Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Ivson Alves de Sá

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COLEGUINHAS, 5 ANOS

"Cinco anos", copyright Coleguinhas, uni-vos, 28/05/01

"Aos 27 dias do mês de maio do Ano da Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo de 1996, a ?Coleguinhas, Uni-vos!? entrou em rede (quem entra no ar é programa de rádio ou TV). Manter-se cinco anos neste caledoscópio que é a Rede é, tenho que admitir, um feito pouco comum, mas ele não foi atingido por mim apenas. Temo que você tenha muita coisa a ver com isso.

Por que? É simples. Desde o começo, quando apenas alguns amigos mais chegados sabiam a da existência da Coleguinhas, o sítio se baseou numa esp&eeacute;cie de trabalho voluntário em off e não só na propaganda boca-a-boca. Raramente, por exemplo, mando um email para alguém pedindo informações. Os jornalistas é que, por um motivo ou por outro, passam as notas e dão os toques sobre o que rola por aí. Dentre esta equipe de repórteres – a melhor do Brasil, não tenho a menor dúvida – gostaria de agradecer especialmente àqueles que estão sempre de olhos e ouvidos abertos ao que ocorre em volta e enviam notas sempre quentes, alguns até semanalmente. Pela nossa norma lapidar, obviamente não posso fazer um agradecimento nominal, mas você sabe a quem estou me referindo, não é, meu/minha repórter?

(Aliás, acho que este é o melhor momento para esclarecer que os erros eventualmente cometidos aqui são, em 99% dos casos, culpa minha e ocorrem geralmente por eu interpretar mal as informações que recebo.)

É claro que lidando com uma corporação – sim, somos uma e vamos parar de ter vegonha disso – pequena de pessoas cujo ego só perde por pouco para as primas-donas do show business, granjeei algumas inimizades, geralmente nos altos estratos das redações. Sei de gente que acredita do fundo d?alma que tenho pinimba com elas e/ou com os veículos dos quais são funcionários. Uma bobagem que atribuo ao fato de me conhecerem apenas superficialmente ou sequer terem sido apresentados à minha desvaliosa pessoa. Não tenho nada contra ninguém – mesmo porque acho isso uma tremenda perda de tempo – e se critico empresas é por conta de questões que considero maiores: não pagar em dia e não reconhecer outros direitos trabalhistas, usar estagiários como mão de obra barata ou ser um grupo monopolista que ameaça a democracia com seu poder, coisas assim.

Há, é claro, gente em altos escalões que sabe de tudo isso por me conhecer ou apenas por usar a lógica. Entre estes últimos, está um que chegou a dizer uma frase muito engraçada a amigos: ?o Dines está caduco, é muito radical; com o Ivson pelo menos dá pra conversar?. Não concordo com a primeira parte da frase – Dines não está caduco e sua radicalidade é muito bem-vinda na minha opinião, apesar de desconfiar que boa parte dela é marketing -, mas sem dúvida comigo sempre dá pra conversar. Até porque gosto muito de trocar idéias, olhar todos os ângulos de um problema e aprender.

Quanto ao futuro, já dizia Dona Sinhá, minha avó, a Deus pertence. Está cada vez mais difícil manter a qualidade devido à falta quase completa de tempo, mas, graças a Deus, a concorrência taí mesmo (Pressweb, Maxpress, Fonteonline) e ninguém vai sentir falta caso eu caia fora (atenção! Não estou dizendo que vou tirar o time de campo. Mas que é sempre uma possibilidade é). De qualquer maneira, gostaria de contar com mais ajuda do pessoal da Academia e de think tanks empresariais para dar um pouco de densidade debates que acho importantes estrategicamente para os jornalistas (principalmente nos campos de comunicação e sociedade, e legislação específica, trabalhista e empresarial). Além, é claro, de receber ajuda de outras pessoas para as notinhas…;)

Bom, para terminar, vou agradecer a uma não-jornalista. Como muita gente sabe, Andréa é a paixão de minha vida e inspiradora direta deste sítio (não é coincidência estarmos há cinco anos juntos). Mas o que ninguém sabe é o quanto o companheirismo, o olhar ao mesmo tempo crítico e carinhoso e, principalmente, a paciência em agüentar o fato de eu ter de trabalhar na atualização do sítio nos fins de semana, é importante para mim. Muito obrigado, meu amor.

Picadinho à Coleguinhas

Retratos de jornalismo de qualidade – Você não vai acreditar, mas juro que é verdade: adoro elogiar. Quando encontro uma oportunidade de exercer este gosto fico numa felicidade que só vendo. Por isso, é com um sorriso de orelha a orelha parabenizo O Globo pela publicação da série Retratos do Rio, que terminou sábado, dia 26. Baseado no Relatório de Desenvolvimento Humano, uma parceria entre o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e a prefeitura do Rio. Durante 10 semanas, fomos brindados com um jornalismo de primeiríssima qualidade e raro não apenas por isso, mas pelo fato de falar com profundidade de políticas públicas, tentando analisar os problemas e apontar soluções para as mazelas desta que já foi uma cidade realmente maravilhosa para se viver.

Obviamente, não foi um trabalho não apresentou defeitos em minha opinião: achei que faltou nos outros nove números algo na linha do que foi apresentado no último – quando três pessoas debateram o tema – mas reunindo mesmo os personagens e deixando-os falar, o que, creio, teria enriquecido à beça o debate sobre cada ponto abordado pela pesquisa.

