MÍDIA EM CRISE DE CREDIBILIDADE ? II
Jornais saíram-se mal, a televisão ficou em pior situação (11%) mas um pouco melhor do que a internet e as rádios (empatados com 5%). No papel de lanterninhas do processo de comunicação, as revistas saíram-se com apenas 3% de credibilidade, ligeiramente acima da linha de desconfiança absoluta. Só ganharam dos desmoralizados clubes de futebol (hoje com 2%), do Congresso (sinônimo de impunidade, com 1%) e dos partidos políticos com credibilidade zero.
Expoente do jornalismo fiteiro, o bravo semanário da Editora Três ainda não conseguiu explicar como é que apresentou como verdadeira uma fita que agora comprovou-se ser falsa [veja Aspas, nesta rubrica]. IstoÉ aceitou entrar numa farsa sem ao menos dar-se ao trabalho de convocar um foneticista para verificar a validade da gravação. Simplesmente transcreveu parte do seu teor e achou que estava dando uma lição de jornalismo investigativo.
Na sua última edição (22/8, págs. 26-29), depois de três semanas de fortes suspeitas vocalizadas pelos principais jornais, a revista afinal admitiu a montagem da conversa. Mas não pediu desculpas aos crédulos leitores, as maiores vítimas do engodo.
Foi em frente: revelou como deu-se a montagem da fita mas não esclareceu como é que um material falsificado chega a uma publicação séria e, em seguida, sem qualquer tipo de checagem e averiguação, converte-se em matéria da capa. IstoÉ não está sozinha: a mídia reproduziu simultâneamente a transcrição que a revista distribuiu para todas as redações.
A crise de credibilidade finalmente detectada tem muito a ver com a transformação da imprensa brasileira em veículo a serviço da arapongagem.