ASPAS
EDUCATIVOS
"Deputado propõe programas educativos no horário
nobre da TV", copyright Folha Online, 12/06/01
"A Comissão de Educação da Câmara dos Deputados vota amanhã o projeto de lei que propõe uma cota de 30 minutos no horário nobre da TV para programas educativos.
O autor da proposta, Givaldo Carimbão (PSB-AL), afirma que tem como objetivo tornar a televisão um instrumento que ajude a melhorar e ampliar a educação no Brasil.
Segundo o relator do projeto na comissão, Luís Barbosa (PFL-RR), os programas deveriam ser exibidos entre 19h e 21h, o horário de maior audiência. Os congressistas também pensam em estender a obrigação a emissoras de rádio, que reservariam um espaço de meia hora entre 21h e 23h.
O projeto enfrenta dois empecilhos para ser aprovado nesta quarta-feira.
O primeiro é o forte lobby das empresas de televisão. Para veicular comerciais no horário nobre, os anunciantes pagam os preços mais altos de toda a grade televisiva. As emissoras temem que a audiência sofra queda com a medida.
O segundo problema é a própria votação na Câmara, que não ter quorum na sessão de amanhã por causa do feriado de Corpus Christi. As informações são da Agência PontoEDU."
CULTURA E ARTE
"Para manter o título de capital cultural do país",
copyright O Globo, 13/06/01
"Ah, a TV Cultura e Arte, a maneira mais fácil de o Ministério da Cultura gastar o dinheiro do contribuinte, vai de vento em popa. Desde sábado, ela passou a transmitir durante 48 horas semanais. Não é um espanto? Ao mesmo tempo em que transmite cultura, o ministério colabora com o governo e economiza energia. Uma televisão que só funciona 48 horas por semana representa uma economia de 120 horas semanais de energia. Já pensou o que isso significa em kwh? Agora, todo mundo pode ver a TV Cultura e Arte entre 12h e 14h, entre 18h e 20h e entre 22h e 24h, de segunda a sexta. Nos fins de semana, ela fica no ar entre 12h e 15h, entre 17h e 20h e entre 21h e 24h. Segundo o ministério, ?a ampliação dos horários faz parte do processo de democratização do acesso ao conteúdo cultura da nova TV?. Que tal? Eu já resolvi: vou comprar uma agenda nova só para anotar os horários em que a TV Cultura e Arte está no ar.
O quê? Você ainda não conseguiu assistir à programação da emissora do Ministério da Cultura? Mas é tão fácil! Bem, é que a democracia da TV Cultura e Arte ainda não abrange todo o país. Por enquanto, sua imagem é captada nas cidades de Brasília, Goiânia, Belém, Campina Grande, Florianópolis, Balneário Camboriú, Curitiba, Foz do Iguaçu, Natal, São Paulo e Ubatuba. Como se sabe, o processo de democratização do acesso ao conteúdo cultura é lento e gradual. Qualquer dia eles chegam ao Rio. E em Porto Alegre. E em Belo Horizonte…"
"Cultura e Arte faz parceria com a TV Escola", copyright
O Estado de S. Paulo, 18/06/01
"A TV Cultura e Arte, canal a cabo mantido pelo Ministério da Cultura, passa a mostrar sua programação, a partir de hoje, na ampla rede da TV Escola (acessível em todos os centros educacionais que contam com antena parabólica). ?A parceria com a TV Escola ampliará de forma significativa o nosso alcance?, afirma José Álvaro Moisés, secretário do Audiovisual e diretor do canal. Por seus cálculos, a TV Cultura e Arte poderá chegar a público potencial de 8 milhões de espectadores.
?Trata-se de segmento qualificado, composto por formadores de opinião e, portanto, capaz de ajudar o País a afirmar sua identidade cultural e a difundir sua produção simbólica?, explica Moisés.
A TV Cultura e Arte foi ao ar, pela primeira vez, no dia 30 de abril.
