TALIBÃ CENSURADO
Abdul Salam Zaeef, embaixador do Talibã no Paquistão, é o representante do grupo terrorista mais familiar ao resto do mundo. Sua imagem se alastrou pelas telinhas desde o 11 de setembro. As emissoras americanas já estavam adotando o costume de deixar uma janela para o discurso do barbudo rechonchudo. Mas, segundo Liz Sly [The Chicago Tribune, 7/11/01], a brincadeira acabou.
Washington estava cada vez mais preocupada, e para poupar os americanos de mais esta aflição, o Paquistão proibiu o Talibã de dar qualquer declaração à mídia. Invocando norma de diplomacia internacional para "países de Terceiro Mundo", que proíbe diplomatas de usar seu status para atingir outros países, Zaeef foi intimado pelo ministério do Exterior e recebeu ordens para cessar as transmissões.
A opinião pública no Paquistão é fundamental aos EUA devido ao papel central do país como base para os americanos. Como os jornalistas estrangeiros não estão autorizados a pisar em boa parte do solo afegão, fica impossível apurar se as declarações da Zaeef são verdadeiras. Até 6 de novembro, quando a norma foi invocada, o embaixador dava todas as "notícias" sobre os ataques americanos ao Talibã e, na ausência de fatos provando o contrário, ataques talibãs contra o exército dos EUA ganharam cores mais fortes.
Silenciar Zaeef, no entanto, não parece uma medida eficaz para mudar a opinião pública no Paquistão. As imagens de casas destruídas e civis feridos, televisionadas toda noite, causam dano maior. A suspensão dos comunicados é um golpe para o grupo terrorista, uma vez que as declarações buscavam audiência.