INTERESSE P?BLICO
LIBERDADE DE IMPRENSA
O direito e o dever
Roberto Guedes (*)
No Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, a Associação Norte-riograndense de Imprensa (ANI) vem registrar a falta do que comemorar, saudar os profissionais dos meios de comunicações e contribuir para a ampliação das reflexões que se impõem a respeito.
Diariamente os meios de comunicação registram episódios em que a liberdade de imprensa é agredida por quem detém, legal ou ilegalmente, o poder.
Lamentavelmente, os meios de comunicação e a sociedade ainda não conseguiram desenvolver mecanismos que enviem para o arquivo morto a máxima de que em hora de crise quem primeiro paga é a verdade.
O fato de ainda não o termos conseguido, porém, não nos serve como biombo.
O Dia Mundial da Liberdade de Imprensa alerta para a necessidade de fazermos de todos os dias do ano, em todos os anos da vida, uma luta ininterrupta pelo que almejamos ? o direito de informar e formar corretamente, sem quaisquer imposições, o direito-dever de informar plena e corretamente.
(*) Presidente da Comissão de Revitalização da Associação Norte-riograndense de Imprensa (ANI)
Liberdade para quê?
Angelo de Souza
No Dia da Liberdade de Imprensa, cumprimento a todos os que sejam capazes de se escandalizar com o uso que se faz dessa liberdade. É impressionante como um jornal como o Diário do Pará, de propriedade e uso do senador Jader Barbalho, pode tentar enganar o leitor com tamanha desfaçatez. Na ediço de 2/5, a cobertura das comemorações do Primeiro de Maio, promovidas pela CUT, omitiu ? ou melhor, mentiu ? sobre um fato. Os manifestantes teriam cancelado uma passeata com paradas em frente a prédios públicos, segundo uma liderança entrevistada e creditada, porque era feriado e os órgãos estariam fechados… "A organização avaliou e deliberou cancelar a passeata", disse o jornal.
Ora, no mesmo dia, outro jornal do estado ? O Liberal ? mostrou, com foto na metade inferior da capa, a manifestação em frente à sede da Sudam, e deu detalhes: a passeata, com cerca de mil pessoas, durou 15 minutos e visou exclusivamente a Sudam (claro, encenação para a imprensa convocada, sedenta de fatos no feriado), onde a aguardavam 20 policiais militares para evitar alguma invasão do prédio.
Sudam = Jader Barbalho. Está explicado? O Diário do Pará só arriscou a mentira porque a TV Liberal (afiliada da Rede Globo) e outras não registraram a passeata. A RBA (da Rede Bandeirantes), também de propriedade indireta do senador Jader, fica praticamente ao lado da sede da Sudam, e nenhuma equipe da emissora compareceu ao ato.
Liberdade de imprensa para isso? O que passa na cabeça de quem contou essa história da maneira como foi contada?
(*) Jornalista, em Belém (PA)
Interesse Público ? próximo texto