THE WASHINGTON POST
Um esboço do Centro de Operações de Informação Estratégica do FBI, em Washington, suscitou e-mails e telefonemas de protesto ao ombudsman do Washington Post, Michael Getler. Em sua coluna do dia 21/10, ele conta que uma reportagem sobre o Centro, que reúne agências de inteligência e é o posto de comando da investigação dos atentados do 11 de setembro, apresentava um esquema gráfico do prédio.
"Isto foi absolutamente irresponsável e estúpido ? para não dizer perigoso para qualquer um que more perto do centro", reclamou um dos leitores. "Com todos os experts nos pedindo para ficar alertas, gráficos como este não melhoram nosso sentimento de proteção. Ao contrário, aumentam nossa percepção de que a mídia é indiferente àagrave; segurança e só quer ser a primeira a dar o pior", argumenta outro.
Getler concorda que neste caso o Post realmente se manteve indiferente. Mas explica que os repórteres pediram autorização ao FBI para divulgar o esquema do Centro, querendo com isso ilustrar o ponto chave da matéria: a consolidação dos esforços de diversas agências em um único lugar. Não houve reclamações do governo após a publicação e o jornal deixou claro, ao lado do desenho, que o FBI era a fonte do material.
Algumas pessoas podem ainda estar irritadas com o Post, escreve o ombudsman, "mas se admitirmos que o FBI estava confiante de não ter entregado nenhum segredo, então talvez esta explicação ajude alguns leitores a mudar de opinião sobre o jornal e como ele funciona".
Normalmente, os jornais não se explicam muito bem ao público e nem parecem sentir a necessidade de fazê-lo. Mas Getler observa que há uma preocupação comum à maioria das reclamações de leitores desde os atentados: acredita-se que o jornal esteja revelando segredos ao inimigo. "Isto raramente é verdadeiro, mas essa percepção, se não esclarecida, deixa cicatrizes na fidelidade dos leitores ao seu jornal local e à imprensa em geral."
