MONITOR DA IMPRENSA
SUNDAY EXPRESS
Michael Pilgrim, editor do jornal inglês Sunday Express, foi demitido no dia 21 de maio, por ter reclamado num memorando que Richard Desmond, proprietário dos jornais britânicos Express, interferiu em decisões editoriais e suprimiu reportagens. "Tive de suprimir diversos artigos por ?razões comerciais?, algo que em nada beneficiou o jornal", escreveu Pilgrim.
Primeiro o crachá de Pilgrim foi retirado por ordens da administração, segundo Matt Wells [The Guardian, 22/5/01]. Depois, o dono do jornal pediu a demissão em carta enviada à casa do editor por um mensageiro.
Pilgrim afirmou que não pretendia virar tudo de cabeça para baixo. "Escrevo isso porque desejo sucesso ao jornal", disse. "Corremos o risco de jogar fora investimentos e muito esforço." O memorando, enviado por e-mail, parece ter sido a gota d?água. Se já preparava Pilgrim para se retirar do posto, agora Desmond o forçou a sair. De acordo com outra reportagem de Matt Wells [The Guardian, 23/5/01], Martin Townsend, editor da revista de celebridades OK!, também de Desmond, ocupará o cargo.
ESQUIRE
Michael Stipe, líder da banda R.E.M, senta-se numa lanchonete e devora todo o açúcar do açucareiro, lambendo até o último grão. Essa é a primeira cena descrita na reportagem de Tom Junod, da última edição da revista americana Esquire. Uma grande abertura, disse Peter Carlson [Washington Post, 22/5/01], se não fosse por um pequeno detalhe: nada disso aconteceu, assim como muitas outras cenas da matéria, todas inventadas por Junod.
A revista não esconde que a reportagem seja pura ficção; há uma série de pistas para o leitor, e no final a frase em itálico: "Para uma versão comentada da matéria, em que fato é separado de ficção e a gênese dos elementos fictícios é explicada, visite <esquire.com/features>.
No site é revelado que a cena do açúcar é mentira. E não é a única.
Por quê Jusnod teria inventado toda a história e seu editor, David Granger, a teria publicado? Uma possibilidade de resposta está na própria matéria, em que Stipe é descrito como alguém "notavelmente difícil de se entrevistar". No entanto, o editor se defende dizendo que a idéia era ir além de um simples perfil para mostrar a importante mudança cultural americana. "O rock perdeu o lugar de força maior na cultura pop para as celebridades", disse Granger.
Essa justificativa não é inventada. Mesmo que quisesse, escreveu Carlson, não daria para ser tão criativo. E essa é a melhor parte do jornalismo: a verdade consegue ser mais engraçada do que a ficção.
RÁDIO BBC
A BBC está revolucionando. É a opinião de David Colker [Los Angeles Times, 22/5/01]. Depois de transmitir informações durante mais de 70 anos através das ondas curtas, a rede britânica decidiu transformar seu Serviço Mundial. A partir de 30 de junho, a rádio distribuirá um serviço 24 horas online para Estados Unidos, Canadá e grandes áreas do Pacífico. A antiga tecnologia ? que foi a voz do império colonial e serviu para a propaganda da Guerra Fria ? é a nova vítima da ascensão da internet.
A Voz da América já fez o mesmo com suas transmissões para a Europa. O sistema de onda curta é bem mais caro, e em vários países é mais comum encontrar pessoas com computadores do que com rádios em ondas curtas. A mudança para a tecnologia da internet é uma questão de bom senso ? e sobrevivência, diz o repórter.
No entanto, a rádio online também tem seus problemas. Embora os novos computadores com os mais atualizados programas recebam as transmissões facilmente, máquinas um pouco antigas têm dificuldade na configuração. Além disso, diferentemente dos rádios de onda curta portáteis, os computadores estão geralmente conectados a telefones ou linhas a cabo ? fica mais difícil escutar as transmissões da cozinha. O modelo é ainda inviável para diversos países, onde o acesso à internet não é barato e confiável como nos Estados Unidos. "Esse é um claro sinal de progresso, seja numa estação de rádio ou num website", disse Sanford Ungar, diretor da Voz da América. "Talvez algumas pessoas achem mais romântico ter problemas para escutar rádio, mas eu não."
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