Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O som da morte

MONITOR DA IMPRENSA


ESCUTA MACABRA
O som da morte

Na quarta-feira, dia 2, os americanos puderam ouvir nas rádios públicas todos os sons e as vozes gravados durante a execução de presidiários condenados à morte no estado da Geórgia entre 1983 e 1998 por funcionários da penitenciária. As gravações chegaram às mãos do produtor de rádio David Isay por intermédio do advogado Mike Mears. Segundo Sara Rimer [The New York Times, 2/4/01], nas fitas estão narrados (pelos próprios funcionários) todos os detalhes do processo, incluindo as palavras finais dos presos e o agradecimento do chefe à equipe pelo "excelente trabalho".

As gravações foram transmitidas nas estações WNYC AM e FM e na rádio pública de Nova Iorque, e serão passadas a outras rádios. Mears teve acesso às fitas num processo em que contestou o uso da cadeira elétrica na Geórgia, em 1993. Partes delas foram transmitidas há alguns meses no canal Fox News, de Atlanta, cpital do esdtado.

Há mais de uma década a mídia americana luta pelo direito de transmitir as execuções, mas os tribunais sempre decidem em favor dos diretores das penitenciárias, que argumentam que o trabalho requer privacidade e anonimato. "Execuções são atos de governo que têm sido completamente escondidos do público", disse Isay, que obteve parte de 19 das 23 execuções gravadas. "Quero deixar esse processo mais claro para que as pessoas possam entender o que uma execução realmente é", disse. "Não é para ser algo a favor ou contra a pena de morte."

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O destino das anotações

Hoje em dia, a maioria dos repórteres passa mais tempo digitando do que de lápis na mão, e suas anotações encontram moradia nos computadores. Mas, para a lei, tecnologia não significa nada, e os rascunhos de um jornalista são suscetíveis a intimações legais, não importa se estão em laptops ou guardanapos. Mas o que é melhor para um repórter, destruir ou guardar suas anotações?

Segundo a Editor & Publisher [2/4/01], as opiniões dos advogados da mídia são divergentes. Victor Kovner, representante de New York Daily News, The Village Voice e outras publicações, recomenda aos clientes que guardem as notas. "Elas dão mais credibilidade ao repórter, são definitivamente persuasivas e úteis", diz Kovner. Além disso, acrescenta, como muitos têm o hábito de guardar, jogar fora pode parecer suspeito.

Já para Hal Fuson, advogado da Copley Press Inc., da Califórnia, notas antigas são apenas "fonte de problemas". Fuson recomenda que os repórteres estabeleçam a prática de se livrar das anotações periodicamente. Desta forma, diz, nenhum juiz poderá acusar o jornalista de destruir secretamente algo que quer esconder, pois "poderá declarar que simplesmente seguiu um costume". Um problema com os rascunhos, acrescenta Fuson, é que são muito difíceis de se compreender, mesmo poucos dias depois de escritos, e por isso podem acabar confundindo qualquer um que tente interpretá-los.

Embora acredite que advogados não devam dizer aos repórteres o que fazer, Jane Kirtley concorda que anotações antigas possam trazer problemas. "Os momentos em que são úteis não são tantos quanto aqueles em que podem ser prejudiciais", disse a professora de Ética na Mídia da Universidade de Minnesota e ex-diretora do Comitê de Repórteres para Liberdade de Imprensa.

Num aspecto, todos concordam: não importa o que você faça, mas faça sempre a mesma coisa. "Não é necessário se preocupar com as anotações", disse David Bralow, do conselho da Tribune Co., em Chicago. "Deve-se manter uma mesma política e ser persistente."

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