MONITOR DA IMPRENSA
FINANÇAS NA CNBC
Jim Cramer desistiu da administração de um fundo de previdência para tornar-se um astro da TV americana, contratado pela CNBC como comentarista do mercado econômico, conta Howard Kurtz (Washington Post, 29/3/01).
Para a CNBC, a volta do investidor pode dar um empurrão nos índices de audiência, que andam em baixa depois da fase de crescimento com o boom do mercado de ações, em 2000. Mas a volatilidade também atrai público, afirmou o vice-presidente da rede, Bruno Cohen, ao NYT. Segundo ele, a CNBC tem investido na cobertura econômica desde que o urso do mercado começou a rosnar [nos EUA, o touro representa as ações em alta, o urso, em baixa]. A volta de Cramer, que se disse satisfeito com o salário, parece ser parte do pacote. Além da participação no noticiário diário, ele apresentará o programa Business Center e voltará ao Squawk Box.
Em 1998 Cramer foi suspenso ao ser acusado de tentar derrubar, como negociante e comentarista, as ações da Wavo Corp.. No ano seguinte, pressionou o presidente da CNBC, Bill Boster, a investir no TheStreet.com, antes mesmo de o noticiário online sobre economia e finanças ir a público. Bolster se recusou, afirmando que o serviço seria um concorrente do site da própria emissora, e negou um programa a Cramer. Pouco depois, o canal Fox News anunciava no New York Times seu novo programa, TheStreet.com. Cramer negou qualquer envolvimento na decisão do TheStreet de ir para a Fox, mas mesmo assim foi despedido. No ano passado quase não apareceu na televisão, depois de uma briga judicial com a Fox News.
Depois de ser chamada de cheerleader (líder de torcida) da nova economia, a CNBC recebe críticas de economistas, analistas e emissoras concorrentes por sua cobertura excessivamente pessimista da economia americana, diz reportagem de Jim Rutemberg (New York Times, 26/3/01).
Na manhã de 22 de março, o índice Dow Jones caiu 9,378 pontos. Ao anunciar a queda, no programa Market watch, da CNBC, Ted David acrescentou: "Se você não gosta das notícias, nós compreendemos e estamos com você." A frase deixou claro como as coisas mudaram para a CNBC, muito criticada quando a Bolsa de Valores estava em ascensão, por ser seu alto-falante.
Economistas, jornalistas e telespectadores reclamam agora de que a cobertura econômica da emissora tem sido tão dramática e pessimista que estaria influenciando um exagerado sentimento de desesperança e até a própria volatilidade do mercado.
Novos especialistas foram contratados e mais acadêmicos e economistas são convidados para os programas, todos para informar ao público do possível futuro da economia e dizer o que devem fazer com seu dinheiro. A audiência, menor que a do ano passado, pode ser uma evidência de que as pessoas agora assistem à CNBC não para acompanhar minuto-a-minuto o sobe-e-desce das ações, e sim pelas previsões antecipadas e análises posteriores ao acontecimentos econômicos.
Um estudo recente da empresa de consultoria G7 Group concluiu que os pessimistas em relação à economia atual se baseiam em três razões principais: a queda das ações, as previsões também pessimistas de funcionários próximos ao presidente Bush e a cobertura negativa da mídia. Reportagens sobre o mercado podem acentuar a volatilidade, ao incentivar as pessoas a vender desnecessariamente, disse o professor de Finanças Kent Womack.
O chefe Bill Bolster alega que a emissora está simplesmente dando mais informações, antes eram privilégio de poucos. Mas é difícil quantificar o impacto da mídia nos movimentos do mercado, diz Rutemberg.
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