FÁBRICAS DE DIPLOMA
Victor Gentilli
Analfabeto, Severino da Silva, padeiro de 27 anos, freqüenta regularmente um curso de alfabetização. Ainda está nas primeiras letras. Mas, a convite do Fantástico, com uma câmera oculta ? dispensável ?, fez o vestibular para o curso de Direito da Universidade Estácio de Sá.
No teste de múltipla escolha, Severino foi revezando as respostas A e B. Para o curso de Direito, a redação era obrigatória. Severino alegou não estar passando bem e entregou a redação em branco. Não podia fazer outra coisa. Afinal, ele não sabe escrever.
Mesmo assim, Severino não só foi aprovado no vestibular, como fez 2.562 pontos e obteve o 9? lugar na classificação.
Esta foi a matéria de capa da edição do Fantástico do dia 9 de dezembro, disponível no site do programa, e também rendeu boa suíte no jornal O Globo, edição de 10 de dezembro.
A Rádio CBN, nos programas comandados por Heródoto Barbeiro, comentou por várias vezes o caso.
Se a Estácio de Sá já se mostrou incapaz de receber o atributo de universidade, pelas palavras ostensivamente ditas por seu fundador na Folha Dirigida, depois reproduzida por diversas publicações [ver remissão abaixo], agora mostra-se absolutamente incompetente. Na entrevista de seu fundador, ele dizia que pesquisa é bobagem e que não acredita em educação ? apenas da Estácio.
A Estácio de Sá hoje é a maior universidade do Rio de Janeiro, com mais de 60 mil alunos, superando de longe a UFRJ e unidades (quase escrevo campi inadvertidamente) em várias regiões da cidade e filiais em diversos estados do país.
Na edição de 14 de novembro deste ano, o jornalista Carlos Eduardo Palhano publicou no Observatório matéria sobre um trabalho que realizou mostrando a farsa dos sistemas de seleção e ingresso das instituições de ensino superior do Rio de Janeiro. Foi a partir das informações de Palhano que o Fantástico decidiu fazer a matéria.
O Fantástico terminou confirmando o Observatório.
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