Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O crime vai às urnas

Os jornais entraram para valer no noticiário sobre a tentativa de grupos criminosos de consolidar seu poder político no Rio de Janeiro.


O Tribunal Regional Eleitoral recusou a oferta de uma força federal de segurança para liberar o acesso de todos os candidatos às comunidades dominadas por traficantes e milicianos, mas organiza a formação de um grupo especial formado por policiais civis e militares e pela Polícia Federal. Também serão solicitados reforços de outros Estados para o serviço de inteligência.


Segundo o secretário de Segurança, citado pelo Globo, seria necessário um exército de dez mil soldados para retomar as áreas dominadas pelo crime organizado e recompor a presença do Estado em toda a cidade do Rio de Janeiro.


Num de seus minieditoriais, o Globo observa que de pouco adianta as autoridades estaduais negarem o registro de candidatos com ficha suja, por mais evidentes que sejam suas ligações com as quadrilhas, se o Tribunal Superior Eleitoral insistir em só bloquear aqueles que tiverem condenação definitiva.


O jornal faz a pergunta que interessa à sociedade: a Justiça vai sancionar os candidatos dos currais eleitorais do crime?


Só no Rio?


A questão remete também à iniciativa da Associação dos Magistrados Brasileiros, que continua a atualizar sua lista de candidatos com ‘ficha suja’.


A AMB já havia inserido na lista a ex-prefeita de São Paulo e atual candidata Marta Suplicy. Na terça-feira (29/7), foi incluído na relação o prefeito Gilberto Kassab. Ambos têm contra si processos em grau de recurso e aguardam decisões da Justiça em instâncias superiores. Mas nada que se compare à folha corrida de alguns candidatos cujas fichas policiais estão sendo examinadas pelo TRE do Rio.


Os jornais estão tomando o devido cuidado de mostrar a diferença entre os dados da AMB e os relatos policiais que indicam uma ofensiva planejada do crime organizado para colocar nas Câmaras Municipais e em algumas prefeituras candidatos que venham a facilitar suas ações no futuro.


A única questão que o observador faz é a seguinte: será que é só no Rio de Janeiro que o crime está invadindo a política?