CORRESPONDENTES
Enquanto jornalistas do mundo todo se desdobram para chegar a Islamabad, capital do Paquistão, a menos de três foras de carro da fronteira com o Afeganistão, emissoras americanas enfrentam a realidade de duas décadas de cortes sucessivos de orçamento no jornalismo internacional.
Ao contrário dos recentes conflitos na Macedônia ou das guerras civis africanas, as novidades no Afeganistão passaram a prender o telespectador americano em frente à TV ou o leitor ao jornal. No entanto, diz Felicity Barringer [The New York Times, 19/9/01], as informações sobre a rede terrorista coordenada por Osama bin Laden estão dispersas numa região hostil, justificando a preferência da mídia em cobrir de Londres.
Com a crise do mercado midiático nos anos 90, as emissoras de TV passaram a contratar profissionais para diversas funções, como tradução, edição e pesquisa de possíveis produtores locais, capazes de arranjar desde entrevistas até carros blindados. Mesmo assim, só estão preparadas para cobrir um conflito de longe.
Agora, com todas as atenções voltadas para a guerra contra o terrorismo, Islamabad se tornou presença obrigatória nos noticiários americanos. A CBS News contará com oito jornalistas na cobertura internacional, três deles em Londres. A ABC News e a NBC News apresentarão números semelhantes. A britânica BBC, por sua vez, planeja gastar de US$ 4,3 milhões a US$ 5,8 milhões extras para aumentar a cobertura local no Afeganistão e arredores. O investimento inicial, informa Ashling O?Connor [The Financial Times, 21/9/01], visa inserir um noticiário 24 horas sobre a região.
FIM DA EXCLUSIVIDADE
A festa da CNN como única emissora americana a noticiar de Cabul, capital afegã, parece ter chegado ao fim. A Reuters (19/9/01) informa que o Talibã solicitou ao correspondente da emissora, Nic Robertson, que deixasse o país. Robertson era um dos últimos jornalistas ocidentais que ainda permaneciam no Afeganistão.
Ele agora transmite de uma cidade afegã na fronteira. "Desta vez, a ordem que veio do líder supremo do Talibã, mulá Mohammad Omar, exigia a saída dos jornalistas sem qualquer exceção", disse o correspondente. "Nossa hora chegou."