THE WASHINGTON POST
Ao mesmo tempo em que as ameaças e contaminações de antraz ganham dimensões maiores e escandalizam público e imprensa, jornalistas estão tendo pouco acesso às notícias do front ? e o Pentágono parece disposto a manter a estratégia. Na guerra contra o bioterrorismo, afirma Michael Getler [The Washington Post, 28/10/01], o oposto parece prevalecer: muita informação, mas grande parte confusa e contraditória; muitas vozes, mas a maioria confusa. Não há liderança que atraia a credibilidade do público.
Por força da ironia, no entanto, o grande desafio para a imprensa americana é justamente o secretário de defesa americano, Donald Rumsfeld. No dia 22 de outubro, Rumsfeld novamente abriu uma conferência avisando que funcionários do governo que vazarem informações estarão violando a lei federal e pondo a vida de soldados em risco. O secretário afirmou compreender o papel de uma imprensa livre, mas disse que seu aviso deveria fortalecer ainda mais o controle de informações e inibir relações entre repórteres de Washington e suas fontes.
A reportagem que provocou os comentários de Rumsfeld foi de autoria de Tom Ricks e Vernon Loeb, do Washington Post. Apesar de bem apurada, para o ombudsman do jornal, o caso vai além. Ao prestar contas, o Post repetiu sua política de não publicar material que crê colocar vidas em perigo. Afirmou também que "no caso do artigo em questão, o governo não fez nenhum apelo para que a informação fosse estancada". Mas a declaração não diz se o artigo foi discutido de antemão com o governo. Por outro lado, diz Getler, é possível que oficiais de elite do Pentágono soubessem da reportagem e tivessem dado um sinal em "off".