Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Antônio Lemos Augusto


E A GEOGRAFIA?

"A imprensa nas asas do colibri", copyright Boletim Impensa Ética, 14/05/01

"Colibri é o nome da empresa do jogo do bicho que domina o mercado de Mato Grosso. O proprietário da empresa, João Arcanjo Ribeiro, foi tema de uma das principais matérias da edição de domingo do jornal O Globo. Peço aos leitores que não leram a reportagem, principalmente de outros Estados, que acessem o endereço http://cf.bol.com.br/ofclip.htm?url=http://www.oglobo.com.br/Pais/13pa30.htm antes de seguirem este texto. São três matérias – uma principal e duas retrancas. Ainda pela manhã de domingo, não se encontrava mais exemplares d?O Globo em Cuiabá. A reportagem compara Arcanjo com Al Capone, aponta as acusações contra ele de envolvimento com crime organizado e lavagem de dinheiro e mostra como passou a dominar o Estado.

Matéria tão importante para Mato Grosso não mereceu uma linha de repercussão do maior jornal do Estado (A Gazeta www.gazetadigital.com.br). Já o jornal mais tradicional de Mato Grosso (Diário de Cuiabá www.diariodecuiaba.com.br) não circulou segunda-feira, porém as informações de redação apontavam que o caminho também seria a omissão. Jornalistas de outros Estados que lerem a reportagem talvez entendam o porquê do assunto não ser pauta desses jornais.

A matéria relaciona Arcanjo com o governador de Mato Grosso, Dante de Oliveira (PSDB). As explicações do Governo do Estado dadas para O Globo são pífias. Senhores jornalistas de outros Estados: venham a Mato Grosso e verão bancas do jogo do bicho por toda Cuiabá, nos locais de passagem obrigatória do secretário de Segurança Pública, do secretário de Justiça, do procurador Geral do Estado. Mas Estado e Procuradoria nunca se manifestaram sobre jogo do bicho ou cassinos em Cuiabá. Omissão estranha que é seguida pela imprensa.

Há um ano ou pouco mais uma jornalista de Cuiabá tentou levantar o tema. Foi à Delegacia de Costumes, que caberia investigar jogo do bicho e cassinos, e nada encontrou contra tais práticas. Foi à Procuradoria Geral de Justiça e ouviu que o assunto não era prioridade. Foi diretamente a promotores e confirmou que o Ministério Público tinha outros interesses. Com a matéria do Globo, que localizou um relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a imagem dessas instituições ficou feia.

Não vou nem comentar que a matéria de O Globo poderia ter sido feita pela imprensa de Mato Grosso. Vou apenas questionar o porquê do silêncio da imprensa sobre um assunto que esgotou as edições de O Globo no Estado. O local visitado pelo Globo fica na saída de Cuiabá para o Sul do país, em plena margem da BR-364, a poucos minutos do centro da capital.

Mas se o jogo do bicho, o cassino, a contravenção, o crime organizado denunciados pelo O Globo não são pautas em Mato Grosso, o mesmo não se pode dizer daqueles ladrões ?pés de chinelos? que continuam inundando as páginas de Polícia. Abre-se a Gazeta ou o Diário de Cuiabá e lá está o pessoal da periferia. Este pessoal é notícia. Já a repercussão de uma matéria nacional, não. Ponto para o único jornal que repercutiu o assunto em Mato Grosso: A Folha do Estado (www.folhadoestado.com.br).

A Secretaria de Estado de Comunicação de Mato Grosso argumentou para O Globo que o Estado tem outras prioridades na Segurança, que é o controle da violência na fronteira. Faltou com a verdade. O tráfico corre solto na região fronteiriça, bem como a passagem de veículos roubados. Mata-se na Grande Cuiabá em volume surpreendente para uma zona urbana com menos de 800 mil habitantes. Já perdemos a conta do número de coronéis que passaram pelo Comando Geral da PM nos últimos três anos.

A esperança é a última que morre. Quem sabe, na terça-feira, ao abrir os jornais A Gazeta e Diário de Cuiabá, o mato-grossense encontre por lá suítes da reportagem, novidades sobre o caso, investigação etc. Porque o comentário nas bancas de revistas na segunda, pela manhã, – eu fiz questão de passar em algumas – era que a imprensa daqui adora o vôo do colibri."

