ENTREVISTA / FERNANDO MELIGENI
"?Não pretendo chegar à TV para pagar um mico?", copyright Folha de S. Paulo, 18/11/01
"A MTV pretende retomar, em março do próximo ano, seu programa sobre esportes. Ainda não está definido o nome da atração (se ?Sports MTV? ou ?Esportes MTV?), mas o do apresentador já: Fernando Meligeni, 30, também conhecido no mundo dos esportes pelo apelido de Fininho.
O tenista, nascido na Argentina e naturalizado brasileiro, é atualmente o 66? colocado na Corrida dos Campeões da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais).
O anúncio oficial da contratação de Meligeni acontece na próxima quarta-feira, mas ele falou ao TV Folha sobre a decisão de aceitar apresentar um programa e a respeito de televisão.
Como surgiu o convite para se tornar apresentador da MTV?
Eu já tinha participado de alguns programas do canal, como o ?Erótica?, e a direção da emissora entrou em contato para ver se eu teria interesse e tempo. Com a maturidade no esporte, você aprende bem qual é e como pode controlar o tempo disponível. Sempre tive intenção de fazer algo extraquadra, para não ficar no esquema treinar, jogar, ir para casa, dormir. Então, aceitei.
O que você espera dessa experiência?
Como esportista, eu não sou um cara que entra em nada para perder. Não pretendo chegar à TV para pagar um mico. Mas também não vou querer ser o sabe-tudo, minha intenção é aprender. No fim, a idéia é levar para o programa a irreverência que eu tenho na quadra. A MTV é bem solta em relação a formatos, possibilidades de dar idéias, de participar. Foi isso que me chamou a atenção.
Com você no comando do programa, vai haver uma preferência pelo tênis?
Não. Será um programa sobre esportes de uma maneira geral. Não é por eu estar apresentando que vai ter tênis, talvez nem tenha. Isso vai depender mais da pauta preparada pela MTV.
Apesar de você ter falado sobre o controle do tempo que vem com a maturidade, sua agenda como tenista não pode coincidir com a de apresentador?
Isso já está bem definido no acordo que eu tenho com a MTV: continuo sendo esportista em primeiro lugar. Mas não acho que vá haver problema. Não serei como um VJ, que precisa ficar o tempo todo na TV. O programa também não será diário; ainda não definimos se será quinzenal ou mensal. É chegar lá e gravar as cabeças [parte em que o apresentador introduz as reportagens em estúdio]. Posso fazer isso com antecedência. Eu vou me adaptar à MTV, e ela vai se adaptar a mim.
Você costuma assistir à TV?
Eu gosto de televisão. Sou aquele tipo de telespectador que gosta de tudo, não fica preso a um tipo de atração em especial. Com o convite para apresentar o programa, tenho prestado mais atenção nos programas de esportes, em como os apresentadores agem. Também costumo ver produções sobre música.
Mas há algum programa preferido?
Gosto muito do da Gabi. Tive a sorte de ir lá um vez e foi a melhor entrevista que eu fiz na TV. Gosto também do Jô, que é bastante divertido. Ultimamente, tenho assistido muito aos canais de notícias, como Globo News e CNN. Com os atentados e a guerra, é impossível não ficar ligado na informação."
PF x "PIRATAS"
"PF fecha TV pirata na Grande São Paulo", copyright Folha de S. Paulo, 17/11/01
"A Polícia Federal fechou a primeira emissora de TV pirata que operava com regularidade na Grande São Paulo. Transmissor e equipamentos da TV Alpha Missão foram apreendidos em uma casa em Osasco.
A emissora ocupava o canal 14, em UHF, e dizia ter um alcance de 25 quilômetros. Teria entrado no ar em setembro de 1998, mas só foi ?inaugurada? em agosto deste ano, em um evento que reuniu mais de mil pessoas.
Na ocasião, a emissora anunciou o início da transmissão do sinal da Rede Mundial de TV, da LBV (Legião da Boa Vontade). A programação foi apresentada pelo deputado estadual Willians Rafael (PTB-SP), amigo de Carlos Massa, o Ratinho.
Em 23 de agosto, dizendo-se ameaçada pela fiscalização da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), a Alpha Missão conseguiu liminar na Justiça Federal garantindo temporariamente o ?direito de transmissão?.
A liminar foi cassada em 27 de setembro pelo Tribunal Regional Federal. Embora o serviço de radiodifusão só seja permitido para quem tem outorga do governo federal, é comum a Justiça abrir exceção para FMs ?comunitárias?.
A Rede Mundial afirma que só permitiu a retransmissão de seu sinal porque a Alpha Missão tinha liminar. Rubens Santos, diretor-geral da Alpha, diz que ?todas as geradoras em UHF não têm concessão?, o que não é verdade.
OUTRO CANAL
Visita
Silvio Santos entrou na ?Casa dos Artistas? na última quarta. Do ?elenco?, ouviu pedidos de aumento da premiação e melhorias no local, que estaria sofrendo com as chuvas. A ?invasão? foi registrada pela revista ?Veja? e deve ir ao ar no SBT amanhã.
