CARTAS
UNIVER$$$$IDADES
Sou professor de uma instituição pública, que além de ensino desenvolve pesquisas, a UnB. Fui aluno de primeiro, segundo e terceiro graus públicos, hoje sou doutorando de uma universidade também pública. Também "atuo" como professor de faculdades privadas, aqui em Brasília. É lamentável ler sobre toda essa baderna patrocinada por um governo que finge, muito competentemente, levar a educação a sério. São fábricas de diploma sim, senhor. Os alunos dessas faculdades, algumas até já são chamadas de universidades(!?), sabem que estão pagando para obter um canudo, não importa se demonstram ou não bom desempenho nas diversas disciplinas em que estão matriculados. A relação é a da venda de um serviço, e se professores "dificultam" as coisas para tais clientes as coordenações não hesitam em defender "só mais um trabalhinho", "mais uma provinha", enfim, temos sempre que dar um jeito de aprovar todo mundo, porque se não for assim reprovados somos nós, os professores "que cobram demais".
Levamos mais de 50 anos para desenvolver um modelo de ensino e pesquisa, que por aqui por baixo neste nosso hemisfério é sem dúvida, jóia rara, para termos que assistir a tamanha bandalheira comandada de dentro do próprio MEC.
A universidade pública foi, é e deve continuar sendo a referência do bom ensino e da pesquisa necessária e também de qualidade. Não significa dizer que tudo já está resolvido e só falta o dinheiro "do governo" chegar! A discussão é rica e contínua, e tenho certeza de que, se os governos atrapalharem um pouco menos, chegaremos a soluções para os nossos problemas, mas o que ocorre no setor privado não passa de piada, piada de mau gosto contra que ainda quer pensar este país com alguma seriedade e não como um grande balcão de negócios, negócios sujos!
Freqüento assiduamente o site do Observatório, gostaria de parabenizá-los pelo trabalho, é um dos poucos na mídia que levam o leitor ou espectador à reflexão. A educação no Brasil não pode ser avaliada isoladamente, é um parâmetro de uma sociedade que engatinha no regime democrático. Foram tantos anos debaixo das asas madrastas da ditadura que mal reconhecemos o seio materno. Ainda estamos impregnados pelo ranço da submissão, e nos parece difícil romper a inércia e reivindicar direitos. Reivindicar um ensino de melhor qualidade por um preço acessível é certamente o pensamento dos que não têm oportunidade de estudar numa universidade pública. São muitas as dificuldades desses heróis solitários que saem com o dia ainda escuro para o trabalho e retornam com a noite já adiantada. Os desafios são diários: transporte insatisfatório, conceito E; saúde pública insatisfatória: conceito E; segurança insatisfatória: conceito E, e mais, mais ainda. Ainda sobra energia suficiente para acordar outro dia e fazer tudo de novo. E mesmo quando o ideal persiste vem o dia trazendo 24 horas, oito para o trabalho, mínimo de três para o transporte, quatro para a faculdade, uma para o estudo, uma hora para alimentação, duas para o convívio familiar e a higiene pessoal. Restaram seis horas para o sono.
Conclusão: não sobrou tempo para a reivindicação. A saída era que fôssemos bem representados nos judiciários, executivos, legislativos e "midiativos". Mas resta-nos o voto e o controle remoto. Estamos engatinhando na democracia. A desigualdade social é o sintoma mais agressivo dessa patologia. Os lucros são privatizados e permanecem nas mãos de poucos, as perdas são habilmente socializadas entre a massa já cinzenta do cérebro social. Que o dumping é uma irregularidade é fato, mas que existe um verdadeiro "cartel educativo" entre as universidades particulares ainda é mera conversa de bêbado.
Mas bem que poderia ser discutido pela mídia.
TJ UERJ
Antônio Brasil citou o projeto Telejornalismo.com, a propósito do encontro na Uerj que discutiu o webtelejornalismo por ocasião do lançamento do site Tjuerj. Os alunos da Uerj estão de parabéns pelo pioneirismo: o primeiro telejornal online universitário. Pode-se questionar o uso da expressão "telejornalismo online", mas é o que temos. Pelo menos, por enquanto.
A iniciativa do Telejornalismo.com é, na verdade, uma tentativa de mudar o panorama conceitual e prático do telejornalismo na web. Ou melhor: pretende chegar a um consenso sobre o que vem a ser o jornalismo audiovisual na web a partir da prática laboratorial nas universidades. O telejornal da Uerj foi o primeiro a ser agregado ao site-raiz telejornalismo.com. Outros virão. Universidades do Rio, de Recife, Niterói e Presidente Prudente, em São Paulo, já demonstraram interesse. Com o tempo, formaremos uma rede universitária de telejornais online. Democrática, criativa, a partir da qual estudantes e professores poderão mostrar sua produção e trocar experiências entre si.
Quem sabe chegaremos a um consenso sobre a melhor forma de praticar o jornalismo audiovisual na internet?