SLATE
Jay Forman, articulista da prestigiada revista online Slate, está sendo acusado de disseminar uma lenda urbana. Ele é autor de uma série de ótimas reportagens, mas questionáveis quanto à veracidade. E é isso que tem tirado o sono dos editores da revista. Desconfiados, deram início a uma investigação interna que determinará se a matéria mais recente de Forman, sobre uma "pescaria" de macacos nas ilhas próximas à Flórida, é verdadeira.
De acordo com Seth Mnookin [Inside, 11/6/01], na semana passada o Wall Street Journal questionou se Michael Kinsley, editor da Slate, caiu num trote de mau gosto com a reportagem sobre atrair macacos usando frutas como iscas, em perversa adaptação da pesca amadora, que fisga e depois solta o peixe ? no caso, o macaco.
A Slate investigará matéria de Forman publicada em março, na qual ele conta que com amigos construiu um silenciador caseiro usando um disco, uma esponja de aço, um chumaço de algodão, um cano de plástico e uma fita condutora para disparar um coquetel de cebolas na sala de um amigo.
Alguns leitores da Slate amantes de armas afirmaram que é impossível construir um silenciador caseiro da maneira descrita. "Testaremos o silenciador", disse Kinsley. "Estamos conferindo com especialistas em armas." Forman confirmou ter, de fato, construído o silenciador. A reportagem sobre a "pesca de macacos" parece uma lenda urbana, segundo repórteres de jornais que trabalharam nas ilhas.
U.S. NEWS
Há duas semanas, quando Time e Newsweek publicavam reportagens sobre a saída do senador Jim Jeffords do Partido Republicano, alterando a relação de forças no Senado em favor dos democratas, a U.S. News & World Report deu na capa a história de pára-quedista de meia idade que está escrevendo um guia para aposentados.
Segundo Howard Kurtz [The Washington Post, 11/6/01], outras capas recentes se ativeram a tráfico de drogas, cuidados com idosos, Las Vegas, escolas de aviação, álcool e cérebro, Laura Bush, triunfo do Cristianismo, robôs, entre outras do mesmo naipe. Será que a fórmula funciona? É essa a pergunta que encara o novo editor Brian Duffy, sucessor de Stephen Smith, por sua vez sucessor de James Fallows, todos profissionais que tentaram, em meio ao desordenado mercado midiático, satisfazer o proprietário da U.S. News & World Report, Mort Zuckerman.
Duffy repete o chavão de que é comprometido com a notícia. Mas todas as revistas estão divididas entre o jornalismo sério e o "leve", numa era em que as principais reportagens já estão ultrapassadas antes de a revista chegar às bancas. Duffy diz que seu objetivo "não é tanto reordenar as notícias da semana anterior, que não são mais úteis, mas contar às pessoas histórias que não conhecem",
Mas esse debate não é novo. Jim Kelly, editor administrativo da Time, lembra que antigamente saía sorvete na capa, assim como gatos e outras notícias "leves". Agora, diz, "a definição de ?leve? mudou. Estamos fazendo mais reportagens sobre sociedade ? o tipo de notícia que pode ser comentada durante o jantar".
A Newsweek está na mesma trilha da Time. Já a fórmula da U.S. News está seriamente ameaçada. "Algumas capas nossas estão tão fora de contexto que corremos o risco de virarmos publicação de butique", disse um funcionário. Apesar do mantra "notícias que você pode usar", a U.S. News atravessa fase de desafio. A circulação caiu 5,7%, a equipe, que já era pequena, está ainda menor, com a demissão de 20 dos 242 funcionários, e a publicação fechou suas três última sucursais estrangeiras.