MONITOR DA IMPRENSA
GUERRA NOS JORNAIS
Os jornais e os produtores de papel de imprensa estão em guerra nos Estados Unidos. Segundo Felicity Berringer [New York Times, 14/5/01], o preço do papel tornou-se mais volátil, a demanda por parte dos jornais decaiu e ambos os lados se sentem prejudicados.
Os produtores, em número reduzido e com muito poder, têm tentado fazer com que os jornais paguem o preço mais alto dos últimos cinco anos ? 660 dólares a tonelada. Os publishers, por sua vez, estão usando 9% menos papel do que no ano passado, devido à queda de anunciantes, mas prometem resistir aos aumentos; mais dinheiro para papel ? que representa aproximadamente 20% do custo do jornal ? significa menos lucro.
E a simples obtenção de lucro já tem sido uma batalha para os fabricantes de papel de imprensa, e hoje, quando forem finalizados dois acordos em andamento, os três maiores ? Abitibi-Consolidated, Bowater e Norske Skog, do Canadá ? controlarão 60% deste mercado; poder suficiente para uma elevação de preços que deixa poucas alternativas aos compradores.
Em março os produtores anunciaram o quarto aumento em 18 meses, mas os anúncios já estavam desaparecendo nesta época, e os jornais consumindo quase 10% menos papel do que no ano anterior. No mês passado, houve um primeiro sinal de recuo: primeiro a Bowater, depois a Abitibi, anunciaram a redução de 25 dólares dos 50 dólares no preço da tonelada que pretendiam aumentar. Mesmo assim, os jornais disseram que será difícil pagar mais com a demanda em queda. E esperam uma diminuição dos preços, e não um aumento menor.
MAIS CORTES
A Miami Herald Publishing Co. anunciou na quarta-feira passada que cortará 10% de sua força de trabalho de período integral ? de 1.800 para 1.620 empregados. A companhia espera atingir a meta com planos de demissão voluntária e aposentadorias antecipadas, disse Jane Bussey [The Miami Herald, 17/5/01]. Os cortes representam uma tentativa de diminuir os custos do jornal, necessária por causa da queda do faturamento gerada pela crise que vive a mídia americana.
Os planos de demissão voluntária ? que incluem pagamento de um ano de salário ou duas semanas para cada ano trabalhado, seguro-saúde por seis meses ou até o recebimento de seguro em um novo emprego ? serão oferecidos a 700 empregados, e se os voluntários não forem suficientes a empresa terá que demitir. Os cortes serão feitos em todas as seções do jornal.
Assim como fizeram outras proprietárias de jornais, como a Gannett Co., dona do USA Today, e New York Times Co., a holding Knight Ridder está tentando manter os lucros diante da queda de rendimento. No início do mês a empresa anunciou que cortaria empregos na maioria de seus 32 jornais. Com o desaquecimento da economia americana, os anúncios em jornais diminuíram muito, e os preços de impressão subiram.
Segundo a Associated Press (15/5/01), o San Jose Mercury News anunciou planos de corte de 120 cargos, ou 8% da força de trabalho. O USA Today, demitiu seis funcionários da redação e seis da edição online em 15 de maio. No total, o jornal eliminou 100 empregos, ou 5% da equipe, desde o começo do ano. Trata-se da primeira demissão em série desde a fundação do jornal, em 1982.
No Mercury, Jay Harris demitiu-se do cargo de publisher em março, em protesto contra os objetivos financeiros da proprietária, a Knight Ridder. Editores, redatores de economia, designers e colunistas esportivos não correm risco de perder o emprego. Segundo David Yarnold, editor-executivo do Mercury, são profissionais considerados necessários para manter o prestígio do jornal.
A Knight Ridder anunciou no mês passado que cortaria empregos da maioria de seus 32 jornais. A companhia também anunciou no dia 15 de maio que Jean H. Mordo, que se tornou chefe de finanças em março, pediu demissão. Gary Effren foi indicado para o cargo.
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