista.

Aos jovens

O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal no Planalto, de cujo terraço é possível enxergar os gastos do governo a crescer 14% neste ano eleitoral, pois estava nosso Roldão a ler o Correio Braziliense quando deparou com o caderno Super, no qual se lia, sob o título Vale a pena conhecer:

Alice no País das Maravilhas – ‘É um clássico da literatura mundial, cuja primeira edição foi lançada em 1865 na Ingraterra’.

As Aventuras de Huckeberry Finn – ‘Conta a história de garotos que em aventuras pelo Rio Mississipe ….’

Roldão, que conhece mais a Inglaterra do que Niterói, onde nasceu, e quando menino acompanhou as aventuras dos garotos no Rio Mississipi, nas páginas d’As Aventuras de Huckleberry Finn, de Mark Twain, nosso Roldão desaprovou tantos descuidos cometidos por um caderno dirigido aos jovens.

Nota dez

O considerado Ricardo Setti, jornalista que sabe o que diz, escreveu em No mínimo no blog:

(…) O grupo de estudantes e outras pessoas supostamente ligadas a ‘movimentos sociais’ que ontem ocupou a sala da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, onde a questão estava sendo debatida por especialistas convidados, e depois tentou invadir o plenário da Casa precisa ser chamado pelo nome adequado, a despeito da patrulha politicamente correta: são baderneiros. Repetindo: ba-der-nei-ros.

Leia no Blogstraquis a íntegra do excelente e corajoso texto.

Errei, sim!

‘AMERICAGANHA – Lia-se no jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte: América ganha primeiro jogo graças a Marcinho. O torcedor Maurício Penna, de Ponte Nova (MG), indignou-se com o cacófato, porém Janistraquis comentou, divertido: ‘Considerado, o Penna só está revoltado com o Americaganha porque não assistiu àquele jogo do Brasil na tevê’. Verdade. Basqueteava-se, quando o comentarista despejou: ‘É, telespectadores… assim não é possível. O Brasil fica parado vendo Cuba lançar!’ (março de 1994)’



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Clique nos links abaixo para acessar os textos do final de semana selecionados para a seção Entre Aspas.

Folha de S. Paulo – 1

Folha de S. Paulo – 2

O Estado de S. Paulo – 1

O Estado de S. Paulo – 2

Jornal Já

Terra Magazine

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