Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Na terra do faz-de-conta

HUMOR

André Lima (*)

Proposta de editorial para os isentos jornalões e periódicos da "grande" imprensa que, porventura, estejam em situação difícil para falar sobre a crise energética no (des)governo FHC.

"A escuridão pela incompetência"

Após seis anos de malfadado governo, o inapto presidente Luis Ignácio Lula da Silva deixou latente sua inexperiência e a incompetência das esquerdas brasileiras ao jogar o país em grave crise energética, sem precedentes da história. Essa inabilidade para lidar com os reais problemas brasileiros já havia sido demonstrada quando do esforço do governo Lula para minimizar o desastre com a maior plataforma do mundo, a P-63, da Petrobrax, que vitimou 11 operários e culminou na crise que derrubou de vez a ministra Benedita da Silva, e arranhou ainda mais a imagem do presidente da Petrobrax, engenheiro Nelson Pelegrino, indicação do PT da Bahia que, ao tempo em que elevou o faturamento da empresa a patamares nunca dantes explorados, executou uma política de sucateamento velado, com a chamada terceirização de serviços, ampliando os problemas de segurança (ambiental e operacional) em todas as áreas da empresa.

O governo Lula também efetuou recentemente uma operação de distribuição de verbas entre parlamentares para "abafar" uma possível CPI que, segundo o governo, emperraria o Congresso, que pararia de votar as indispensáveis reformas estruturais, além de se tornar um palanque da oposição de direita para o pleito de 2002. O governo Lula ainda derrapou nas negociações com os países das Américas sobre a Alca, em reunião na qual o presidente, que não é nenhum gentleman, deu um show antidiplomático, defendendo o início da Alca para 2020, além da infantil "exigência" de incluir Cuba no mercado comum.

Agora o país assiste, atônito, a mais uma trapalhada sem graça que reduzirá ainda mais o crescimento do país (pelo menos em 2%) e elevará a já estratosférica taxa de desemprego nacional, fazendo com que desapareçam pelo menos 1 milhão de postos de trabalho. Mas isso não é tudo. Para justificar-se frente à opinião pública, Lula declarou que seu governo foi "apanhado de surpresa" pela crise, o que só piorou ainda mais a sua situação. Além de desmentida pelo ex-ministro das Minas e Energia Ciro Gomes, que disse ter conversado com o presidente várias vezes sobre uma possível crise no setor energético, o presidente fez parte dos que sugeriram cortar verbas para investimento na área energética sob o pretexto de que sobraria mais dinheiro para a área social (educação, saúde, emprego etc.).

Para se ter uma idéia desta redução de recursos em 1997, o governo Lula investira quase 8 bilhões de reais no setor, enquanto no ano passado os investimentos não passaram dos 3 bilhões. Isso enquanto o consumo crescia ainda mais, ultrapassando a capacidade de produção nas hidrelétricas do país, que possui uma das mais generosas bacias hidrográficas do mundo.

Em outras indisposições internacionais, disparou tolices sobre o governo Bush, dizendo que o Plano Colômbia, proposto pelos EUA para combater o narcotráfico, era apenas uma forma de a superpotência se aproximar das fronteiras amazônicas para "roubar" a floresta brasileira.

Lula chegou a chamar o oposicionista, e forte candidato à sua sucessão, FHC, de leviano, quando este declarou que a "operação-abafa" fora "no mínimo vergonhosa". O governo tenta, portanto, amenizar os efeitos que o apagão possa causar nas próximas eleições de 2002. Mas a indelével mancha já se instalou e, mesmo com a discutível competência dos ministros Aloísio Mercadante (Educação) e José Dirceu (Saúde), e a correção da ministra Maria da Conceição Tavares (Fazenda), além do apoio do mediano governador de São Paulo, José Genoíno, todos potenciais candidatos, será muito difícil Lula eleger seu sucessor.

Nessa luta contra a obviedade dos fatos Lula já chegou a citar os EUA como "exemplo" de crise energética, tentando fazer do problema brasileiro algo "globalizado". Assim o governo Lula deixa transparecer que o que quer mesmo é transformar o Brasil numa Cuba continental, com os mesmos deleites tropicais e praias belíssimas. Ah! E sem luz.

(*) Estudante, <andre.luis.lima@uol.com.br>


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