?Infelizmente, a quase totalidade do que se escreveu sobre ela fez de sua instalação o motivo, quando, na verdade, o que nos interessa é que avaliem nossa programação?, lamenta o secretário.
?Estamos exibindo bons filmes, bons documentários, bons programas?? Moisés acredita que sim e lembra que a TV Cultura e Arte nasceu de exigência legal.
Ela foi criada pela Lei n.? 8.977, de 1995. Os primeiros 48 dias do canal a cabo, voltado 100% à difusão de projetos culturais e artísticos, foram prestigiados por espectadores das operadoras TV A e NEO-TV. O secretário do Audiovisual aguarda novos parceiros. ?Estamos em contato com 20 operadoras do Grupo NET, interessadas em oferecer o canal a seus assinantes.? A TV do MinC iniciou sua trajetória com 16 horas semanais de imagens.
Desde o dia 9, são 48 horas semanais, o triplo da fase inicial. Moisés solicita aos críticos da instalação da emissora que desarmem seus espíritos, assistam aos programas e façam a sua avaliação. ?Eles são bons, são ruins, são úteis? Constituem uma alternativa? Ajudam na formação de espectadores mais críticos e exigentes?? Essas, garante, ?são as questões essenciais?.
Afinal, pondera, ?a TV Cultura e Arte pretende preencher lacuna existente na TV brasileira (a da difusão cultural sem fins lucrativos)?.
Com a criação das leis Rouanet e do Audiovisual, os produtores puderam realizar filmes e vídeos com recursos incentivados pelo governo. Ou seja, as empresas que patrocinam projetos culturais desfrutam de descontos no Imposto de Renda. Na prática, o dinheiro é público. Por isso, o MinC tem o direito de exibir filmes e vídeos (realizados com recursos incentivados) no canal recém-criado. É a chamada contrapartida. O produtor permite que seu filme ou vídeo seja exibido em canal sem fins lucrativos.
Por enquanto, a TV Cultura e Arte só atinge 12 cidades e algumas capitais (São Paulo, Brasília, Goiânia, Curitiba, Florianópolis e Belém). As outras praças são cidades de médio porte (Campina Grande/PB e Foz do Iguaçu/PR) e outras menores (Balneário Camboriú/SC, Caratinga/MG e Ubatuba/SP). À medida que operadoras do grupo NET se integrarem ao projeto, o alcance do canal do MinC ganhará a capilaridade sonhada pelo secretário Moisés.
A parceria com a TV Escola permitirá, aos professores, contato permanente com filmes (ficcionais, documentais e de animação) e vídeos sobre temas ligados à história, ciência, cultura e arte brasileiras.
Será exibido também, reforça o secretário, o melhor da cultura internacional. Ele cita o caso do filme O Estranho, de e com Orson Welles (The Stranger, 1946).
Redescoberta – No ano passado, em comemoração aos 500 anos do Brasil, o MinC, em parceria com o MEC, produziu o projeto Redescoberta do Cinema Brasileiro. Foram apresentados cem títulos de curta e longa-metragem, reunidos por afinidade temática em rede que agregou a TV Cultura de SP e a TV Educativa do Rio com suas afiliadas, a TV Senado, a TV Câmara e a TV Escola.
A TV Cultura de São Paulo é responsável pela parte operacional da TV Cultura e Arte. Os paulistas podem sintonizar a emissora pelo Canal 16 (TV A).
Brasília, Goiânia, Belém, Campina Grande, Florianópolis e Balneário Camboriú (pelo Canal 21); Curitiba e Ubatuba (56), Foz do Iguaçu (65) e Natal (31).
Quem quiser informar-se sobre a programação diária da TV Cultura e Arte pode enviar e-mail aos responsáveis pelo projeto (tvculturaearte@minc.gov.br)."
