JB 110 ANOS
Alberto Dines
Na base de transparência e franqueza, jogando às claras ? como se espera de qualquer veículo jornalístico ? o Jornal do Brasil conseguiu reverter uma atmosfera de ceticismo que rodeava a mudança acionária na empresa e a assunção do novo diretor de redação.
O providencial aniversário serviu para mostrar à sociedade brasileira um jornalão de 110 anos ? cuja história se confunde com a história do moderno jornalismo brasileiro ? assumindo suas dificuldades e revelando a estratégia para superá-las.
Ostentar um passado glorioso não é prova de competência. Usá-lo com dignidade, e amarrar crises passadas com o vigor para enfrentar os problemas atuais, é bom sinal.
Há uma relação de afeto do público com o JB e que não se repete em jornais até mais antigos ou mais poderosos. Esta relação deteriorou-se progressivamente afetando a resposta do leitor às sucessivas alterações e mudanças de rumo do matutino fundado por Rodolfo Dantas.
Ao desvendar fragilidade e aflições, paradoxalmente o JB recobra a confiabilidade. O leitor quer do seu jornal franqueza e lisura. A começar pelo tratamento que dá aos próprios negócios da empresa. Número de páginas, quantidade de informações e atrações vêm em seguida. O que importa na relação entre criaturas ? ou entre estas e as instituições ? é o peito aberto.
Esta é a mágica do jornalismo: o JB começou uma auspiciosa etapa da sua vida simplesmente porque foi capaz de admitir que errou.
Leia também
Editorial do Observatório na TV (n? 145, no ar em 3/4/01)
Veja também
Imprensa em Questão ? próximo texto
Imprensa em Questão ? texto anterior