Tuesday, 26 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Governo aperta o cerco à imprensa e internet

A dura campanha do governo do presidente Hu Jintao para aumentar o controle sobre a mídia e a internet chinesas pôde ser vista em prática na terça-feira (16/5), quando o jornalista freelancer Yang Tianshui recebeu sentença de 12 anos de prisão por acusações de subversão. No mesmo dia, o pesquisador do New York Times Zhao Yan, sob custódia desde 2004 por acusações de revelar segredos de Estado, foi novamente indiciado, e o jornalista Yang Xiaoqing foi a julgamento sob acusações de extorsão.


Tianshui foi condenado por postar artigos em sítios estrangeiros, receber dinheiro do exterior e ajudar o projeto de um partido de oposição. Ele foi preso em dezembro em uma ação repressiva a um debate público sobre corrupção, reforma política e problemas sociais. A pena máxima para casos como o do jornalista é a prisão perpétua, mas a sentença recebida por ele é incomum, já que a maioria das penas dos condenados por criticar o regime costuma ser menor.


No caso de Zhao Yan, não ficou claro se o novo indiciamento ocorreu com base em novas acusações ou em um caso já antigo, afirmou o advogado do pesquisador, Mo Shaoping. O caso contra Yan – acusado de repassar ao New York Times detalhes sobre a rivalidade entre o ex-líder do Partido Comunista Jiang Zemin e Hu Jintao – havia sido encerrado em março pelas autoridades, e foi reaberto em abril.


No caso de extorsão, Xiaoqing alegou no tribunal que as acusações contra ele são falsas. O jornalista é acusado de inventar notícias para extorquir US$ 100 mil de funcionários governamentais do condado de Longhui, na província de Hunan. A mulher de Xiaoqing afirma que ele, na verdade, virou alvo das autoridades após escrever artigos acusando um funcionário do Partido Comunista de roubar bens do Estado.


Trabalho de risco


Jornalistas chineses que tentam apurar temas sensíveis ao governo costumam encontrar ameaças, violência e ações legais em seu caminho. Os últimos casos de profissionais que esperam suas sentenças são o de Li Yuanlong, repórter do jornal Bijie Daily, preso em fevereiro após publicar artigos em sítios estrangeiros proibidos na China, e o do freelancer Li Jianping, detido em maio do ano passado depois de publicar ensaios políticos na internet.


Segundo o Comitê para a Proteção dos Jornalistas, com sede em Nova York, o Partido Comunista chinês deu início a uma das maiores ondas de repressão à imprensa desde o período após as manifestações pró-democracia na Praça da Paz Celestial, em 1989, por medo de que notícias sobre problemas sociais ameacem sua autoridade. Além disso, afirma o pesquisador Jean Philippe Beja, diretor em Paris do Centro para Estudos e Pesquisas Internacionais, o sucesso econômico de Pequim fez com que os líderes do país acreditassem que podem se comportar da maneira que quiserem.


A China é a maior prisão para jornalistas, com pelo menos 42 profissionais atrás das grades atualmente – muitos deles sob acusação de violar leis pouco claras de segurança e subversão. Informações de Joe McDonald [AP, 16/5/06].