WASHINGTON POST
Na coluna do dia 16/9, Michael Getler, ombudsman do Washington Post, observa que, apesar de ser pago para ser o cara chato que critica o jornal e ouve leitores ranhetas, recebeu poucas reclamações na semana que passou. A maioria dos e-mails, cartas e telefonemas cumprimentava o Post pela cobertura dos ataques em Nova York e em Washington. "E deveriam mesmo", escreve Getler, para quem o jornal produziu uma série de edições dignas de nota.
Às 13 h do dia 11, cinco horas após o primeiro avião ter colidido com a torre do World Trade Center, o Post lançou 50 mil cópias de uma edição especial ? com 20 páginas sobre as últimas notícias, 16 matérias, um editorial, três artigos de opinião e muitas fotos. No mesmo dia, às 22h45, foi fechada a edição de quarta-feira, esta com 74 matérias, dois editoriais, dez colunas opinativas e 150 mil exemplares extras (tiragem de mais de um milhão de cópias).
O Post não estava sozinho, observa o ombudsman, elogiando o esforço de tantos outros jornais que publicaram edições especiais, e a televisão americana que atuou com profissionalismo e habilidade. Mas esta é uma coluna sobre jornais, lembra Getler, sobre o Post "em sua melhor performance ? com reportagens compreensivas e escrita poderosa em um momento crucial de nossas vidas ?" e sobre as pessoas que, mesmo após assistir à TV e se conectar à internet, têm no jornal como uma espécie de fonte confiável e definitiva que lhes assegura estarem bem informadas. A TV e a internet são centrais para a comunicação moderna, e mais rápidas que os jornais. Mas estes têm o tempo como vantagem: "Tempo para pensar, para fazer mais reportagem, e tempo para editores experientes se posicionarem entre os repórteres e o público". Não importa o que vimos na tela, opina Getler, "jornais surpreendem por serem de alguma forma mais duráveis que vulneráveis, instintivamente ligados às nossas necessidades mais fundamentais, humanidade e senso de comunidade".