Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O Talibã não perdoa, prende

"JORNALISTA-ESPIÃ"

Na sexta-feira, 28 de setembro, a jornalista inglesa Yvonne Ridley, de 43 anos, foi presa ao tentar entrar no Afeganistão em trajes árabes e sem documentos de estrangeira. Yvonne está sob investigação por acusação de espionagem, segundo a Associated Press (29/9/01).

A jornalista, que trabalha para o Sunday Express, de Londres, estava no distrito de Dour Daba, leste do país. Dois guias afegãos foram presos com Yvonne, levada a Jalalabad. Sua câmera foi apreendida. Em transmissão monitorada no Paquistão, o Talibã disse que investigações estão em curso. O comunicado não dá pistas sobre a data do julgamento. A Grã-Bretanha, aliada dos EUA, não pode negociar a libertação da jornalista. Martin Townsend, editor do Sunday Express, disse que todos no jornal estão "extremamente preocupados com Yvonne e cooperando para assegurar uma libertação segura."

Em 6 de outubro, Zeeshan Haider, repórter da Reuters, informou que o mulá Mohammad Omar, dito líder espiritual do Talibã, ordenou a soltura de Yvonne. A jornalista deveria ser liberada na semana passada.

RICOS & FAMOSOS

A frivolidade está voltando ao jornalismo americano de celebridades. Bastou a estrela Jennifer Lopez experimentar um vestido de noiva. Apenas três semanas depois de capas dedicadas aos ataques terroristas, a revista People exibirá foto pomposa do casamento da cantora com Cris Judd.

"Ainda bem que ela não usava um vestido transparente", disse Carol Wallace, editora da revista. "Acho que as pessoas ainda estão ligadas em ricos e famosos." Para ela, People não está no mercado para se tornar uma Time ou uma Newsweek. "Pensamos: ?É um evento feliz, ela é uma superstar, por que não?"

A cada dia, o humor parece melhorar, à medida que jornalistas tentam ressuscitar o apetite do público por reportagens desligadas dos ataques terroristas. Mas a quem destacar e o que perguntar viraram problema. Astros estão em baixa, e têm evitado comentários que os façam parecer insensíveis. Usam seu espaço promocional para falar da tragédia ? exatamente o que a mídia de celebridades está evitando, segundo Ann Oldenburg, Kelly Carter e Jeannie Williams [USA Today, 4/10/01].

Mas tanto jornalistas de veículos de fofoca quanto estrelas-alvo desses veículos se sentem pouco à vontade tratando de assuntos pessoais como se nada tivesse acontecido. Então, sobre o que se fala? Terrorismo. "Acho que todos nós nos sentimos diferentes frente ao que é importante", disse Barbara Walters, a rainha das entrevistas com celebridades. Barbara parece uma nova mulher. Agora, inicia a conversa com seu convidado perguntando como foi afetado pelos ataques.

REVISTAS ECONÔMICAS

Quando as torres do WTC desmoronaram no dia 11 de setembro, fechando os mercados financeiros, revistas de economia correram a oferecer conselhos, mas com poucos fatos novos nas mãos. "E agora?" é a pergunta na capa da edição especial da revista Money. "Devo vender minhas ações? Minhas contas estão a salvo?" Repórteres da revista, segundo Paulo Colford [New York Daily News, 5/10/01], tratam desses assuntos elementares em 13 páginas sem fotos.

"Nossa primeira discussão foi se deveríamos fazer alguma reportagem", disse Robert Safian, editor-administrativo. "Seria grosseiro falar sobre finanças pessoais neste momento?" Os editores concluíram que era essencial continuar com o planejamento financeiro.

Com a reabertura das bolsas de valores americanas e as esperadas e sucessivas quedas, as revistas de administração financeira pessoal tiveram que reestruturar suas edições de novembro. Na Personal Finance, por exemplo, o editor Fred Frailey teve seis dias úteis para remodelar a edição, cuja capa diz: "Tempo de Reconstruir". "Foi, sem dúvida, o fechamento mais difícil em 15 anos na revista", disse. "Fiquei tão triste no começo que parecia um idiota. Precisei de um dia para que meus instintos jornalísticos me dessem um empurrão."

    
    
                     

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