Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Depois do grampo, a agenda

PRATO FEITO

Antes eram as gravações telefônicas que chegavam
às redações e convertiam-se automaticamente
em denúncia. O "jornalismo araponga" tirou o mandato
de um senador (ACM), justamente aquele que mais o utilizou. Chegou
a envolver a própria imprensa. Com a possibilidade do bumerangue,
o gênero ficou perigoso.

Agora dois semanários, Veja e Época,
deixaram seus gravadores de lado e resolveram empunhar a agenda
de um lobista de Brasília ? repetindo a mesma técnica
com outro equipamento.

Na semana iniciada em 22 de outubro as duas revistas descobriram
o lobista Alexandre Paes dos Santos. Aparentemente a fonte foi a
mesma, o Ministério Público, que conseguiu da Justiça
a necessária autorização para recolher no escritório
da sua firma fitas, vídeos, disquetes além da preciosa,
minuciosa e explosiva agenda.

A primeira matéria de Veja (24 de outubro, quase
quatro páginas) provocou violento editorial do Jornal
do Brasil
(republicado em outros veículos) porque lançava
suspeitas sobre um de seus acionistas, Nelson Tanure. Na segunda
matéria (edição de 31 de outubro) o assunto
encolheu ? menos de uma página.

Época adotou estratégia inversa: começou
com uma matéria curta (uma página, edição
de 22 de outubro) e no número seguinte levou-a para a capa
e estendeu-a por oito páginas.

Mas os jornais ainda não se empolgaram. E são eles
que podem fazer barulho. Em véspera de eleição,
a técnica de jogar suspeitas no ventilador para só
então buscar as provas pode mostrar-se perigosa. Especialmente
porque já há uma gravação gerando preocupações
para o governo petista do Rio Grande do Sul, sobre o apoio de bicheiros
à campanha eleitoral de 1999.

    
    
              
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