Racismo 1
O episódio de amanhã de ?No Limite 3? finalmente deve provocar alguma repercussão ao ?reality show? da Globo. O negro Fábio e a judia Tatiana, que dormiram juntos no acampamento, vão provocar uma discussão sobre uniões interraciais.
Racismo 2
A Globo irá exibir depoimento em que Tatiana diz que jamais se casaria com um negro. E a ex-pantera Cláudia Lúcia conta que não admitiria ter ?um neto sarará?.
Feito
O programa ?Casa dos Artistas? conseguiu anteontem, pela primeira vez, ficar dois minutos à frente de ?O Clone? no Ibope -às 21h34 e às 21h42. Na média, deu 27 pontos, contra 35 da Globo.
Emprego
A Globo quer que Angélica seja a nova apresentadora-titular do ?Vídeo Show? -Miguel Falabella pediu para sair. O contrato com a apresentadora vence em dezembro. Em baixa, seu show amanhã, em São Paulo, foi cancelado por falta de público."
MEMÓRIA / ODON PEREIRA
"Morre em São Paulo, aos 63, o jornalista Odon Pereira", copyright Folha de S. Paulo, 16/11/01
"O jornalista e ex-vereador Odon Pereira da Silva foi enterrado ontem à tarde no cemitério São Paulo. Ele morreu aos 63 anos na noite de anteontem, em consequência de pneumonia, agravada por um tumor no pulmão direito.
Odon trabalhou na Folha entre 1969 e 1983, onde foi repórter especial e secretário de Redação.
Há 2 anos e 10 meses, o câncer no pulmão foi diagnosticado e, desde então, o jornalista submetia-se a sessões de quimioterapia e radioterapia. O tratamento era realizado por médicos do Instituto Arnaldo Vieira de Carvalho.
Na última terça-feira, Odon sentiu-se mal e foi levado ao hospital Beneficência Portuguesa, onde a pneumonia foi constatada. O quadro se agravou, com a ocorrência de hemorragia. Às 21h45 de anteontem, ele morreu.
O velório teve início ontem de manhã. Compareceram, além de parentes, antigos amigos. Entre eles, o secretário estadual de Assistência e Desenvolvimento Social, Nelson Proença, que foi contemporâneo de Odon como vereador, nos anos 60.
Também esteve no cemitério São Paulo o líder do governo na Câmara, Arnaldo Madeira (PSDB), que conheceu Odon na juventude, quando ambos moravam na Baixada Santista.
O ministro da Justiça, Aloysio Nunes Ferreira, que foi companheiro de Odon no Partido Comunista Brasileiro na década de 60, lamentou a morte do jornalista. ?Foi um militante da democracia, um apaixonado pela cidade de São Paulo. É uma perda enorme. Estou perplexo e dolorido.?
Também amigo do jornalista, o ministro José Serra (Saúde) soube da morte quando se preparava para embarcar de volta ao Brasil, depois de ter participado da reunião da OMC (Organização Mundial do Comércio) no Qatar.
?Ele tinha três características como jornalista?, disse Serra. ?Era extremamente inteligente, tinha clareza para escrever e tinha agressividade na defesa de seus pontos de vista.? O jornalista deixa sua mulher, Lucy. O único filho do casal, Flávio, morreu em 78."
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"Questões urbanas foram sua inclinação", copyright Folha de S. Paulo, 16/11/01
"Nos 14 anos em que foi jornalista na Folha, entre 1969 e 1983, Odon Pereira criou um padrão técnico no enfoque de reportagens sobre questões urbanas que na época a mídia brasileira ainda não possuía.
Os anos 70 foram difíceis para a liberdade de imprensa. A censura imposta pelo regime militar impedia a ampla discussão de questões políticas. Mas havia espaço para a troca de argumentos em áreas como urbanismo ou educação. Odon Pereira foi o primeiro executor dessa idéia na Folha.
Seus conhecimentos sobre os problemas de São Paulo vinham do período em que, como vereador paulistano (1963-1968), tornou-se um especialista em transportes e planejamento.
De início responsável por uma página semanal sobre problemas da cidade, tornou-se editor de Cidades, editoria hoje chamada de Cotidiano, e foi em seguida secretário de Redação. Ao deixar o jornal, Odon Pereira era o titular da coluna São Paulo, na pág. 3.
Nasceu em Iguape (SP). Entrou na imprensa em 1954, aos 16 anos, como revisor do extinto ?Diário de Santos?. Foi militante do Partido Comunista Brasileiro na Baixada Santista. Funcionário do DER (Departamento de Estradas de Rodagem), ajudou a criar três sindicatos em Cubatão.
Mudou-se para São Paulo em 1959. Voltou ao jornalismo, em ?Novos Rumos?, revista próxima do PCB, com o auxílio do qual se elegeu vereador.
Em 1986, foi por quatro meses assessor de imprensa do prefeito Jânio Quadros, com quem passara a ter afinidades políticas. Assumiu em seguida a assessoria de comunicação da extinta CMTC (Companhia Municipal de Transportes Coletivos). Nos anos seguintes, se dividiria entre cargos de assessoria e consultoria.
Foi um homem dinâmico, entusiasta e que não economizava energia para defender e pôr em prática suas opiniões."