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"Documentários enfocam Josué de Castro e
Autran Dourado", copyright O Estado de S. Paulo, 18/06/01
"Quem se deu ao trabalho de sintonizar a TV Cultura e Arte nos poucos horários que ela disponibiliza, deparou-se com agradáveis surpresas. E com fonte renovável de conhecimento. Na sua primeira semana no ar, a emissora brindou o público com sessão especial de Gaijin, Caminhos da Liberdade (1980), o melhor trabalho de Tizuka Yamasaki. Quem conhece o filme, sabe que ele traça nuançado painel dos sofrimentos de japoneses que migraram para o Brasil no começo do século passado. Entre eles, a avó da cineasta. Se não fosse pela originalidade do tema, o filme valeria a pena por seqüência muito especial: a que mostra José Dumont ensinando, na base da mímica, lavradores japoneses a colher grãos de café sem destruir as folhas das ramas.
Algumas semanas depois de Gaijin, o canal do MinC exibiu o delicioso documentário (com inserções ficcionais) Bananas Is My Business, de Helena Solberg, cinebiografia da cantriz Carmem Miranda. Entre os títulos estrangeiros, O Estranho, obra menos conhecida de Orson Welles, merece destaque.
Os filmes do Cultura e Arte são poucos. Em compensação, os documentários de curta e média-metragem são abundantes. Quem viu Josué de Castro, Cidadão do Mundo, de Sílvio Tendler, não se informou apenas sobre a trajetória do autor de Geografia da Fome, livro que Roberto Rossellini planejou filmar (não conseguiu por falta de grana, mas chegou a visitar locações na Bahia).
Tendler estabelece ponte entre o pensador da fome no Terceiro Mundo e dois de seus discípulos artísticos, o baiano Gláuber Rocha (1939-81) e o pernambucano Chico Science (1966-97).
O livro Geografia da Fome, publicado em 1946, encheu de idéias a cabeça de Gláuber. Em 1965, ele participou de um congresso de cinema na Europa, ocasião para apresentar o manifesto Estética da Fome. Em outro momento de seu documentário, Tendler mostra que Chico Science também foi devoto de Josué de Castro (1908-69). Em ótimo depoimento, o profeta do Mangue Beat reconhece a fertilidade das idéias de Josué de Castro contidas em Geografia da Fome.
Muitos dos que acompanham o trabalho crítico do ensaísta Olívio Tavares de Araújo, em jornais ou livros, sentem desejo de conhecer os documentários que ele realizou com vários artistas plásticos brasileiros (Volpi, Brennand, Farnese, Rebolo, Grassman, Siron Franco, Tomie Otake, Guignard, Lívio Abramo, Bracher, etc). Pois agora, basta sintonizar o canal do MinC, para assistir aos mais significativos projetos audiovisuais de Araújo.
Já foram exibidos (e serão reprisados, claro, pois a TV a cabo permite que se veja e reveja um bom programa) documentários (de diversos realizadores) sobre o pintor João Câmara, o escritor Autran Dourado (que em breve chegará aos cinemas com adaptação do romance Um Vida em Segredo, assinada por Suzana Amaral), o folclorista Luiz da Câmara Cascudo, o sociólogo Gilberto Freyre e o dramaturgo Ariano Suassuna. Enfim, uma série de personalidades da história cultural brasileira.
Se não fosse o cinema da memória, cultivado por realizadores de vocação similar à de Silvio Tendler, quem se lembraria de Josué de Castro? O ideal — ninguém há de negar — é que as TV educativas, culturais e universitárias brasileiras unissem forças e se transformassem em opção de peso para quem está saturado com as apelações da TV comercial brasileira (que, sejamos justos, tem seus rompantes de qualidade, em especial no terrenos das micro e minisséries). Mas, infelizmente, vaidades políticas e/ou regionais impedem que isso ocorra. Vinga o lema de Macunaíma, que Werner Herzog usou como título original de O Enigma de Kaspar Hauser: ?Cada um por si e Deus contra todos.?
