Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O desrespeito à cidadania

SOS DA DEMOCRACIA

Vera Silva (*)

Lendo no Observatório da Imprensa de 11/7/01 os artigos "Radiodifusão e indústria audiovisual", sobre o projeto de lei que pretende regulamentar a difusão audiovisual, de Nelson Hoineff; "O totalitarismo digital", sobre a MP 2.200, que trata de certificação digital, escrito por Pedro Antonio Dourado de Rezende; "Sobre a redução da idade penal", diminuindo a idade penal para 16 anos, escrito por Rosaria de Fátima Almeida Vilela; "Formadores de opinião. Que opinião?", discutindo a estranha parceria entre a grande imprensa e o Judiciário, de Ana Lúcia Amaral, vi-me forçada a concluir sobre a falência da democracia no Brasil e no mundo [remissões abaixo].

A democracia somente funciona, parece, para garantir os direitos imorais dos que exploram o trabalho dos cidadãos do mundo em favorecimento próprio. A maioria trabalha para a minoria usufruir e gasta o dinheiro de seu trabalho consumindo aquilo que a minoria quer produzir.

Os exemplos brasileiros discutidos nos artigos que mencionei acima são verificados no dia-a-dia de cada um de nós. Quando você vai fazer suas compras semanais, é comum não encontrar no mercado o produto de sua preferência, substituído por um outro que está em promoção. Ou então é o produto que, apesar da embalagem ser igual às outras e quase do mesmo tamanho, contém volume menor, embora custando o mesmo preço ou, roubo dos roubos, uns centavos mais barato.

É comum também, ao esperar o ônibus, o cidadão ser agredido pela babel de músicas tocadas pelos ambulantes que vendem CDs piratas, ou ser sufocado e impregnado pela fumaça malcheirosa dos churrasquinhos dos ambulantes. Ou ainda ser ameaçado em sua integridade física pelo motorista que não respeita o sinal vermelho ou pelo governo que não respeita as promessas de campanha.

Assim, os exemplos descritos nos artigos, a MP do apagão etc. são resultado da apatia gerada por nos acostumarmos com os exemplos acima, tirados do cotidiano brasileiro. Será necessário que perturbemos a mídia, o Judiciário, o Executivo e o Legislativo nacional, estadual e municipal com as nossas reclamações e exigências de respeito aos nossos direitos para que coisas como essas possam deixar de ocorrer aos nossos netos ou bisnetos.

A acomodação ao desrespeito no cotidiano é que gera o monopólio da corrupção sobre nós.

(*) Psicóloga


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