QUALIDADE NA TV
PROBLEMAS GLOBAIS
"Uma novela kafkiana", copyright Gazeta Mercantil, 25/05/01
"A Rede Globo poderá enfrentar pela segunda vez nas próximas semanas uma situação inusitada que deixou seqüelas traumáticas em seu núcleo de telenovelas. Em 1975, quando já havia gravado 36 capítulos de ?Roque Santeiro?, de Dias Gomes, a emissora fora obrigada a reprisar durante três meses a novela ?Selva de Pedra?, de Janete Clair, porque a censura vetara integralmente a produção e não havia tempo para colocar outra trama no horário. Um episódio parecido, só que em tempos de democracia, pode se repetir 26 anos depois: a Secretaria de Justiça do Ministério da Justiça determinou que a nova novela das 19h, ?As Filhas da Mãe?, de Sílvio de Abreu, só poderá ser exibida depois das 20h. A Globo recorreu e pediu revisão da medida. Como existe uma liminar – temporária – que desobriga as emissoras de cumprirem a Portaria 796, a rede está diante de alguns impasses. Primeiro, se obedece ou não. Se acatar a decisão, como a rede não sabe se terá tempo para iniciar outra novela, existem aparentemente duas alternativas: ou muda a história e a adapta às exigências do ministério ou reprisa uma novela e passa a produção para após as 20h.
O problema não acaba aí. A questão, no entanto, está no fato de que, se quiser mudar a trama, a Globo não sabe o que fazer para adequar a novela ao antigo horário. Simplesmente porque o setor da secretaria que classifica os programas não divulga os motivos ou os critérios usados em seus vetos. Alguns autores acreditam que, se fizesse isso, o órgão estaria assumindo uma posição de censor. Para piorar a confusão, Sílvio de Abreu garante que não há como mudar a história de modo substancial porque comprometerá todo o conjunto da novela. Ele desconfia que classificadores tenham implicado com a personagem da atriz Cláudia Raia, que se faz passar por um rapaz que mudou de sexo.
Caso seja essa a motivação e o governo não volte atrás, o autor diz que os problemas serão desastrosos para a Globo. ?Eu não vou mudar nada do que está escrito para a novela. Será assim e pronto. Se não for para as sete, essa novela não irá ao ar. Aí, eles vão ter de arrumar uma outra novela ou colocar uma reprise, como aconteceu na época de ?Roque Santeiro?, queixa-se o autor, irritado. Sílvio de Abreu diz que sua postura nada tem a ver com capricho ou resistência. Mas sim ao fato de o conjunto da história estar atrelado a essa personagem.
Por outro lado, explica o autor, por se tratar de uma comédia, ?As Filhas da Mãe? também não tem estofo para ser exibida num outro horário. Segundo ele, as tramas que vão ao ar depois do ?Jornal Nacional? necessitam de mais dramatização, porque atingem um público diferente da faixa anterior. Às sete, acrescenta, a novela é mais inventiva, porque o público é formado por crianças e adolescentes. ?Não estou fazendo nada de escandaloso, mas uma brincadeira com uma possibilidade.?
De acordo com a assessoria de imprensa do Ministério da Justiça, somente a secretária nacional de Justiça, Elizabeth Sussekind, está autorizada a falar sobre o assunto. Como ela está no exterior e só voltará na próxima semana, nenhum técnico aceitou comentar a classificação de ?As Filhas da Mãe?, por se tratar de assunto que é ?objeto de polêmica?. Mesmo assim, um deles mandou dizer pela assessoria que a novela teria sido classificada para outro horário por infringir o Artigo 5? da Portaria 796, de 8 de setembro do ano passado. Pelo artigo, o texto da novela indicaria a ?prática de atos sexuais e desvirtuamento dos valores éticos e morais?.
O silêncio da secretaria deixa no ar dúvidas e direitos fundamentais das emissoras, como saber quem faz a classificação e que critérios subjetivos são usados para sua aplicação. ?Eu acho que vivemos a volta da censura, embora detestem que a gente fale isso?, observa Sílvio de Abreu. Na própria Globo, ninguém parece interessado em comentar o assunto. Nem mesmo o diretor da novela, Jorge Fernando. Por meio de sua assistente, ele mandou dizer que não quer se pronunciar sobre o fato. Três outros diretores procurados pela reportagem deram a mesma resposta. Enquanto o governo não se pronuncia sobre o recurso de revisão da Globo, o autor continua a escrever os capítulos da novela.
