Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Foco na questão étnica

Imprima esta p?gina    

MONITOR DA IMPRENSA

PULITZER 2001

No ano em que o censo revelou o crescimento da diversidade na sociedade americana, três prêmios Pulitzer de jornalismo prestigiaram artigos que denunciam o traumático legado da imigração nos Estados Unidos, e a mistura étnica em constante mudança no país. O New York Times ganhou o prêmio de melhor reportagem nacional pela série "Como se vive a raça nos EUA", explorando a experiência racial em diversos contextos, de bases militares a igrejas.

O Oregonian, de Portland, ganhou o prêmio de serviço público pela investigação de abusos no Serviço de Imigração e Naturalização. O Miami Herald recebeu o prêmio de furo de reportagem pela cobertura da incursão federal que, de madrugada, retirou o menino cubano Elián González da casa de sua família em Miami, devolvendo-o aos pais. De acordo com Felicity Barringer [The New York Times, 17/4/01], Alan Diaz, fotógrafo da Associated Press, foi indicado pela comissão do prêmio Pulitzer para concorrer com a foto de um agente federal armado arrancando Elián da casa em Miami.

Os prêmios Pulitzer, organizados pela Universidade de Columbia, também enfocaram a questão racial num prêmio do setor artístico. David Levering Lewis ganhou seu segundo prêmio no quesito biografia, por W. E. B. Du Bois: A luta por igualdade e o século smericano, 1919-1963.

Outros prêmios Pulitzer de jornalismo:

Reportagem explicativa: The Chicago Tribune, pela série sobre o caos no sistema de tráfego aéreo dos EUA.

Reportagem investigativa: David Willman, do Los Angeles Times, pelas revelações da aprovação pelo governo de sete medicamentos que na verdade não eram seguros, e por sua análise acerca da mudança de política na Food and Drug Administration.

Reportagem de impacto: David Cay Johnston, do New York Times, pela cobertura do serviço de arrecadação do imposto de renda americano.

Reportagem internacional: Ian Johnson, do Wall Street Journal, pela cobertura do embate entre o governo chinês e a seita Falun Gong; Paul Salopek, do Chicago Tribune, pelas reportagens sobre pragas de doenças e violência na África.

Coluna: Tom Hallman Jr., do Oregonian, por traçar o perfil de um garoto que preferiu se arriscar numa cirurgia a continuar vivendo com um rosto desfigurado.

Comentarista: Dorothy Rabinowitz, do Wall Street Journal, pelos artigos sobre a discriminação contra pessoas falsamente acusadas de abuso sexual infantil.

Editorial: David R. Moats, do Rutland Herald, de Vermont, por defender a ampliação da lei à união entre pessoas do mesmo sexo.

Senso crítico: Gail Caldwell, crítica literária do Boston Globe.

Fotografia: Matt Rainey, do Star-Ledger, em Newark, por suas imagens de dois estudantes em chamas num incêndio na Universidade de Seton Hall.

INFORMAÇÃO EM MASSA

Ao que tudo ? ou melhor, o desenvolvimento tecnológico ? indica, em futuro próximo leitores poderão filtrar as informações que recebem. Um software permitirá que cada um selecione o que deseja ler e receber. Embora isso pareça coerente e agradável àqueles que se cansam do bombardeio de informações via internet, para o professor americano Cass R. Sunstein, da Universidade de Direito de Chicago, a novidade pode ser também perigosa, informa Carl Kaplan [New York Times, 13/4/01].

Segundo o professor, o "Daily Me" (definição do MIT, Massachusetts Institute of Technology para o futuro pacote) já existe em sites que enviam newsletters de acordo com escolha prévia de tópicos feita pelos cadastrados, ou ainda em TVs que permitem ao telespectador gravar programação personalizada.

Para os defensores do sistema, o "Daily Me" aumenta a liberdade individual e evita o desperdício de tempo. Para Sustein, ele prejudica ao estreitar as fontes de informação e opinião que chegam ao leitor, que pode ter seus pontos de vista limitados. Os efeitos democráticos da convivência com pessoas e leituras diversas corre os risco da subjugação por consumidores passivos que vivem em casulos fechados por suas informações filtradas, disse o professor. A cidadania fica condenada à polarização e à fragmentação, e o radicalismo conseqüente pode trazer o efeito oposto do esperado.

Sustein diz ainda que espera encontrar um site que reúna diferentes pontos de vista sobre diversos assuntos, e encoraja os demais a oferecerem links para outros que apresentem opiniões contrárias às suas. Depois de receber uma crítica via e-mail que apontava que seu próprio site acadêmico não continha links para o trabalho de pensadores que divergem de suas teorias, o professor disse que em algumas semanas providenciará o acesso.

Volta ao índice

Monitor da Imprensa ? próximo texto

Mande-nos seu comentário