Este senão, porém, é ínfimo diante da grandeza do trabalho despendido e do resultado dele. Por isso, meus humildes parabéns à editora responsável Helena Celestino; aos repórteres Chico Otávio, Fellipe Awi, Laura Antunes e Paulo Marqueiro (se outros participaram em outros números, sintam-se parabenizados e podem enviar os nomes que dou crédito também); aos artistas gráficos Léo Tavenjnhansky (espero não ter errado…) e Cláudio Prudente (responsáveis pelo projeto gráfico), e Cláudio V. Rocha (Diagramação) e Walter Moreira (Infografia); e a todo o pessoal do aquário, que deu o imprescindível apoio ao projeto. Há outra pessoa que merece parabéns, mas para esta é obrigatório um novo parágrafo.

Flávia Oliveira, a editora operacional do Retratos do Rio, enfrentou o maior desafio de sua carreira. Venceu-o com sobras graças aos impressionantes talento e determinação que aprendi a admirar desde os tempos que ela começou na Publicom, há coisa de 10 anos. Nunca duvidei que ela conseguiria derrotar este Aconcágua profissional e é sempre reconfortante para este coração quarentão saber que brilho e valentia ainda podem ser encontrados nas redações em doses tão generosas. Valeu muito, Flavinha!

Processos e mais processos -A imprensa brasileira vem sendo alvo de vários processos por danos morais, difamação e propaganda enganosa. O jogador de futebol Ronaldinho levou o Grupo Abril às barras dos tribunais por danos morais. O jogador ficou indignado com a notícia divulgada na revista ?Contigo? de que ele e a mulher, Milene Domingues, estariam dormindo em quartos separados. O valor pedido de indenização, publicou o ?Observatório da Imprensa?, é de US$ 500 mil (cerca de R$ 1 milhão). Já o presidente da Câmara Municipal de São Paulo, José Eduardo Martins Cardozo (PT), foi à Justiça acusando o jornalista e empresário Gilberto Di Pierro, 58 anos, mais conhecido como Giba Um de calúnia e difamação Em 19 de março passado, Pierro veiculou em seu sítio que o vereador foi visto no gabinete, pela vereadora Myriam Athiê (PMDB), em ?cena inusitada? com uma jornalista da Rede Globo. Ouvido pelo ?Jornal do Brasil?, Cardozo afirmou ter ingressado com a ação porque chegou a hora de combater todas as formas de leviandade jornalística?.

Já a atriz Malu Mader esqueceu que é contratada do Império, processou o Extra e vai receber uma indenização de R$ 2 milhões das Organizações Globo. Numa edição de 1998, segundo a revista ?Dinheiro?, o jornal publicou a notícia de que ?Enfim Paula Lee (personagem de Malu) foi para a cama com André (Fábio Assunção)?. A atriz entrou com processo e o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro condenou a empresa a pagar indenização, alegando que houve ?propaganda enganosa?.

O ministro e os professores – O ministro da Educação, Paulo Renato de Souza, recebe os professores de Jornalismo no próximo dia 5, em Brasília. Os professores vão perguntar ao ministro como ele quer que a qualidade do ensino de Comunicação nas escolas federais siga os padrões exigidos pelo Provão no quesito de instalações (bibliotecas, laboratórios etc) se o governo federal não libera a grana para reformar estas mesmas instalações.

Fenaj e o capital estrangeiro -A direção e o Conselho de Representantes da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) querem que a entrada de capital estrangeiro nas empresas de comunicação brasileiras seja antecedida da criação do Conselho Nacional de Comunicação Social. Em artigo publicado no ?Jornal do Jornalista?, o diretor de Relações Internacionais da entidade, Celso Schröder, afirma que a Fenaj vê uma inversão de pauta imposta pelos grupos internacionais e seguida por setores do empresariado nacional. ?A Fenaj reivindica a implantação de um ambiente regulador para a comunicação brasileira, com efetiva participação da sociedade civil?, afirma.

Segundo Schröder, a Fenaj não faz uma diferenciação simplificadora entre capital estrangeiro e nacional, atribuindo àquele um papel mais antidemocrático do que ao segundo. Entretanto, ela não ignora seu potencial aniquilador, até pela dimensão dos megagrupos internacionais de comunicação, e da possibilidade do capital estrangeiro escapar a qualquer tipo de controle, em um cenário sem a participação direta da sociedade, como ocorre atualmente no Brasil. Para o dirigente, o Conselho – que está na Constituição, foi regulamentado em 91, mas até hoje não foi instalado – ?deverá ser o grande espaço institucional de debate da comunicação no país?.

Muda, Globo.com ! (I) – Juarez Queiroz, o manda-chuva que veio da Telemar, continua ajeitando o portal a sua feição. Agora, quem dançou foi Amaury Mello, que era responsável pelo conteúdo. Não se sabe ainda para onde Amaury, homem de imensos e relevantes serviços prestados ao Império, irá, mas ao relento certamente não ficará.

Muda, Globo.com ! (II)- No lugar de Amury, fica Gilberto Menezes Côrtes, hoje comentarista econômico da Globonews. Ele ficou encarragado de botar pra frente o Globonews.com.br, um portal que juntará os conteúdos de O Globo, Sistema Globo de Rádio, TV Globo (telejornalismo), Globonews e Editora Globo. A idéia é fazer o megalo-portal o líder na distribuição de notícias na Internet tupiniquim. Só espero duas coisas: a) que a gente consiga acessar rapidamente usando nossas pobres linhas discadas; b) em acessando, consiga achar as notícias procuradas sem precisar de uma Ariadne para nos guiar pelo labirinto."

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