Monday, 18 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

De cara nova

LE MONDE

O Le Monde vai lançar um novo formato para impulsionar a circulação e modernizar sua aparência, sem parecer "muito aristocrático nem muito vulgar", disse seu diretor, Jean-Marie Colombani. As mudanças incluem um espaço maior para a cobertura de instituições européias, finanças e bolsa de valores, além da publicação de mais fotografias, para abrandar o aspecto sóbrio do tradicional diário francês.

Espera-se conquistar mais 20 mil leitores com a transformação, que envolve investimento calculado em até US$ 7 milhões. O editor Edwy Plenel revelou que, quando o mercado publicitário "ressuscitar", planeja-se aumentar a cobertura de esportes e tecnologia e lançar uma revista semanal.

Ha sete anos, à beira da falência, o Le Monde passou por uma revisão, dando maior ênfase a assuntos econômicos. Apesar de não estar enfrentando uma crise no momento, o jornal sofre com a queda de faturamento publicitário, como muitos colegas europeus. Por exemplo, The Irish Times, principal diário da Irlanda, que sofreu perdas de US$ 2,3 milhões em 2001, que chegariam a US$ 20 milhões este ano. O jornal teve crescimento espantoso nas décadas de 80 e 90, e ninguém imaginava que a queda de anúncios pudesse ameaçar sua existência: deverão ser cortados 35% da força de trabalho ? 250 de 710 cargos. "Foi excesso de confiança", disse Frank McDonald, editor-assistente do Times. "Havia um sentimento de invencibilidade."

Parte da estratégia de expansão de Colombani se deve a outros investimentos: há poucos meses, adquiriu uma revista mensal, Courier International, e 20% do principal diário suíço em língua francesa, Les Temps de Geneve. Atualmente, a edição online do Le Monde registra 240 mil hits por dia e dá prejuízo, mas Colombani espera que a introdução de uma política de acesso pago, neste ano, ajude a empresa a terminar 2004 sem perdas. As informações são de Pamela Sampson [Associated Press, 11/1/02], John Tagliabue [The New York Times, 11/1/02] e Brian Lavery [The New York Times, 7/1/02].

BLOOMBERG NEWS

Para diminuir a preocupação geral com sua imparcialidade, já que o chefão Michael Bloomberg se tornou prefeito de Nova York, a Bloomberg News contratou o diretor da Escola de Jornalismo de Colúmbia, Tom Goldstein, para supervisionar a cobertura que a companhia dá à Prefeitura.

Ex-repórter do New York Times e do Wall Street Journal, Goldstein foi secretário de imprensa do prefeito Ed Koch, e assumiu o novo cargo na metade de dezembro, com total liberdade para monitorar a redação e aconselhar o editor-chefe, Matthew Winkler. Sua contratação, no entanto, está sendo alvo de críticas e ceticismo mesmo entre colegas.

É comum que acadêmicos tenham postos no setor privado, mas ter o chefe da mais prestigiada escola de Jornalismo do país trabalhando para a organização em que o prefeito é o maior acionista merece reflexão, dizem os analistas. Professor de Jornalismo da New York University, Mark Crispin Miller acha que a relação é "preocupante", porque Colúmbia é uma instituição que influencia na administração da cidade. Samuel Freedman, também de Colúmbia, estranha não a contratação, mas a razão que levou Goldstein ao emprego: "O fato de termos um magnata da mídia como prefeito."

Sridhar Pappu [The New York Observer, 14/1/02] considera que Tom Goldstein certamente ocupa uma posição sem precedentes. Embora Winkler tenha dito que contrataria um ombudsman para tratar da cobertura da administração, o diretor atua mais como consultor pago do que ouvidor dos leitores, já que suas recomendações são internas e não relatadas ao público. A própria eficácia de seu trabalho é questionada pelo jornalista e crítico de mídia Marvin Kalb: "O que Tom pode fazer? Dizer ?Tsk, tsk, vocês erraram?? Isto não vai adiantar muito." A única solução, acredita Kalb, é o distanciamento total do prefeito de seu império midiático. Antes de concorrer, Bloomberg se afastou da companhia, mas ainda aguarda a sentença da Comissão de Conflitos de Interesse da cidade.