Monday, 18 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Crise? Qual delas?

MÍDIA & MERCADO

Luiz Egypto

O volume de anúncios de empresas imobiliárias nos jornais diários, pelo menos em São Paulo, chegou a níveis inimagináveis para quem anteviu bruxas soltas no mercado publicitário depois de 11 de setembro. No que tange ao segmento "imóveis", os funcionários da área comercial das empresas jornalísticas agora riem à toa. Estão vendendo espaços à beça para negócios espetaculares oferecidos a famílias e investidores de renda alta e muito alta.

Não se sabe quanto oxigênio esse boom (que atrai para a segurança dos imóveis os recursos de uma elite assustada) pode dar às empresas em crise de balanços: quando o volume de publicidade é grande, os descontos de veiculação também são. De todo modo, as páginas imobiliárias encorparam os jornais num momento de regular o gasto de papel; os anúncios multicoloridos e bem-acabados ajudam o visual do "produto" jornalístico, mesmo que à base de tabelas negociadas; e ao leitor geral resta o deleite de vistas esplendorosas, de 100 mil reais e 400 mil reais, com um carro importado de quebra, se lhe aprouver. Moral da história: os jornais parecem mais bonitos do que são.