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"Esta imprensa que não sabe Geografia", copyright Boletim Impensa Ética, 14/05/01

"Os jornalistas do Sul e Sudeste precisam ter algumas aulas de Geografia. Como confundem Mato Grosso com Mato Grosso do Sul! Na semana passada, o presidente Fernando Henrique Cardoso esteve em Corumbá (MS). O jornal O Globo fez uma alteração no mapa nacional e jogou a cidade pantaneira para o lado de Mato Grosso já na identificação da matéria de José Augusto Gayoso. O que será que Gayoso e o editor dele pensariam se lessem uma reportagem colocando Campinas em Minas Gerais, Volta Redonda em São Paulo e Blumenau no Paraná? É a mesma coisa.

A Folha de São Paulo também fez feio na matéria ?Presidente comete gafes em discurso?. A gafe também estava no texto. Vejam, logo na primeira frase: ?A cerimônia de inauguração da ponte sobre o rio Paraguai, uma obra que ligará as cidades de Campo Grande a Corumbá (sic e grifo do Imprensa Ética), foi marcada ontem por uma série de gafes durante os discursos das principais autoridades presentes?. Parece, pela matéria, que apenas o rio Paraguai separa Campo Grande de Corumbá. Um rápido olhar no mapa mostra que há pelo menos 400 Km de chão entre as duas cidades. Da ponte até Corumbá percorre-se 70 Km.

No ano passado, o presidente Fernando Henrique Cardoso também foi a Corumbá. No mesmo dia, à tarde, veio a Cuiabá (MT). Foi um festival de erros da imprensa que se diz grande. Cuiabá mudou-se para Mato Grosso do Sul em mais de um veículo de comunicação. Também saiu em um recém criado (na cabeça do jornalista) Mato Grosso do Norte.

Lembro-me há dois anos. Acessei o serviço da Agência Folha. Vi uma matéria que colocava Porto Velho como sendo cidade do Acre. Alguns minutos depois, chegou a correção: ?Porto Velho (MT)? . A Folha conseguiu errar até na correção e Rondônia ficou sem sua capital.

É uma festa dos coleguinhas que pensam que o lado de cá é o fim do mundo e que, por isso, podem errar tão descaradamente. A revista IstoÉ, em 1997, fez uma matéria sobre fraude na cidade de Barra do Garças (MT). Segundo a revista, Barra do Garças é vizinha a Cuiabá. Só se o conceito de vizinhança da IstoÉ considera a distância de 500 km. Assim, Rio de Janeiro também fica nas vizinhanças de São Paulo.

Para finalizar, volto a 31 de janeiro de 1994, redação da TV Campo Grande, em Campo Grande (MS). Na ocasião, era chefe de reportagem. Toca o telefone… Do outro lado da linha, um nome famoso da produção do SBT/São Paulo perguntou-me a que horas eu mandaria as matérias da posse do novo governador Dante de Oliveira. Respondi que a TV Campo Grande não cobriria a posse de Dante. A produtora, indignada do outro lado da linha, irritou-se: ?Não posso acreditar que vocês não farão a cobertura da posse do governador?. A resposta foi direta: ?É que Dante foi eleito para governar Mato Grosso. Aqui, o novo governador é Wilson Martins?…"

MERCADO

"Globo define novo diretor do Diário Popular", copyright CidadeBiz, 18/05/01

"Saiu a fumaça branca no Diário Popular. Mantendo ao mesmo comando desde a compra no início do M~es passado, finalmente as Organizações Globo indicaram quem vai comandar a redação na nova gestão. O escolhido foi Osvaldo Perrin.

O novo diretor de redação ocupa a partir de segunda-feira a sala do quinto andar do prédio da Major Quedinho, no lugar de Joaquim Alessi. Ele vem do Rio, onde trabalhava na redação do jornal O Globo. Alessi, que ficou cerca de quatro meses no cargo, despediu-se na tarde desta sexta-feira de toda a redação e de várias outras áreas do jornal, abraçando carinhosamente seus ex-colegas.

Oficializada no último dia 6 de abril, a compra do Dipo até agora tinha deslocado dois executivos do Infoglobo para o jornal paulistano – Juan Ocerin (ex- diretor de Finanças e Planejamento) e o diretor-geral Luis Eduardo Vasconcelos. Ocerin foi designado diretor-geral do Dipo e Vasconcelos, presidente do Conselho Administrativo.

À época, o Infoglobo divulgou que não estava prevista ?qualquer alteração na equipe do Diário Popular?, mas que a nova administração tinha ?a intenção de realizar alterações no projeto gráfico da publicação e ainda avaliar a possibilidade de efetuar uma redistribuição no peso das matérias de algumas editorias?, além da mudança para uma nova sede. ?O Infoglobo veio para somar ?, afirmou Luis Eduardo Vasconcelos.

Na próxima segunda-feira, Vasconcelos e o diretor de jornalismo do Infoglobo, Merval Pereira, estarão em São Paulo para fazer o anúncio oficial à redação do novo diretor."

