Tuesday, 19 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

O pai da criança

TABLÓIDES

Uma divertida briga entre os tablóides nova-iorquinos pela paternidade da idéia de "bebê chorão": é o que conta Felicity Barringer, em matéria para o New York Times (3/9/01). Na quarta-feira, dia 29, o New York Post publicou uma figura com a cabeça de Alan Hevesi, candidato democrata, sobre um corpo de criança de fraldas. "Bebê chorão", dizia o Post, criticando-o por seus ataques ao prefeito da cidade, Rudolph Giuliani, e ao jornal.

O Daily News respondeu com acusação de plágio. Um seu colunista, Michael Kramer, disse que o Post havia copiado a idéia do News, que usou a imagem de um político de fraldas em 1995, sobre a foto de Newt Gingrich. Em seguida, um antigo editor do New York Newsday lembrou no sítio Medianews.org que o jornal havia feito o mesmo com os rostos de Giuliani e do prefeito David N. Dinkins já em 1993.

Os arquivos online mostram que rotular personalidades de "bebê chorão" já se tornou um passatempo jornalístico. Desde 1991, manchetes com esses dizeres apareceram em vários jornais, em artigos sobre as mais diversas celebridades, como Tiger Woods, George W. Bush, Bill Clinton e artistas de Hollywood.

 

EUROPA

Na Inglaterra, acaba de começar a "estação frívola", quando a fofoca substitui o que normalmente é aceito como notícia, anuncia Steven Erlanger [The New York Times, 3/9/01]. Embora os países europeus ? e seus jornais ? sejam considerados mais sóbrios que o americano, a publicação de fotografias de dois líderes políticos fez sensação na Alemanha e na França.

O ministro da Defesa alemão, Rudolf Scharping, em visível esforço para mudar seu perfil perante o público, deu à popular revista Bunte acesso exclusivo a fotos suas com a namorada. O gesto foi ridicularizado, mas após usar um avião do governo para visitar as tropas alemãs na Macedônia e rapidamente voltar para a namorada na Espanha, Scharping foi duramente criticado, e corre o risco de perder o cargo. O normalmente moderadoSüddeutsche Zeitung escreveu em editorial: "O ministro estava aparentemente tão enlouquecido por um desejo ardente que voou para Maiorca em uma noite, depois voou para Skopje visitar os soldados, e voltou. Qual é o impacto disso para os soldados na Macedônia, quando seu comandante, envolvido em odor de perfume, desce, aperta algumas mãos e depois viaja para os braços da amante?"

Na França, o presidente Jacques Chirac aparentemente foi fotografado nu no terraço de sua casa de verão. O investigativo e sarcástico semanal Le Canard Enchaîné deu a notícia, dizendo que o presidente estava com "os principais órgãos do Estado" à vista. A manchete dizia: "O rei está nu! Pânico no castelo." O editor do Paris Match disse que as fotografias lhe foram oferecidas, mas que as rejeitou. "Considerei-as humilhantes e degradantes", afirmou Alan Genestar. Até mesmo o prestigiado Le Monde dedicou uma matéria de capa para investigar se Chirac estava mesmo pelado ou vestindo roupas íntimas. Por um acaso, o Match acaba de abrir uma exposição de fotos da vida privada dos presidentes franceses. A foto de Chirac não estará lá, assim como a de François Mitterrand em seu leito de morte, que o jornal publicou na época e pela qual foi severamente criticado.

 

NBC

O confronto entre a NBC e um congressista americano em razão de uma fita que supostamente mostraria Jack Welch, presidente da General Electric, influenciando a cobertura da noite da eleição de 2000, teve destaque na terça-feira (dia 4), quando a rede propôs trégua.

Seguindo o rumor de que Welch havia sido gravado orientando os noticiários da NBC para declarar Bush vencedor, o congressista Henry Waxman ordenou que o chefe da rede, Andy Lack, entregasse a fita até terça-feira à noite.

Na última edição da Vanity Fair, Jack Welch disse que não houve nada clandestino em sua visita ao centro de operações da NBC na noite das eleições. Lack também nega o rumor. Inicialmente, informa Pamela McClintock [Variety, 5/9/01], Andy Lack disse ao congressista que não haveria problema em entregar a fita, se ela de fato existisse. Mais tarde, o jornalista recuou, dizendo não ser apropriado passar adiante tal item. O porta-voz da NBC disse que a rede não cumprirá o prazo estipulado por Waxman, mas seus executivos procuram uma solução viável.

"Nossa posição permanece a mesma. Entramos em contato com o gabinete de Waxman, e esperamos deixar esse assunto para trás", disse o comunicado da NBC. Phil Schiliro, do gabinete do congressista, confirmou a declaração da rede: "Eles expressaram interesse em tentar alcançar uma solução construtiva, que é de nosso interesse desde o começo."

Grupos de observadores de mídia apoiaram a NBC, enviando cartas a Waxman deplorando sua ameaça de exigir a fita na Justiça. "Acreditamos que tal atitude entre em choque com a Primeira Emenda", diz a carta enviada pelo Media Institute, Reporters Committee for Freedom of the Press e Society of Professional Journalists.

    
    
                     

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