Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Luiz Orlando Carneiro

A VOZ DOS OUVIDORES


JORNAL DO BRASIL

"Deu no JB", copyright Jornal do Brasil, 31/3/01

"Críticas constantes de leitores a editoriais publicados pelo JB e freqüentes reações a reportagens consideradas tendenciosas ou imprecisas constituem a maior parte da correspondência por nós recebida. Na seção de hoje, uma seleção de críticas e reparos, que vão desde ?o afã? do JB de ser ?paladino dos ricos e opressores? até a impossibilidade (?) de uma coisa ser três vezes menor que outra.

Juros

Será que o JB não desconfia (editorial ?Pegadas do Futuro”, de 25/3) de que em lugar da inadimplência levar aos juros altos, pode ser que sejam os juros escorchantes que estão levando ao aumento da inadimplência? Esse jornal se arrisca ao ridículo, quando chama de ?chicana jurídica?o recurso à Justiça das vítimas dessa ?extorsão sistêmica?formada pela confluência dos baixos salários e os maiores juros do planeta, dentro da pior distribuição de renda do mundo. Onde já se viu juros de 300% com inflação quase zero! ?Chicanão?é o fato da disposição constitucional que limita os juros em 12% não vigorar até hoje. No seu afã de paladino dos ?ricos e opressores?o JB consegue ser mais atroz do que o próprio presidente da Febraban, que pelo menos reconhece que o que liquidou com o BNH foi que ?acossados pela correção monetária e por desajustes na forma como se indexavam salários… devedores correram para os tribunais questionando dívidas.?E essa coisa de querer jogar uma pecha moral sobre os inadimplentes, taxando-os (sic) de ?maus pagadores?é de um arcaísmo tão grande que deixa o rabo reacionário de fora. Rogerio Antonio Lagoeiro de Magalhães _ Niterói.

JB ? No editorial criticado, está dito: ?A inadimplência decorrente das pegadas que o passado deixou no futuro é responsável pelo baixo percentual do crédito no Brasil, quando se compara a relação crédito/PIB, aqui e em outros países.?Não se discutiu a questão do ovo e da galinha, ou seja, se a inadimplência é que leva aos juros altos, ou o contrário. Até porque, como dizia um professor de Economia Política, há duas leis irrevogáveis: a da gravidade e a da oferta e procura. A Constituição vigente fixou em um máximo de 12% ao ano as taxas de juros reais, da mesma forma que poderia limitar em 40 graus a temperatura máxima em território nacional. Nem o Supremo Tribunal Federal levou a sério o parágrafo 3? do artigo 192, pois, em Direito, existe o princípio da razoabilidade.

Questionário

Informo que no dia 21/3 o jornalista João Pinheiro, repórter desse importante veículo de mídia impressa (…), entrou em contato com o Centro de Comunicação Social do Exército com o objetivo de obter esclarecimentos a respeito de denúncias sobre a manutenção de armas em poder de colecionadores. O citado jornalista foi orientado a encaminhar suas perguntas por escrito, o que foi feito no mesmo dia. Ao ler o documento encaminhado a este Centro, que remeto à consideração do JB, constatei que o citado jornalista, na introdução de seu questionário, faz alusões ao ?esquentamento de armas irregulares”, dando a entender que o Exército Brasileiro edita portarias ?concebidas com o único intuito de manter armas de forma irregular em acervos de colecionadores,?No mesmo tom ofensivo, o jornalista pergunta: ?Quem são os responsáveis pela publicação de portarias que `esquentaram’ tais armas??E ainda: ?Que punições serão dadas aos responsáveis pelas portarias que proporcionaram o `esquentamento’ de armas??Ao estranhar que o Sr. João Pinheiro, a pretexto de elaborar matéria jornalística de interesse público, use as páginas desse prestigiado órgão de imprensa para tentar macular a imagem da Força Terrestre, incumbiu-me o Sr. Comandante do Exército de manifestar, com veemência, o desagrado da Instituição por tão injuriosas imputações. O JB é testemunha da lisura e da presteza com que este Centro responde às indagações da imprensa, em especial desse importante jornal. Em razão disso, cabe salientar que perguntas construídas sobre alegações falsas, como foi o caso, não serão respondidas. General-de-Brigada Luiz Cesário da Silveira Filho, chefe do Centro de Comunicação Social do Exército _ Brasília.

Fibrose cística

A respeito da reportagem ?Mutações brasileiras da fibrose cística”, de 26/3, a Associação Gaúcha de Assistência à Mucoviscidose (fibrose cística), vem pelo presente se manifestar e corrigir algumas coisas. Para exemplo de outros estados do Brasil, existe no Estado do Rio Grande do Sul o Centro de Tratamento da Fibrose Cística, referência da América Latina (Hospital de Clínicas de Porto Alegre), onde são atendidos crianças, adolescentes e adultos. Pois aqui também existe o Centro de Atendimento de adolescentes e adultos recebendo pacientes de outros estados. Como foi dito na reportagem, no Brasil os pacientes não chegam a nove anos de idade. Exemplo temos no Rio Grande do Sul de que médicos especializados, um tratamento de qualidade e uma associação atuante levam seus pacientes fibrocísticos a chegarem à idade adulta e alguns deles até formados na universidade e trabalhando para se sustentarem. A fibrose cística é grave e sem cura, tratamento oneroso e muitas dificuldades para seus portadores, mas nada como uma união de forças para dar a estes seres humanos uma vida digna e uma chance de viver muitos e muitos anos. Somos o estado que mais tem apoio da Secretaria estadual de Saúde, onde nossas carências com medicamentos está sendo suprida em mais de 80%, e muitos dos remédios importados e caros. Alertar para os sintomas da fibrose cística é missão de todos. Elaine de Souza Almeida, presidente da Associação Gaúcha de Assistência à Mucoviscidose (AGAM) _ Porto Alegre (RS).

Três vezes menor

Mais uma contribuição para a ++Mea-culpa, do professor Sérgio Nogueira Duarte. Informe (?) JB de 27/3, sob o título ++Algo de bom: ?… a prospecção em terra, na mesma área, era três vezes menor.”(?). Como um jornal de grande circulação dito de ?elite?e ?intelectualizado?pode cometer esse tipo de erro com tanta freqüência? Não é possível uma coisa ser três vezes menor que outra! A senhora jornalista deve ter tido a intenção de informar que era 1/3 menor. Poupem-nos de ao tentar corrigir um filho, ter que escutar: ?está certo sim pai, deu no JB.? Aurélio Pires Cirne _ Rio de Janeiro.

JB ? De acordo com dois professores de Matemática consultados, a afirmação do leitor pode até ter certo fundamento, mas trata-se de um preciosismo. É aceitável dizer-se que uma coisa é duas ou três vezes menor do que outra, em antinomia a três ou quatro vezes maior."

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