RPG E MÍDIA
Sonia Ramos (*)
Novamente me pego lendo e buscando na internet explicações para comportamentos tão violentos dos jovens. Eis que me deparo com as alegações de um indignado leitor e jogador de RPG, que condena o que foi dito durante o desenrolar do processo das meninas mortas em Teresópolis. Por coincidência, nesta semana vi na TV mais um caso de outra jovem que encontrou a morte. Uma prima alega que elas participaram de um jogo de RPG, e logo após a moça foi encontrada morta num cemitério abandonado. Mais coincidência é que na mesma semana das mortes de Teresópolis, que completam um ano.
A pessoa que escreveu o texto que acabo de ler, como tantas outras, é muito mal-informada. Não passou pelo desespero de perder uma filha de forma brutal, por isso nem deveria se pronunciar. As investigações são justamente para esclarecer os fatos, e as provas falam por si, doa a quem doer. O que mais aborrece é que certas pessoas, alheias aos acontecimentos, resolvem palpitar sobre o que não sabem e tentam ridicularizar pessoas que nem conhece a título de divertimento.
Quando foi dito que no livro "Gurp" existia uma foto mostrando um estrangulamento e ao lado a maneira de fazê-lo ? e sabemos que estes livros estão à disposição de menores facilmente influenciáveis ? não foi mera ignorância, como o leitor fez questão de colocar, pois diversos psicólogos americanos já fizeram pesquisas sobre crimes cometidos por jovens influenciados por literatura e filmes brutais. Se ele desejar, é só ler um pouquinho mais além de livros de RPG e obterá tais informações. Quando se fala do jogo fala-se do que nos foi apresentado no momento, um jovem que já engravidou 3 menores sem ter nenhuma responsabilidade, já ofereceu drogas a outras tantas e se aproxima destas jovens por intermédio do jogo de RPG, onde é chamado de "Mestre".
Só o desenrolar dos fatos provará se esteve ou não envolvido nas mortes.As meninas que participam dos "jogos" ou "rituais" que ele lidera declaram que nestes encontros rola álcool, drogas e inclusive se cortam para usar o sangue. O RPG é um jogo que ensina técnicas de combate e magia, e é um veículo para pessoas que usam drogas facilmente perderem o controle, se entregarem a uma fantasia.
Continuo a dizer: é um jogo violento e estimula nos mais sensíveis seus instintos. Não são apenas palavras de uma mãe que deveria pelo menos ser respeitada em sua dor, mas de personalidades como Bob Larson, renomado escritor e apresentador da Coalizão Nacional sobre violência na TV, Isaac Beonevwits, bruxo renomado que escreveu um livro ensinando os jogadores a mudar-se do jogo para a feitiçaria verdadeira, tamanha a semelhança entre o jogo e a magia.
Bem, esperemos que a polícia chegue a uma conclusão sobre os fatos. Isto não trará nossas filhas de volta, mas pelo menos servirá de exemplo para outros jovens incautos. Só lamento que a minha filha tenha entrado de "gaiata", pois se realmente foi uma vítima foi inocente, pois não jogava RPG e nem freqüentava rituais de magia.
Sonia Ramos, mãe de Fernanda Venancio Ramos, segunda vítima
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