QUALIDADE NA TV
GUERRA DE AUDIÊNCIA
Audiência na 2? e no domingo é quase a mesma, copyright Folha de S. Paulo, 13/4/01
"Tanto faz aparecer na TV em horário nobre no domingo ou na segunda-feira: a audiência é praticamente a mesma. No último domingo, às 20h30, 74,4% dos televisores da Grande São Paulo estavam ligados, segundo o Ibope. Na segunda, no mesmo horário, o índice de aparelhos ligados era de 74,2%.
A medição na Grande São Paulo é feita em tempo real: o Ibope mantém aparelhos medidores em 660 domicílios, que enviam os dados por radiofrequência para antenas, de onde são retransmitidos para uma central de processamento.
Historicamente, a TV tem mais audiência na segunda-feira do que no domingo, por causa da novela das oito da Globo: quando a novela empolga, o número de televisores ligados chega a ultrapassar 80%. Devido à novela, a audiência da televisão tende a aumentar na segunda-feira após as 20h30."
Jornalismo, a nova ?arma? das TVs no domingo, copyright Jornal da Tarde, 10/4/01
"Menos rebolado e mais informação. Desde 18 de fevereiro, quando o Domingo Legal de Gugu Liberato conquistou média de 29 pontos no Ibope com a cobertura da rebelião em 24 penitenciárias paulistas, as emissoras de televisão aberta vêm se mobilizando para investir mais em jornalismo em suas programações dominicais.
No SBT não é mais a banheira do Gugu o grande chamariz das tardes de domingo. Hoje, essa função cabe ao moderno helicóptero Robinson 44 Newscoopter, comprado no fim do ano passado, que permite a exibição de imagens áereas ao vivo.
?Em dias `normais’, cerca de 1/3 do Domingo Legal é ocupado por jornalismo?, conta Roberto Manzoni, diretor-geral da atração há 15 anos. ?Mas quando acontece uma rebelião ou uma enchente a cobertura passa a ser prioridade.?
Novo formato – A exemplo do bem-sucedido canal de Silvio Santos, a Record estreou no dia 1? a edição dominical do Cidade Alerta, programa popular de notícias levado ao ar, até então, apenas de segunda a sexta.
Com a exibição da atração aos domingos, a emissora conseguiu dobrar sua média de audiência – cerca de 5 pontos – no horário das 18 h: 10 pontos no dia da estréia e 8 anteontem.
Também em 1? de abril, Fausto Silva anunciou, na Globo, a incorporação ao Domingão do Faustão da ?maior e melhor equipe de jornalismo do Brasil?. Mas o repórter Brito Júnior, escalado para comandar os flashes de jornalistas espalhados pelo País, pouco apareceu no vídeo.
Na estréia do novo formato, menos de 20 minutos das três horas de duração do programa foram reservados às notícias.
Houve o corte de uma matéria no ar e o anúncio de reportagens que não foram exibidas, dando a impressão de que havia uma guerra por espaço entre a equipe de jornalismo e a de produção. Resultado: de novo, como vem acontecendo há mais de um ano, Faustão perdeu para Gugu.
Faustão perde uma hora – A média da diferença ficou em 13 pontos a favor do SBT. Mesmo assim, a Globo avaliou positivamente a edição e negou estar preocupada com a concorrência.
?O objetivo da entrada da equipe de jornalismo no Domingão é apenas dar maior unidade à grade, já que logo em seguida exibimos o Fantástico, um programa jornalístico?, afirma o diretor da Central Globo de Comunicação, Luís Erlanger.
No último domingo, em virtude da exibição de um filme, o Domingão teve uma hora a menos de duração – sinal de seu desprestígio na emissora – e atingiu média de 22 pontos no Ibope. Sete a menos do que Gugu.
Esta não é a primeira vez que Fausto Silva se sai mal ao tentar apropriar-se de armas semelhantes às de seu principal concorrente.
Em 1997, quando a banheira do Gugu elevava a audiência do SBT, o Domingão levou ao ar o quadro ?sushi erótico?, em que galãs globais comiam delícias da culinária japonesa servidas sobre o corpo de mulheres, como se elas fossem bandejas.
O mau gosto da cena provocou uma série de críticas à Globo e o apresentador acabou por desculpar-se com o público.
Com o incremento do jornalismo, atrações de apelo erótico como essa tendem a perder espaço nos programas de variedades, o que colabora para que os estudiosos da área de comunicação estejam simpáticos às mudanças. Mas este não é o único motivo.
?É ótimo que as emissoras estejam se conscientizando de que as classes sociais mais baixas merecem receber informação adaptada a seu nível de escolaridade?, opina o professor de Ética Jornalística Carlos Alberto Di Franco, articulista de O Estado de S. Paulo. O Cidade Alerta da Record, por exemplo, tem 75% de sua audiência formada por telespectadores dos segmentos C, D e E.
Tom emocional – ?É preciso que se faça realmente jornalismo popular, como vem acontecendo na imprensa escrita desde 1994?, diz Di Franco. ?É bem diferente de ser sensacionalista. A imprensa popular é a que presta serviços e faz uso de uma linguagem simples e objetiva; não a que explora a miséria humana.?
O crítico de TV Gabriel Priolli, diretor da TV PUC, completa: ?Também vejo essa iniciativa de maneira positiva, desde que haja o cuidado de não deturpar a informação. Num show de entretenimento é natural que as notícias sejam tratadas num tom emocional, mas isso não implica necessariamente em sensacionalismo ?.
Emoção é o que não falta no estilo de apresentação de Gugu, Faustão e José Luiz Datena, o âncora do Cidade Alerta. Os três costumam anunciar as reportagens de maneira exaltada, envolvendo-se com a notícia.
Outra semelhança entre as atrações que apresentam é o uso de helicópteros.
Foi a partir da compra de máquinas modernas, que permitem a transmissão de imagens ao vivo, que o jornalismo passou a ganhar mais espaço nos programas de variedades.
Em março de 1996, quando os integrantes dos Mamonas Assassinas morreram em um acidente de avião na Serra da Cantareira, em São Paulo, Gugu Liberato fez sua primeira tentativa de centralizar a pauta do programa em um fato do dia.
Conseguiu o maior Ibope de sua história, 47 pontos de pico, e decidiu incorporar à sua equipe um pequeno núcleo de jornalismo que só tende a crescer. Nascia aí o jornalismo espetáculo."
Qualidade na TV ? próximo texto
Qualidade na TV ? texto anterior