É nesse contexto de fragmentação da TV pública brasileira que o Canal MinC se insere. Que aproveitemos, pois, suas horas dedicadas ao produto de boa qualidade. E aí se incluem a simpática Revista do Cinema Brasileiro (produzida por Marcos Altberg) e a ampla retrospectiva do curta-metragista Humberto Mauro, prometida por José Álvaro Moisés.
Mauro produziu 200 curtas no Ince (Instituto Nacional do Cinema Educativo).
Esse precioso acervo está engavetado nos ?porões? da Funarte. Se trouxer à luz (nestes tempos de trevas) todo o acervo mauriano, a TV Cultura e Arte estará justificando cada centavo gasto em sua manutenção."
TV PAGA
"O estigma de ser ?anormal?", copyright Valor Econômico,
15/06/01
"Ricardo, um anão americano, casado com Meg, também anã, pede à sua filha de 9 anos, um pouco mais alta que ele, que abra a porta de uma loja. O casal ficou surpreso pelo fato de a filha não ter nascido anã e a casa, adaptada para o casal, sofreu novas alterações. Esse é um dos casos apresentados no programa ?Pequenas Pessoas, Grandes Vidas?, primeiro da série inédita ?Incríveis Mistérios Médicos?, que começa segunda, no GNT, às 19h30.
Fotógrafo, Ricardo passou a valorizar seu corpo e o de outros anões com o seu trabalho, além de registrar as pessoas ?normais? ao seu modo: da cintura para baixo. No especial, ele conta que já sofreu muito por ser considerado diferente, estranho. Assim como Jim, um adolescente de 17 anos, prestes a se formar no colegial. Encomendar a roupa para a formatura não é novidade para ele, mas sim rotina.
A história de Jim é mais complicada, pois a má formação de seus ossos faz com que ele ande cambaleando e tenha de passar constantemente por operações nos ossos das pernas. Dançar na festa de formatura foi uma glória. O adolescente participa de um encontro anual de anões dos EUA.
O programa acompanha também um casal prestes a ter uma filha. Eles só descobrem que ela vai ser anã semanas antes de nascer. A mãe teme que a filha não se adapte ao mundo.
No segundo programa, terça, às 19h30, os obesos tomam a cena. Em comum com os anões, os gordos em excesso também são estranhos ao mundo. Grandes, espaçosos, comilões, não acompanham o ritmo dos demais nos esportes, por exemplo. Uma adolescente lamenta não ser feliz como gostaria por estar bem acima do peso. Diferentemente dos anões, os obesos não nascem como tais. O problema, crescente nos EUA, pode até ser genético, mas é agravado por razões sociais.
O homem mais gordo do mundo e um outro que perdeu 270 kg contam como é viver num mundo feito para magros, com o apelo do ?corpo ideal? mais forte que nunca. O episódio ?A Epidemia da Gordura? mostra como a doença pode ser resultado da depressão e que esta, por sua vez, agrava a obesidade. Uma verdadeira bola de neve.
A série, que deveria se chamar ?Incríveis Histórias Humanas?, pois há mais causos e menos relatórios médicos, fecha com um assunto ainda mais raro: o hermafroditismo. Em ?Gênero Desconhecido?, quarta, 19h30, impressiona a naturalidade com que os hermafroditas falam sobre sua vida – diferente dos programas anteriores. Max, um homem casado e com um filho, foi, até os 20 e poucos anos, Judy. E sua mulher está com ele desde essa época, em que vivia como homossexual.
No começo, tudo é confuso, principalmente para os pais. Max foi criado como uma mulher e decidiu ser homem depois de adulto. Patrick, um pequeno hermafrodita de 6 anos, está sendo criado como um menino. Os pais acreditam que é a maneira como ele se sente que vai determinar sua sexualidade no futuro. Mas o pai já adianta: ?Ele age como um garoto quando brinca.?"