DIRET?RIO ACAD?MICO
GRADE CURRICULAR
Ruben Dargã Holdorf (*)
Discutindo ainda a grade curricular, não adianta um currículo que proclame a democracia se, na prática, as relações entre a faculdade e os acadêmicos não são nem um pouco transparentes. O preconceito de sexo, que contribui para o papel subalterno feminino, difunde a obrigação da mulher em se submeter às profissões de baixo prestígio social. Pelo menos no curso de Comunicação Social, a cada ano, as mulheres conquistam espaço cada vez maior, apesar das diferenças salariais para o exercício de funções análogas.
Deve-se considerar e ter em mente que um currículo mal-estruturado influenciará profundamente a formação de cada indivíduo. Portanto, faz-se mister a elaboração de projetos equilibrados. A influência curricular não se dará apenas no aspecto profissional, mas também na vida pessoal, num todo. Sob esse parâmetro, o currículo deve atender todas as necessidades do estudante, buscando operar ao máximo sua eficiência.
Não se pode omitir a importância de se analisar e verificar o que é mais importante no ensino, enquanto conjunto, e que impacto terá não somente sobre os alunos, mas também sobre os professores e o próprio curso. Torna-se absurda a tendência de se determinar qual conhecimento tem mais valor. Com a carga horária estourada e várias disciplinas sob sua responsabilidade, os professores acabam abandonando o estudo, a pesquisa e a orientação dos acadêmicos. Mas o prejuízo intelectual não se restringe apenas aos professores. Por se limitarem unicamente a provas e trabalhos, os alunos desvirtuam sua formação acadêmica apelando para subterfúgios, como cópias de livros e artigos (plágios) ou encomendando a terceiros suas obrigações curriculares.
Reforma complexa
Tais procedimentos e atitudes imaturas são resultados da desinformação, colaborando para a alienação dos estudantes da realidade que os aguarda fora dos muros universitários. Esses jovens são facilmente aprisionados pelos apelos da indústria cultural, do populismo, do autoritarismo, da dependência e da mediocridade. Se o aluno se dirigir à faculdade só com o objetivo de receber conteúdos, é desnecessário a existência de professores e instituições de ensino.
Persistindo as idéias retrógradas, aos estudantes resta o exercício de consultar os veículos de comunicação, como se isso fosse suficiente, mesmo não exercendo qualquer atividade prática sob orientação profissional e educacional. O aluno deve ficar inconformado com a inércia. Principalmente se for estudante de Jornalismo. Umas das máximas da imprensa diz que o comunicador não pode permanecer na espera das notícias, mas é ele que tem a obrigação de ir procurá-las.
A capacidade de não estar conformado com o mundo permite a interferência livre e criativa do homem, formando valores, organizando a vida, as relações de trabalho, as instituições, enfim, a comunidade que o cerca e da qual ele participa. Aqueles que se contentam com retoques, achando que o marketing das aparências pode solucionar problemas institucionais e educacionais, caminham celeremente em direção ao fracasso. Quem age dessa maneira engana-se, pois as feições exteriores não mudam a realidade e o viver de constantes festas não acrescenta qualidade a nenhum curso superior.
Reformar um currículo implica recriar o curso, a estrutura de graduação, a política correta na educação.
(*) Jornalista e professor universitário em São Paulo, mestrando em Educação do Unasp; e-mail: ruben@agenciapaulista.com
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