Para entender o que está acontecendo é necessário explicar como a Portaria 796 representou a oficialização de uma guerra entre as emissoras e o Ministério da Justiça, iniciada em 1998, quando José Gregori era secretário nacional de direitos humanos. Com a justificativa de que estava preocupado com o baixo nível da programação das tevês brasileiras, ele propôs às emissoras a implantação de ?manuais de qualidade? que funcionariam como códigos de ética internos. Em julho do ano passado, então ministro, ele anunciou que, como não conseguiu chegar a um acordo com as televisões, desistia do projeto de auto-regulamentação do setor.
Nesse momento, entrava em cena o Ministério Público do Rio de Janeiro, que pediu, em ação civil pública, no dia 28 de agosto, que a novela das sete da Globo, ?Uga Uga?, parasse de mostrar ?cenas de sexo, nudez e violência? ou que fosse exibida após as 20h. A ação também pedia a proibição da presença de menores nas gravações. O Judiciário concedeu liminar contra a Globo, que recorreu da decisão. Pouco depois, o ministro Gregori assinou a Portaria 796, publicada no ?Diário Oficial? da União em 12 de setembro, que mudava as regras de classificação indicativa dos programas de tevê. A portaria introduziu a faixa de 16 anos para os programas que não podiam ser veiculados antes das 22h e tornou obrigatório o respeito às classificações do Ministério da Justiça. A mesma portaria determinou que o Ministério Público deveria fiscalizar a programação das emissoras.
Começou, então, um combate sem tréguas entre o ministério e a Globo. No mesmo mês, a instituição pediu em ação civil pública o veto a cenas de violência e sexo na novela ?A Próxima Vítima?, exibida às 14h30. Ainda em setembro, o alvo passou a ser ?Laços de Família?. No dia 27 de outubro, a Globo recebeu notificação de que não poderia empregar crianças em ?Laços de Família? e obrigou a exibição da novela após as 21h; a emissora recorreu. No dia 25 de outubro, o Ministério da Justiça determinou que o quadro ?Banheira do Gugu?, do ?Domingo Legal? (SBT), não fosse mais exibido antes das 21h. A atração saiu do ar. Voltou em 13 de novembro, liberada para exibição após as 20h. No dia seguinte, a Globo perdeu o recurso contra o veto à presença de crianças na novela e a obrigatoriedade de exibir ?Laços de Família? após as 21h.
O veto à novela de Manoel Carlos se transformou em discussão nacional. O ministro perdeu um round quando uma pesquisa realizada pelo Datafolha no dia 28 de novembro, na cidade de São Paulo, constatou que 56% dos entrevistados eram contrários à decisão do Tribunal de Justiça do Rio, que proibiu a exibição de cenas com menores de idade na novela – 41% se declararam favoráveis. Enquanto isso, em Brasília, uma comitiva de artistas e diretores da Globo almoçava com o presidente Fernando Henrique Cardoso para pressionar o governo a revogar a portaria. Também estava presente o ministro José Gregori. O lobby, no entanto, não trouxe qualquer resultado prático.
No último dia de 2000, o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Paulo Costa Leite, concedeu liminar que suspendia a imposição de horários específicos para a exibição de programas de tevê. Pela decisão, ficava revogada parte da Portaria 796. O ministro acatou o argumento de que a regulamentação, ao proibir uma emissora de exibir um espetáculo em determinado horário, estaria violando a natureza apenas indicativa estabelecida pela Constituição. Ou seja, cada canal poderia apresentar seus programas no horário que quisesse, desde que informasse ao telespectador a sua classificação etária.
A cruzada contra os ?abusos? na tevê prometia prosseguir este ano com a mesma intensidade. Em janeiro, a novela ?Um Anjo Caiu do Céu? – que estreou no dia 22 – foi obrigada pelo Ministério da Justiça a cortar uma cena do primeiro capítulo para poder entrar no horário das 19h. O trecho suprimido, sob a alegação de ser violento, mostrava a personagem da atriz Chris Couto, uma espiã neonazista, vestida de atiradora de elite, com uma máscara ninja.
Oito meses depois da publicação da portaria, a briga permanece indefinida. Por causa da uma liminar do Superior Tribunal de Justiça, os canais estão livres para exibir os programas em horários diferentes dos determinados pelo Ministério da Justiça e não são obrigadas a indicar ao telespectador a classificação da atração. A Globo, apesar disso, continua exibindo o aviso em seus programas. A liminar resultou de dois processos movidos pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) e pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. Uma ação também foi movida pelo Partido Trabalhista Brasileiro – cujo presidente, José Carlos Martinez, é dono da emissora CNT – contra o Artigo 254 do Estatuto da Criança e do Adolescente. O texto estabelece multa para os canais que exibirem programas em ?horários diverso do autorizado ou sem aviso de classificação?.
