REVISTAS
A cada fim de semana uma agonia. Foi esse sentimento que experimentamos ao ler as revistas semanais na manhã do sábado, dia 19 de maio. Nesse fim de semana, Veja extrapolou a agonia com a reportagem sobre o caso Marka. A revista da Editora Abril faz graves acusações ao ex-presidente do Banco Central, economista Chico Lopes, baseada em supostas acusações do ex-banqueiro e foragido da Justiça brasileira Salvatore Cacciola.
No domingo, os jornalões do eixo Rio-São Paulo repercutiram a reportagem da revista. O Jornal do Brasil ouviu Chico Lopes, que negou as acusações. O Estado de S.Paulo publicou e-mail de Salvatore Cacciola negando ter as fitas. Na terça, Clovis Rossi escreveu na Folha que a reportagem tinha buracos. Míriam Leitão, no mesmo dia, no Bom Dia Brasil, afirmou que havia tempo suficiente para Chico Lopes dar a informação privilegiada a Cacciola, e se isso tivesse acontecido o Marka não teria quebrado.
Vejam que a agonia do fim de semana vai se estendendo pela semana. Fica evidente que a revista, outrora editada por Mino Carta, não é a mesma. Existe algo nessa reportagem que indica uma certa dose de m… no ventilador, para tumultar a semana do Senado.
Enquanto Época desmonta o dossiê Caiman (aportuguesado é melhor) em reportagem sem furos, a Veja aborda o caso Marka de tal forma que suscita muitas dúvidas nos leitores anônimos e até nos mais representativos da mídia brasileira, no caso Clovis Rossi e Míriam Leitão.
Aliás, Veja tem se dedicado ao mister de fazer sensacionalismo. Publica matérias duvidosas e sem embasamento, sem que nem por que, e fica por isso mesmo. Está na hora de Roberto Civita ordenar ao pessoal da redação da Veja para ser mais discreto, pois está em risco a credibilidade da publicação, que pode vir a se tornar a "óia e espia" ? apelido dado pelo Pasquim à revista nos anos 70.
No meio da semana passada, o senador Eduardo Suplicy, que está mais para investigador do que para senador, escreveu artigo no JB relatando a quantas andam suas investigações para saber a verdade sobre o estupro do painel. O senador está tentando arrancar de Valéria Blanc a fonte da nota publicada por ela sobre o caso, em que diz que FHC viu a lista. Segundo Suplicy, pelo menos mais três senadores viram a lista dos votos secretos.
Após a renúncia, o ex-senador José Roberto Arruda, em entrevista a uma rádio da cidade mineira de Itajubá, anunciou que está a um passo de divulgar a lista e que, com a divulgação, tem muito petista que vai ser desmascarado. Claudio Humberto põe mais lenha no caso, levantando suspeitas sobre a participação do senador petista José Eduardo Dutra.
Pelo visto, a agonia vai continuar, embora as semanais neste sábado, dia 25, tenham chegado às bancas sem muita novidade. Apenas requentaram as reportagens políticas da semana passada, Caiman, Chico Lopes e estupro do painel, sem nada de novo a acrescentar. Mas pelo visto a próxima semana promete, pois ainda existe muita munição para ser queimada. Agonia parece não ter fim.
(*) Jornalista
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