Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Em vez do caos dos apagões, que tal um mutirão puxado pela mídia?

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VERDADES NO ESCURO ? IV

A.D.

Imagine-se um tremor de terra que derruba uma barragem ou um acidente que avaria uma hidrelétrica. Como enfrentar a emergência? Convocando imediatamente a sociedade para diminuir o consumo de energia até que barragem ou a usina sejam reparadas.

Quando o governo de São Paulo, preocupado com os altos índices de poluição ambiental, lançou a cruzada do rodízio de automóveis, a mídia fez cara feia e as rádios paulistas fizeram campanha contra. Apesar disso, o rodízio teve um índice de aprovação de 90%. O sucesso foi tão grande que o então prefeito Celso Pitta lançou o seu rodízio municipal. Mantido até hoje, imitado no Brasil e no exterior.

Ironia: o governo popular de Marta Suplicy, premido pelas dificuldades de caixa, quer instituir uma taxa que permitirá a livre circulação de carros no centro de São Paulo. Com a módica quantia de 30 reais liquida-se uma bela experiência de participação coletiva.

Significa que o Brasil não está maduro para este exercício de cidadania ou são os governantes incapazes de reconhecer a capacidade gregária dos governados?

Se depender deste Observador, não ao apagão.

A alternativa está nas mãos da própria mídia: usar o seu formidável poder de arregimentação para convencer cada cidadão a cortar o seu próprio consumo. Sem multas ou prêmios. Com metas individuais.

A solução para uma crise não deve sugerir o caos mas apoiar-se nas possibilidades da ordem. Este é um desafio para uma imprensa que ainda não teve a oportunidade de exibir plenamente sua capacidade mobilizadora. Aqui não se trata de levar o povo às ruas, mas de integrar cada casa numa grande rede de participação.

Se este é o Ano do Voluntariado, a crise energética oferece à mídia a magnífica oportunidade para exercitar o seu espírito público.

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