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"Jornal chama de volta Roberto Muller e negocia com Lílian Witte Fibe", copyright CidadeBiz (www.cidadebiz.com.br), 15/05/01

"A Gazeta Mercantil prepara sua volta à TV. O jornal está montando uma equipe de jornalistas de primeira linha, que a partir de junho ganha o reforço de Roberto Muller, ex-diretor de redação. Durante anos Muller foi a ?cara? do diário econômico na televisão, como apresentador do programa Crítica e Autocrítica.

O núcleo de TV do jornal está sendo comandado por Marcos Wilson, ex-diretor do canal CBS Telenotícias em Miami. Muller será diretor-geral da unidade de mídia eletrônica. A produção de material televisivo da Gazeta Mercantil deve estrear em julho na TV Gazeta de São Paulo.

Depois de ter fechado com o comentarista Carlos Alberto Sardenberg e com a repórter Simone Queiroz (saída da TV Record), um dos nomes que já sentou à mesa de negociações com a Gazeta Mercantil foi a jornalista Lillian Wite Fibe. O jornal a quer apresentando um programa de entrevistas no fim de noite. A negociação inclui os editores que trabalham com ela no portal Terra e que a acompanham desde o Jornal da Globo.

Atualmente, o Jornal da Lilian tem cinco edições diárias no Terra – apenas a primeira (às 10h30) sem a titular. Embora a Band também se interesse em contratar a jornalista, a forte ligação entre Roberto Muller e Lilian pode pesar na balança. Foi ele que a levou para a Gazeta Mercantil e que lhe deu a primeira chance na TV, apresentando indicadores econômicos."

"Zumzuns", copyright Coleguinhas , uni-vos (www.coleguinhas.jor.br), 21/05/01

"De repente, não mais que de repente, o mercado do Rio voltou a ser agitado por uma onda de boatos de negócios entre empresas de comunicação – e pela confirmação de um deles: a compra do Jornal dos Sports por um empresário brasiliense, ligado ao Jornal de Brasília.

Primeiro, o que já rolou. Lourenço Ponte Peixoto é vice-presidente do Jornal de Brasília, – que pertence a um grupo ligado ao governador do Distrito Federal, o ínclito Joaquim Roriz – e comprou o JS do armador (construtor de navio, maldoso/a…) Osmar Perez, que, por sua sua vez assumira o ?cor-de-rosa? em agosto de 99. Segundo Peixoto, o negócio teria sido a preço de banana: R$ 1 milhão (com mais R$ 800 mil sendo gastos em futuro próximo na compra de equipamentos para tornar o jornal totalmente colorido). Peixoto jura que a compra é um lance próprio, sem nada a ver com o JBrasília e/ou Roriz. Quem acredita nisso, por coincidência, crê também Papai Noel, Coelho da Páscoa e Mula Sem Cabeça…

O bizu da negociação acima já estava rolando há umas duas semanas. Já o que envolve a compra do Povo pela Folha de São Paulo é coisa da semana passada. Segundo anda sendo comentado tanto no Rio quanto em São Paulo, a Folha estaria a fim de dar um joelhaço no Extra ainda por conta da compra do Diário Popular pelo Império.

Se a intenção foi verdadeira, tenho pra mim que quem vai sentir a dor maior vai ser O Dia. É que, na atual situação, com um terceiro jornal disputando as classes C e D, os dois que já estão no jogo vão certamente perder leitores. Isso não é legal pro popular dos Marinho, claro, só que dá pra aturar, mas pode ser fatal para o jornal do Ary Carvalho, que só há relativamente pouco se estabilizou em um novo patamar, bem abaixo do antigo.

O grande problema deste raciocínio é que não sei bem o que a Folha teria a ganhar investindo numa parcela de público bem servida de opções num mercado menor como o carioca. O Império avançar sobre São Paulo, tudo bem: o mercado lá é enorme, estratégico, o Dipo é um jornal tradicional e respeitado e sempre se pode contar com o apoio luxuoso da Estrela da Morte. O Povo, por sua vez, aqui tem uma marca definida e, apesar de uma tentativa de mudança que vem sendo feita por uma valorosa equipe, ainda muito identificado com o ?torce-e-sai-sangue?. Sei não, mas esse negócio seria bom mesmo é para o Alberto Ahmed, que ficaria livre da pressão de ser o crustáceo na luta entre O Dia e o Extra.

