DIPLOMA EM XEQUE
Iluska Coutinho (*)
Um passeio pelas páginas de internet das instituições de ensino superior de Nova York revela que, segundo acreditam os americanos, a cidade é o laboratório ideal para quem pretende se tornar um jornalista, um repórter. Mas essa formação acontece, especialmente, após a graduação convencional, como uma espécie de especialização. Apenas uma das universidades que funcionam na chamada "capital do mundo" oferece o curso de jornalismo no nível universitário, como concebido no Brasil.
O departamento de Jornalismo da New York University, NYU, oferece o curso de Jornalismo e Comunicação de Massa como um de seus "undergraduate programs", cujo nível de exigência para acesso é apenas o segundo grau. Ah, sem falar na disponibilidade de muitos dólares para pagar os altos custos com educação, já que a maioria das instituições aqui é privada, e ainda assim seja comum receberem doações.
Por outro lado, em apenas dois semestres é possível se tornar um bacharel em Jornalismo, embora o candidato a profissional tenha que fazer uma opção entre Impresso, Rádio e TV (Broadcast) ou Análise e Crítica de Mídia. Segundo material da universidade, com o curso é possível desenvolver uma carreira em jornal, emissoras de radio ou TV, revistas ou ainda como crítico de mídia, atividade que aqui receberia um status profissional. Mais que isso, as competências de ler criticamente, pesquisar e escrever de forma clara, objetivos da formação, seriam essenciais para qualquer carreira.
O curso de Jornalismo, em suas três especialidades, se concentra nas habilidades de redação e reportagem. Assim, para se tornar um jornalista de impresso, por exemplo, entre as disciplinas exigidas apenas quatro (ou 50%) são obrigatórias: Mídia na América (o que aqui muitas vezes se restringe aos Estados Unidos); Reportagem I; Reportagem II e Feature.
A formação do estudante seria complementada com outras quatro ou cinco matérias, no máximo. A lista de escolha é grande e inclui a necessidade de opção por habilidades e conhecimentos que, para nós, seriam indispensáveis a um profissional do jornalismo. Sim, porque como Schudsom, Lage, Muniz Sodré, só para lembrar de algumas referências importantes na área e, diferentemente da juíza Carla Abrantkoski Rister, acreditamos que para ser jornalista são necessários saberes e técnicas específicas, profissionais.
Para "auxiliar" a escolha as disciplinas são divididas em técnicas/práticas e de aprofundamento/teóricas. O aluno pode optar por até quatro matérias relacionadas às habilidades profissionais: Fotojornalismo; Revisão/Edição; Entrevista; Reportagem Investigativa; Redação/Jornalismo Opinativo; Produção e Edição de Revistas; Jornalismo Online; Redação Jornalística para Rádio e TV; Reportagem de TV; Radiojornalismo; Telejornalismo; Televisão Avançada e ainda estágios ou estudos independentes, desde que aprovados pela instituição.
Prontos para decidir? Eu, confesso, não consigo fazer escolha. Isso porque ainda nem me "dediquei" a optar entre Mídia, Ética e Interesse Público; Jornalismo e Legislação; Mídia e Sociedade; TV e Explosão Informacional; História dos Meios de Comunicação, entre outras. Decido parar por aqui. Afinal, para ser jornalista, segundo a liminar da 16? Vara Civil da Justiça Federal de São Paulo, não é preciso "mesmo" nada disso?
(*) Jornalista, mestre em Comunicação (UnB) e doutoranda (Umesp); professora da Faesa/ES e pesquisadora associada na Columbia University com bolsa Capes