ESPÍRITO SANTO
Victor Gentilli
O Espírito Santo vive hoje uma situação absolutamente surreal. O volume de denúncias envolvendo o governador José Ignácio Ferreira (PSDB) alcançou uma dimensão impressionante. O próprio governador já não nega mais nada.
Jornais e jornalistas do estado e do país sabiam dos problemas e das irregularidades há algum tempo. Apuravam, com cuidado e critério. Quando, porém, Theodorico Ferraço levou suas fitas, CDs e denúncias para o Ministério Público e para a imprensa ? atendendo a um desafio do próprio governador ?, o processo saiu completamente do controle. Isto em abril. Antes, o governador não tinha concorrrentes para a sucessão e o presidente da Assembléia ? acusado pela CPI do Narcotráfico ? tinha sob controle 27 dos 30 deputados da casa.
Nas duas últimas semanas, a crise no Espírito Santo chegou aos jornalões e às revistas semanais. No jornalismo local, a Rede Gazeta, com a TV Gazeta, o jornal A Gazeta e a rádio CBN local ficaram os meses de abril, maio e junho sozinha. O jornal A Tribuna insistia em que os indícios não eram prova de nada.
Hoje, há um processo de impeachment na Assembléia em recesso, mas há um movimento forte defendendo uma intervenção no Estado.
O argumento formal para a intervenção é o descumprimento da destinação de verba para educação. Mas a realidade é que toda a linha sucessória (governador, vice-governador e presidente da Assembléia Legislativa) não atende aos requisitos mínimos para tocar o Poder Executivo estadual.
Com as últimas informações do Ministério Público mostrando o envolvimento do "lobista" Edgard dos Anjos na ponte entre o Estado e a Assembléia ? informação de primeira mão do Jornal do Brasil do dia 20 de julho ? a situação ficou definitivamente encalacrada.
A mídia ? local e nacional ? não pode mais tirar os olhos do Espírito Santo.