Por fim, o mercado fica na expectativa ainda das reinações de Nélson Tanure. Corre por aí que o novo dono do JB estaria negociando uma participação em O Dia – falam de 10% – e, ao mesmo tempo, conversando com Gilberto Chateaubriand para comprar ações que o colecionador tem nos Diários Associados. Seriam dois movimentos interessantes, com o primeiro sendo mais fácil do que o segundo. É que o JB já tem aquele acordo operacional com O Dia envolvendo a rodagem em Benfica e a administração das rádios de O Dia pelo pessoal do Sistema JB de Rádio. Já envolver-se com aquela barafunda societária que são os Associados pode ser até estratégicamente bom, mas certamente é bem complicado.

O JB está brincando com a verdade… – O coleguinha foi à audiência na Justiça do Trabalho e notou que o advogado do JB era diferente do que estivera à frente do processo desde o início. Comentou com o seu advogado que lhe explicou. ?É que a equipe que trabalhava lá caiu fora por falta de pagamento?. Não pagar jornalista, que parece gostar de ser otário (muitas nem entra na Justiça mesmo sabendo que vai ganhar!), é uma coisa; dar calote em advogado é coisa bem diferente…

Cidade contra Cidade – Depois de impedir que estações de Fortaleza, Brasília e Campos utilizassem o homônimo, a Rádio Cidade, do grupo JB, quer impedir o uso da palavra pela Sompur São Paulo Radiodifusão, atual rádio Sucesso 96.9. A disputa teve início quando a rádio paulista registrou no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) vários nomes que incluíam o termo ?cidade?, como festa da cidade, sucesso da cidade, as campeãs da cidade e triplicidade. O JB, que tem a marca ?Rádio Cidade? registrada no INPI há mais de 15 anos, entrou na Justiça para contestar os registros concedidos à Sompur. Seus dirigentes sustentam que o termo ?cidade? está protegido, e que o registro da palavra por outras rádios induziria o consumidor a erro. Já a emissora paulista argumenta que a Rádio Jornal do Brasil teria exclusividade apenas sobre o termo ?rádio cidade?, e não sobre o nome ?cidade? isoladamente. Consultado pela Justiça, o INPI deu parece favorável ao JB.

Acordo O Dia-Cisneros na mira – O deputado federal Tilden Santiago (PT-MG) encaminhou ao Ministério das Comunicações (Minicom) um requerimento pedindo informações sobre a entrada no país do grupo venezuelano Cisneros Television Group. No requerimento, o deputado afirma que a empresa venezuelana está atuando em parceria com o grupo O Dia e com a concessionária de radiodifusão Transamérica, em dois canais abertos de UHF.O deputado alega que, por lei, é proibida a parceria de concessionárias de radiodifusão brasileiras com empresas estrangeiras. Ele lembra que a Constituição proíbe a participação de capital estrangeiro no setor. O Dia jura que há apenas um acordo temporário, de 60 dias, para a compra de conteúdo do canal Muchmusic, do grupo Cisneros, que é retransmitido nos dois canais UHF do grupo no Rio de Janeiro.

LBV segue em frente – A Legião da Boa Vontade (LBV) anunciou o lançamento, em caráter experimental, do canal 55, UHF (Ultra High Frequency), na Grande Porto Alegre. O novo canal resultou de uma associação com a TV Urbana, que integrou-se à Rede Mundial de Televisão, um pólo nacional de programação educativa e cultural, segundo garantia dos seus dirigentes. A RMT foi a causa que levou o Império a mandar bala na LBV, denunciando as falcatruas que existem há anos e todo mundo sabia, inclusive os imperiais. Para se ter uma idéia da notoriedade das lambanças da LBV, o grande Sérgio Porto já sacaneava o fundador Alziro Zarur 35 anos: Zarur distribuía a ?sopa dos pobres? e Stanislaw Ponte Preta dizia que ele gostava mesmo era de ?sopa de abóbora? (as notas de mil cruzeiros, mais ou menos um real de hoje, eram cor-de-abóbora…).

A patinação do Globo.com – A alegria do Globo.com durou pouco. Depois de melhorar a posição no ranking de propriedades da Jupiter MediaMetrix, chegando ao 8? lugar em março, o portal do Império voltou a cair em abril, ficando na 9? colocação, com 2,43 milhões de visitantes únicos (alcançando 41,7% dos internautas brasileiros). O responsável pela queda foi o Webforce, o nome verdadeiro da estalagem virtual Hpg, que pulou do 10? para o 8?. O líder, como sempre, é o UOL, com 4,52 milhões de visitantes únicos (alcance de 77,5%). A esperança do Globo.com agora é a entrada no provimento de acesso, em junho. Se tudo der certo, o portal tem chances de chegar ao seu objetivo: ser um dos dois primeiros colocados do ranking até o fim do ano."

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