Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Peter S. Goodman

ASPAS

INTERNET EM CRISE

"Provedores desaparecem e deixam usuários à deriva", copyright O Estado de S. Paulo / The Washington Post, 10/06/01

"Primeiro, o provedor de serviços de Internet de alta velocidade faliu e desapareceu. Depois, a empresa de serviço de interurbano com tarifa reduzida quebrou e também se desvaneceu, levando consigo o cartão de visitas dele e o número 800.

Charles Fazio e sua empresa de design de mídia, com sede em Alexandria, Virginia, ficaram isolados. Os clientes não podiam mais telefonar para o número de acesso gratuito e ele não podia mais usar a Internet para enviar-lhes os produtos — páginas e gráficos sofisticados da Web.

?Tenho de tocar meu negócio?, disse Fazio. ?Não posso ficar me preocupando se o telefone vai funcionar ou se a conexão com a Internet vai continuar operando. Estamos em 2001, cara. Não deveríamos ter esses problemas?.

Dezenas de novas empresas de telecomunicações estão morrendo, desconectando milhões de usuários e pequenas empresas. Todos são sumariamente desligados das empresas de telefonia, serviços de e-mail ou provedores de Internet dos quais antes dependiam.

Há apenas um ano, quando Wall Street ainda provia generosos recursos para empreendimentos de risco em telecomunicações, anunciava-se um momento de bem-aventurança do consumidor. Os custos caíam enquanto as escolhas se multiplicavam. Agora, milhões procuram por planos alternativos.

Este é o lado negativo da desregulamentação. Há cinco anos, o Congresso abriu o mercado de telecomunicações a novas empresas, desencadeando uma torrente de investimentos que alimentou centenas de empresas. Para alguns, o mercado ficou apinhado depressa demais. Para outros, as empresas principiantes não conseguiram competir com as gigantes da telefonia, cujas conexões permanecem nos lares e escritórios.

Seja qual for a causa, mais de 30 novos provedores de telecomunicações em todo o país entraram em colapso desde o último outono, segundo Paul Stapletoj, um dos sócios da Rampart Associates, pequena firma com sede em Boulder, Colorado, especializada em adquirir tais empresas. Algumas continuaram a operar, apesar da falência, ou transferiram clientes. Outras simplesmente fecharam.

Segundo a Associação de Serviços Locais de Telecomunicações, cerca de 500 mil clientes em todo o país perderam a conexão telefônica e os links com a Internet no desenrolar desse processo.

E essa tendência deve se intensificar. Apenas um décimo das novas empresas de telecomunicações, conforme a firma de corretagem de Wall Street, a UBS Warbug, estão tendo lucro suficiente para operar sem precisar tentar um capital adicional, afirma Aryeh Bourkoff, analista da empresa.

O preço para os consumidores e empresas que dependem desses serviços está aumentando. E-mail, Internet e conexões telefônicas são agora vitais para a gestão de muitos negócios e domicílios, assim como o papel carbono e a queresone foram em eras há muito passadas."

"O apagão da ponto.com", copyright no. (www.no.com.br), 7/06/01

"A Idealyze, dona dos sites Paralela e TCINet e que tem como acionista majoritário o grupo Abril, decidiu descontinuar sua operação. Três opções estão sendo analisadas. Fechar, vender para outro grupo ou incorporar a operação à Abril. A última opção é a mais cotada no momento."

CATARRO VERDE

"ACM e o ?Catarro verde?", copyright no. (www.no.com.br), 8/06/01

"Responda rápido: que repercute mais, um jornal popular paulista ou uma lista de discussão na Internet? Uma história divertida – a de que o ex-senador Antonio Carlos Magalhães plagiou o ex-deputado Afonso Arinos – dá mostra de como o mundo está de cabeça para baixo. No caso, ganhou a lista e, ao seu lado, um weblog.

O jornal é o ?Diário Popular? de São Paulo. Tinha a história, uma boa fofoca política que circulava pelos corredores do Planalto Central há pelo menos duas semanas, e foi o primeiro a publicá-la na sexta-feira, 1o de junho. Ninguém notou, mas o furo tem dono.

Mas então aconteceu de a coisa ser descoberta também por Sérgio Faria, um paulista dono de um blog para lá de anárquico, o Catarro Verde. Coisas de Internet, mostrou não só as coincidências do discurso dos parlamentares como também colocou link para uma página no site do Senado que oferece acesso até ao áudio de Afonso Arinos em 1954.

