Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Guerra dentro da guerra

MÍDIA & PENTÁGONO

O Pentágono distribuiu palavras tranqüilizadoras sobre o acesso da mídia à "nova guerra" contra o terrorismo. Ainda assim, jornalistas americanos estão preocupados com a possibilidade de serem aos poucos tangidos à periferia quando os EUA enviarem suas tropas a um ataque efetivo.

Segundo Mark Jurkowitz [The Boston Globe, 4/10/01], essa possibilidade é aventada por editores de diversos veículos reunidos no dia 28 de setembro com Victoria Clarke, relações públicas do secretário de Defesa americano. No momento em que se detalhavam os procedimentos de cobertura das ações militares americanas, chegava a notícia de que as forças especiais dos EUA já estavam no Afeganistão havia várias semanas. Victoria, então, reiterou a política do Departamento de Defesa de não comentar qualquer questão que envolva "operações". Robin Sproul, chefe da sucursal de Washington da rede ABC, que compareceu ao encontro, disse que, embora o secretário Donald Rumsfeld seja acessível à mídia, surgiu a sensação de que as coisas já estão acontecendo e a imprensa não está lá.

Em entrevista ao Boston Globe, Victoria disse que está procurando "ativamente o espaço da mídia" e providenciando regras para a cobertura do combate. As discussões com a mídia, disse, são "muito, muito acadêmicas". Jornalistas dizem que entendem a necessidade de proteger os americanos, mas a campanha contra o terrorismo pode estourar uma nova batalha ? entre exército e mídia.

Durante a reunião de 28 de setembro, Victoria ouviu a uma infinidade de temores da mídia sobre possíveis restrições a notícias. Houve reclamações sobre o cerco fechado do Pentágono, medo da extensão da futura censura militar a reportagens além-mar, pedidos para inclusão de repórteres em unidades militares e até uma discussão espirituosa sobre se os últimos nomes e as cidades de alguns soldados poderiam ser revelados na mídia.

Observadores afirmam que os jornalistas estão em desvantagem nesta guerra. Para Frederick Schauer, professor de Primeira Emenda da Faculdade da Kennedy School of Government, de Harvard, a velha ladainha da imprensa sobre a Primeira Emenda [que garante a liberdade de expressão] para conseguir acesso a eventos não ajudará. "A Primeira Emenda não assegura à imprensa nacional direito de acesso a ações governamentais secretas."

    
    
                     

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