Mesmo com a suspensão de parte da portaria, a secretaria continua a avaliar e a indicar a classificação dos programas por faixa etária. Como alternativa contra denúncia relacionada à programação de tevês, o Ministério da Justiça e o Ministério Público recorrem agora ao Artigo 76 do Estatuto da Criança e do Adolescente. Pelo texto, ?as emissoras de rádio e televisão somente exibirão, no horário recomendado para o público infanto-juvenil, programas com finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas?.
O desafio do ministério, nesse período, tem sido administrar as pressões a favor e contra a polêmica e a ?classificação?. Por causa das ações na Justiça que questionavam a constitucionalidade da portaria, a secretária nacional de Justiça, Elizabeth Sussekind, chegou a anunciar no final do ano passado que o Ministério da Justiça realizaria em dezembro de 2000 ou janeiro deste ano um seminário para discutir a televisão. Daí, seria escolhido um ?conselho revisor?, que serviria como ?ponte? entre o governo e a tevê. Além de não ter ocorrido o debate, o diálogo entre governo e emissoras de tevê ficou restrito a embates judiciais.
Sílvio de Abreu espera que a tentativa de mudar o horário de sua novela gere uma discussão maior sobre o que chamou de cerco à liberdade de criação e expressão. ?Eu sempre compro briga. Mas, nesse caso, não tenho o que fazer. Eu sou contratado por uma emissora que me pediu para fazer uma novela. Eu a fiz e entreguei. Os capítulos estão aqui prontos e foram mandados para Brasília. Lá, foram classificados para um horário impróprio aos interesses da emissora. Se a Globo quiser colocar essa novela no horário das 20h, será uma decisão dela. Mas eu acho que não vai funcionar. Eu, como autor, não posso impedir. Não sou dono da emissora, mas posso dizer que às 20h essa novela não vai funcionar. Se eu tiver de fazer essa adaptação, não vai dar certo.?
O escritor conta que teve uma experiência parecida quando tentou fazer ?Rainha da Sucata?, em 1990, como uma novela de humor. Foi sua primeira novela das 20h. E o público não gostou. ?Então, mudei, contei a história dos protagonistas de uma maneira mais dramática, e mantive dona Armênia, Cláudia Raia e Antonio Fagundes numa situação mais cômica.? No caso de ?As Filhas da Mãe?, ressalta, tal modificação tornaria o resultado catastrófico porque a novela não foi pensada para sofrer uma modificação mais radical.
Para Sílvio, existe um erro de alvo quanto ao cerco às novelas. ?Diz-se que a televisão é um escândalo e se virmos os programas que têm as ?popozudas?, que têm Jean Claude Van Damme excitado diante das câmeras, é realmente um escândalo. Agora, de tudo, o menos escandaloso são as novelas.? Para o autor, os teledramas não trazem nada que não exista nos filmes. ?Não há qualquer elemento absolutamente estarrecedor que apareça nas novelas e que vá fazer com que as pessoas se sintam influenciadas.? O que acontece, na sua opinião, é que a telenovela se sobressai como o programa de maior audiência da tevê brasileira. Então, sempre que se fala de televisão, parece que se está falando de novela. ?Aí, dizem que estamos acabando com a família.? E desabafa: ?Nós, autores, somos criticados porque parecemos babacas, porque os personagens de mocinhos acabam bem e o mal não impera. Ao mesmo tempo, somos criticados porque estamos destruindo a sociedade ou porque as idéias das novelas são muito revolucionárias. Não é verdade.?
Contra Sílvio pesam também alguns agravantes de novelas anteriores. Além de reformular por completo o conceito de novela das sete, ao introduzir o formato humorístico, ele ficou conhecido por sua militância contra o preconceito e o racismo – temas recorrentes nos dramas em que tentou provocar discussão no horário das 20h. Em ?A Próxima Vítima?, por exemplo, ele criou um casal de negros de classe média e dois rapazes homossexuais. Em ?Torre de Babel?, tratou da dependência de drogas e apresentou um casal de lésbicas. Foram motivos suficientes para que setores conservadores da sociedade e da própria imprensa massacrassem a novela com fofocas e especulações. ?O fato de eu pôr numa novela um casal de adolescentes homossexuais não quer dizer que esteja agindo contra a sociedade, mas fazendo algo em favor de um grupo social que não tem representatividade. Se coloco duas lésbicas que se dão bem, eu não estou dizendo para as esposas que larguem seus maridos e peguem suas mulheres.? Coerente com a sua militância contra a hipocrisia, Sílvio garante que não vai ceder às pressões. ?O que eu faço sempre em minhas novelas é lutar contra o preconceito. Sempre. Em todas elas, bato nessa tecla. Porque o preconceito vem da ignorância.?"