Entra aí o Palíndromo, uma lista de troca de mensagens que reúne há um ano pessoas que discutem comunicação, Internet e afins. Moderada por h. d. mabuse (assim mesmo, em minúsculas), o lugar transformou-se numa bela reunião de cérebros em pane. Um dos usuários, Charles Pilger, citou a história do Catarro. Outro, Marcelo Tas, apresentador do ?Vitrine? da TV Cultura, decidiu fazer da história tema.

Como em Internet informação é vírus contagioso, do Catarro ao Palíndromo, chegou à TV e a TV valeu de mote ao BlueBus, um site veterano voltado ao noticiário sobre mídia. Conta-se os segundos, vira manchete do IG, um dos maiores portais brasileiros. Basta que o dia vire para estar no JB, Globo, Estadão e Folha, os quatro maiores do país. No Globo e JB, aliás, com direito a destaque na primeira página.

No mesmo dia em que o ?Diário Popular? contava para seu público na periferia de São Paulo o que o Brasil só conheceria uma semana depois, contamos aqui como uma fofoca da Internet foi parar nos principais jornais do mundo. São casos diferentes, mas têm pelo menos uma coisa em comum: blogs. Abrindo espaço por entre as pontocom cheias (ou não) de dinheiro, estes sites pessoais estão pautando a grande imprensa.

É verdade o que dizem: a Internet ainda não chegou na casa da maior parte dos brasileiros. Mas se um dia alguém acreditou que aquela entidade ?formador de opinião? existe, então ela lê blogs ou assina listas como o Palíndromo.

Porque, ao menos desta vez, as últimas do ACM estavam no ?Catarro verde?.

Mulheres, só em Vênus

Está nos planos russos enviar uma missão a Marte entre 2015 e 2020. A tripulação deve contar em seis pessoas e a viagem de ida e volta dura três anos. Um dois maiores problemas é como alimentar essa turma. A comida vai ter que nascer na nave.

Mas briga entre os sexos garantem que não tem. As mulheres estão vetadas.

No mínimo estranho.

O sexo é azul

Há três anos o Viagra chegava ao mercado para revolucionar a forma com que as pessoas lidam com o sexo. No Egito, até hoje não chegou, mas revoluciona assim mesmo. Banidas pelo Ministério da Saúde, as pílulas do prazer deixaram, com água na boca, as companhias farmacêuticas e os especialistas em sexo. E deixam totalmente atormentados os casais egípcios, que são levados ao mercado negro. Não bastasse sofrerem de depressão, desembolsam suas libras a preços exorbitantes, além de acumularem o estigma de viciados.

Se já não engolem as desculpas esfarrapadas do ministério para o banimento, imaginem o quanto se sentiram insultados com as últimas notícias. Jornais locais entraram nos porões da alfândega e descobriram um paraíso: 2 milhões de pílulas confiscadas. ?Por que milhões de pílulas de Viagra são mantidas em armazéns para ratos roerem, enquanto existem milhares de casais que sofrem com os efeitos da impotência??, questiona um usuário do mercado negro.

É proibido, mas elas continuam chegando da Índia, China, Síria e Jordânia. Enquanto isso, casais chegam aos consultórios à beira do divórcio e o governo perde bilhões em impostos.

Debaixo do nariz lusitano

Ninguém viu, ninguém sabe quem foi, mas a verdade é que sumiram móvel, livros, colares, painéis em azulejos, um retrato de D. João V, uma escrivaninha. Faz quase uma semana, mas a direção da Academia Portuguesa de História, instalada no Palácio Rosa, em Lisboa, não dá declarações sobre o assunto.

O ladr&atatilde;o não foi pouco ousado. O Palácio é um monumento do século 16, foi entregue às traças e pertence à Câmara Municipal de Lisboa. Isso mesmo, passou despercebido pelos vereadores lusitanos.

Entre aspas

O que é teologia senão um tipo de revisionismo? No campo do discurso humano, teologia ocupa um lugar entre ficção e história, mito e memória. É deste lugar que (Elie) Wiesel diz que ?Auschwitz é tão importante quanto o Sinai? … Como aconteceu com a palavra de Deus no Monte Sinai, a ocasião para o silêncio divino existe para Wiesel fora do tempo. É um evento de tanta magnitude que transcende a história. Mas transcender história é bem complicado.

De Peter Manseau, criticando os trabalhos de Elie Wiesel na revista de religião radical ?Killing the Buddha?."

    
    
                     

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