Tuesday, 19 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Só a CNN está em Cabul

AFEGANISTÃO

Com a retaliação do governo americano iminente, Nic Robertson, correspondente da CNN em Cabul, experimentou a distinção dúbia de ser o único repórter de uma organização noticiosa americana no Afeganistão. Na manhã do dia 13, Robertson contou à CNN que o governo da milícia talibã alertou jornalistas ocidentais para que deixassem a capital afegã. Robertson disse a Eason Jordan, chefe de reportagem, que deixaria o país imediatamente. "Às 5 horas, ele ligou novamente dizendo que conversou com alguns funcionários do governo e que eles estavam preparados para deixá-lo ficar sob a condição de que aceitasse, por escrito, que não receberia proteção", disse Jordan.

O "contrato" de Robertson pode ser em vão, mas, por enquanto, garante que a CNN ? que perdeu grandes espaços no mercado televisivo desde sua cobertura majestosa na Guerra do Golfo, em 1991 ? será o único canal a transmitir a guerra in loco, segundo Dana Calvo [The Los Angeles Times, 16/9/01]. Repórteres da BBC estão na fronteira, sem conseguir entrar no país. O alerta do governo talibã pode não se estender a todas as organizações noticiosas. Jack Stokes, porta-voz da Associated Press, disse que seu correspondente em Cabul não recebeu ameaças, o que foi reafirmado pela Reuters.

Equipes jornalísticas que não puderem chegar a Cabul reportarão de Islamabad, capital do Paquistão. Mesmo a CNN tem equipe de 20 pessoas e dois transmissores de satélite em Islamabad, "um para transmissão ao vivo e outro de reserva, caso consigamos vistos para entrar na capital afegã", disse Jordan. Por enquanto, Robertson dá notícias à CNN por videofone.

CBS, ABC, Fox e NBC já têm correspondentes a postos na capital paquistanesa. "Não é um lugar muito seguro nesse momento", disse Sandy Genelius, porta-voz da CBS News. "E se Islamabad é perigosa, o Afeganistão é insano." Robertson é vice-diretor da sucursal de Londres da CNN. Esteve em Cabul cobrindo o julgamento de oito funcionários de saúde estrangeiros acusados de tentar converter muçulmanos ao cristianismo.

Muitos executivos de mídia não quiseram falar sobre a exclusividade da CNN. A ABC News disse que reservou recursos significativos para cobrir a área. Outros executivos, no entanto, disseram que, embora preferissem reportagens ao vivo de Cabul, também Islamabad está se revelando um local importante.

    
    
                     
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