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"O jornalista brasileiro Renan Antunes de Oliveira, 52 anos, foi preso no sábado de tarde pela polícia iraniana no deserto próximo à cidade de Zahedan. O lugar, uma tríplice fronteira entre o país, Afeganistão e Paquistão, é uma das portas de entrada para a guerra. Autuado, Renan foi levado para uma cadeia, encapuzado e interrogado durante 30 horas. Seu notebook, câmeras e passaporte foram confiscados, mas já está num hotel e em segurança. A embaixada em Teerã está tentando providenciar sua liberação.

Correspondente do jornal ?Gazeta do Povo?, de Curitiba, e colaborador da no., Renan passa bem. ?Me perguntaram se eu já tinha estado em Israel ou nos Estados Unidos, se eu tinha vindo do Iraque?, contou por telefone. ?Mas estou sendo bem tratado, me serviram pão, arroz e lentilhas.? Bem-humorado, completou: ?preciso mesmo de uma dieta?.

?Estamos em contato com o Ministério da Cultura e da Justiça e providenciando a devolução do passaporte?, explicou o embaixador Cesário Melantônio. O diplomata não acredita que possa haver maiores problemas e que a questão é só de tempo. ?Perante os 2,5 milhões de refugiados que eles têm aqui, a coisa é simples.? Melantônio preferiu não se pronunciar a respeito do interrogatório ainda, sem confirmar com o jornalista e ouvir as autoridades locais.

Renan portava um visto de turista conseguido na embaixada do Irã, em Paris. Seu projeto era conseguir entrar no Afeganistão através de lá por conta do grande número de jornalistas já presentes na fronteira com Paquistão, ao sul, e das ex-repúblicas soviéticas, Usbequistão e Tajiquistão, ao norte. Na parte do deserto iraniano em território afegão estão se dando alguns dos piores combates entre a Aliança do Norte e o regime Talibã, mas por conta do escasso número de repórteres, lá, a história não chega ao público.

Tão logo receba de volta o passaporte, seus planos são de rumar para o Paquistão e continuar a cobertura."

Crianças afegãs viraram anjos. Vão se juntar às da África, Vietnã, curdas, palestinas, e outras cujos sonhos foram cassados antes de existirem. Vai, homem, criação fascinante e inviável! [Luís Humberto Martins Pereira é jornalista, fotógrafo e um dos fundadores da Universidade de Brasília]"