DIRET?RIO ACAD?MICO
PROVÃO
Victor Gentilli
Se existe um assunto que qualquer liderança estudantil de curso de Jornalismo conhece na ponta da língua, este assunto se chama "curva de Gauss". Trata-se de um complexo estudo estatístico que foi usado para classificar os cursos submetidos ao provão nos últimos cinco anos. Os estudantes, forçoso reconhecer, tinham e têm muitos outros argumentos para criticar o provão. Mas eles se debruçaram sobre a "curva de Gauss", estudaram com afinco a questão e a usavam como forte argumento em todos os debates. Até os reitores de universidades com desempenho ruim se apropriaram do arrazoado estudantil para criticar o exame.
Com o anúncio dos novos critérios para a classificação dos cursos no provão, a "curva de Gauss" deixa de existir e os estudantes perdem um (apenas um) forte argumento em sua batalha pelo boicote ao Exame Nacional de Cursos.
Até agora, independentemente da nota, da média e da relação que cada instituição tinha com a média, 12% dos melhores cursos obtinham conceito A e os 18% seguintes, conceito B. Os demais 40% vinham com C, e assim sucessivamente, com os 18% abaixo da média com D e os últimos 12%, com E.
Era, de fato, incompreensível para muitos que uma escola que obtivesse média às vezes inferior a 5 no ranking do provão fosse um curso nota A.
O ranqueamento continua. Mas no provão que os alunos vão fazer em junho deste ano ninguém sabe de antemão ? como antes ? quantas escolas sairão com A, quantas com B e assim por diante.
De um modo geral, o noticiário dos jornais na terça-feira, 20 de março, puderam esclarecer bem esta questão. O ministro se reuniu com 18 alunos campeões no provão em cada curso. O campeão em Jornalismo preferiu o anonimato, e não apareceu para o evento com o ministro. Mas, entre as lideranças estudantis, segundo pude apurar, o boicote não é mais unanimidade. O fim da "curva de Gauss" levou alguns estudantes a repensarem sua posição. São lideranças de escolas importantes de São Paulo.
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