Thursday, 28 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1316

Política de sigilo

THE WASHINGTON POST

Segredo em tempos de guerra é vital, e o público e as organizações noticiosas compreendem isso. Para Michael Getler, ombudsman do Washington Post, o desafio é encontrar o equilíbrio entre manter em sigilo o que realmente pode ser perigoso sem reduzir a abertura (maior força da democracia) e sem perder a confiança de que cidadãos informados apóiam as decisões certas.

Em coluna de 4/11, Getler reconhece que desde os atentados escreveu pouco sobre outra coisa que não as mudanças no mundo e a batalha pelo acesso à informação, restringida pelo governo americano. Em resposta a um leitor que reclama dos constantes "lamentos" dos jornalistas, Getler reafirma sua intenção de continuar escrevendo sobre o acesso da imprensa à guerra, porque acredita tratar-se de um assunto crucial tanto para a mídia quanto para o público e os políticos.

Desde os ataques, informa o ombudsman, o FBI e agentes do Serviço de Imigração detiveram mais de mil pessoas ? uma caça conduzida em total segredo. O governo se nega a revelar, com raras exceções, quem são essas pessoas, por que estão detidas, quais são suas nacionalidades e quantas já foram liberadas. "No fronte, o bombardeio do Afeganistão nos parece de uma monotonia distante, sem que possamos contar com outra informação que não a fornecida pelo Taleban ou pelo Pentágono." Por isso, pedir mais acesso e abertura não deve ser confundido com impaciência ou ingenuidade, defende Getler. As estratégias de guerra podem até se provar eficazes, mas esta "política do segredo" pode ter efeitos indesejáveis: "Um pouco é essencial. Em demasia, pode minar o sucesso, especialmente se as coisas derem errado ao longo do caminho".