"Analistas de mercado baixam o rating da Globo", copyright CidadeBiz (www.cidadebiz.com.br), 25/05/01
"A notícia foi publicada com muita discrição na seção de economia do jornal O Globo, na segunda-feira, e passou quase despercebida. Mas comprova o momento desfavorável por que as empresas de mídia estão passando. Na nota, informa-se que a holding do grupo, Globopar, e sua principal empresa, a TV Globo, tiveram seu rating classificado com perspectiva negativa pela agência Standard & Poor?s.
Segundo a agência classificadora de risco, o rating BB da Globopar e da TV Globo estão sob perspectiva negativa. A justificativa, segundo análise divulgada pela S&P, foi a divulgação dos resultados financeiros de 2000 – ?os quais demonstraram que o grupo não atingiu as expectativas da S&P de um aprimoramento continuado do perfil financeiro do grupo por meio da redução de sua alavancagem financeira e de uma geração de caixa sustentável?.
Segundo a nota publicada pelo jornal, no entanto, a agência manteve ?a perspectiva estável da classificação ?BB-? das duas empresas como emissoras de títulos em moeda estrangeira?. Oficialmente, a direção da Globopar informou que a decisão da Standard & Poor?s reflete a queda no mercado publicitário no segundo semestre de 2000 e a manutenção deste fator como tendência.
O mercado publicitário é o que mais preocupa. Somente nos períodos mais negros de recessão o mercado publicitário viveu uma fase de escassez tão grave quanto a falta d?água nos reservatórios das hidrelétricas brasileiras. De janeiro a maio, a queda de receitas já é da ordem de 15%, comparada com igual período do ano passado, com situações ainda mais graves em determinados setores e empresas líderes. Revistas semanais de informação, por exemplo, amargam quedas, nestes cinco meses, de até 30%, na TV Globo, a retração publicitária estaria em torno de 20% a 25%. Depois de exibir um sólido aumento de 27% no passado e de apenas 7% em 1999, o comportamento atual do mercado é como estivesse devolvendo parte dos ganhos obtidos em 2000.
A diferença da queda atual das verbas publicitárias em relação a outros momentos de contração é que, pelo menos até agora, não se constata uma recessão na economia. ?A crise atual é a pior possível, porque as empresas estão vendendo sem precisar anunciar?, diz Antonio Rosa Neto, presidente da Dainet Multimedia, empresa especializada em consultoria de mídia, e colunista do Cidade Biz. Atento aos movimentos do setor, Rosa afirma que este cenário deve estar nos extertores, pronunciando a recuperação para os meses seguintes. ?O investimento em mídia rádio, que é sempre muito ágil e de resposta rápida, já está melhorando?, argumenta.
A nota do jornal afirma ainda que a empresa reduziu, com a TV Globo, seu endividamento bruto no ano passado em 250 milhões de dólares. Segundo o jornal, em dezembro do mesmo ano, Globopar e TV Globo somavam um saldo de caixa de 570 milhões de dólares.
Já por conta da nova realidade, a Globo vem promovendo cortes em várias áreas – inclusive na produção de conteúdo para a TV. Uma das vítimas foi o apresentador Cazé Peçanha, que comanda o último Sociedade Anônima neste domingo. Cazé, revaldo pela MTV, estava há meses esperando a chance de mostrar seu talento na Globo. Conseguiu – ao menos aos olhos da crítica (a ponto de a revista Veja tê-lo indicado por potencial substituto do desgastado Fausto Silva aos domingos).
Mas as derrotas em audiência para o SBT – na semana passada, por 22 a 12 pontos – selaram o destino do programa. Em seu lugar, serão apresentados filmes. A assessoria da TV Globo limitou-se a informar que Cazé será designado para outra atração. Mas não informou qual."
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"Nota oficial da Globo.com sobre mudanças no portal", copyright CidadeBiz (www.cidadebiz.com.br), 25/05/01
"A nota oficial da Globo, comunicando as últimas alterações no portal Globo.com
O portal Globonews.com.br reunirá a força do jornalismo das Organizações Globo, convergindo o conteúdo do jornal O Globo, do Sistema Globo de Rádio e da Editora Globo, além da produção de todo o telejornalismo da TV Globo e do canal de TV a cabo Globonews. O objetivo da Globo.com é assumir a liderança no segmento de notícias pela Internet até o fim do ano.
Para a direção editorial do novo portal de notícias foi convidado o jornalista Gilberto Menezes Cortes, com vasta experiência profissional, tendo passado pelos jornais O Globo e Jornal do Brasil. Menezes Cortes vem coordenando a primeira edição do programa Conta Corrente, no canal de notícias Globonews.
O jornalista Amauri Melo, que até então coordenava o conteúdo do portal Globo.com, foi convidado pelas Organizações Globo a assumir novos desafios profissionais em outra empresa do grupo.
Todos os demais produtos do portal Globo.com, de conteúdo não-jornalístico, serão coordenados por Frederico Monteiro, diretor de marketing do portal."
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