Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O final antes do fim

Realmente era verdade. A parceria que a Record fecha com a mexicana Televisa prevê uma sociedade entre elas em novelas que vierem a ser produzidas. Record e Televisa dividirão ao meio os custos de produção das novelas a serem gravadas no Brasil com texto mexicano.

O pesar desta parceria não é se usar um texto adaptado de um outro internacional, mesmo porque 70% das produções teatrais no país, e de grande respaldo de patrocinadores, vão do chatíssimo e tradicional Shakespeare a Ibsen, Cervantes, Stanislavski, Grotovski e afins. O que preocupa é a opção de abertura do novo horário de novelas da Record e refazer um texto já exibido em três versões no país.

De acordo com a coluna Outro Canal, os primeiros recursos que a Record faturar irão para a Televisa cobrir seu investimento. Depois, serão descontados os custos comerciais, financeiros e impostos. O que sobrar será dividido entre as duas emissoras.

A parceria deverá durar pelo menos um ano, com possibilidade de renovação até três. O contrato também deverá prever o direito da Record romper o acordo, caso as novelas não atinjam no mínimo 12 pontos na Grande São Paulo.

Vice-liderança isolada

A Record pretende produzir um único texto do acervo da Televisa por vez. O primeiro da lista, conforme já anunciado, é Betty, a Feia, original colombiano já exibido no Brasil pela RedeTV! Lembrando que o texto que será produzido é do remake que a Televisa já fez, intitulado La Fea Más Bella. Que é um tanto ruim, se comparado ao original.

Existe alguma diferença entre nossas emissoras?

As diferenças do acordo da Televisa com o SBT são que a Record quer total autonomia para escolher e adaptar os textos, escalar elenco e definir linhas artísticas e padrões de qualidade. Betty, a Feia deverá ser ambientada no Rio de Janeiro.

Enquanto uma refaz outra re-reproduz com êxito a trama da extinta Manchete. Nesta quinta (31/07), Pantanal registrou ótimos índices de audiência para o SBT e conquistou vice-liderança isolada. Pantanal tem derrubado a inédita Chamas da Vida, que contou com cenas dignas de Hollywood, Bollywood e similares. Entrando no ar das 22h20 às 23h37, a novela registrou média de 16 pontos e alcançou pico de 21 pontos; ainda conquistou a liderança durante cinco minutos (de 23h19 às 23h24). No mesmo horário, a primeira colocada marcou 25 pontos e a terceira, 13.

Os filmes mais chatos

Enquanto a Globo relança sua novela das 8 em sinal de pleno desespero pelos índices não habituais da mesma. O desfecho da trama principal, segundo o autor, lançará uma nova novela dentro da novela. Pois com meta de 45, mas com média de 37 até então, essa briga por Ibope das paulistas é assistida pela poderosa já com certa cautela, pois com Pantanal o SBT subiu e a Record pouco caiu. O resultante é um nivelamento maior entre as três grandes brasileiras. Ressurge ele, que tanto na Record, como ao migrar para o SBT, peitou e venceu a Rede Globo em várias ocasiões! Uma das atrações será o Resolvendo no Ringue, onde duas pessoas irão solucionar seus conflitos no tapa, em cima de um ringue cheio de gel. Para variar, nossa TV com ‘grandes inovações’. Na verdade muito mais do mesmo, ou é impressão minha?

Em um momento de pequena reação do SBT em horários esporádicos, fazer um balanço mais amplo é necessário. A Record subiu e a Globo caiu no Ibope nos últimos tempos. Num comparativo divulgado pela Folha Online, a Record fechou o último mês de julho com audiência média de oito pontos no Ibope da Grande São Paulo. Esse número representa um crescimento de 11%, quando comparado a julho de 2007, sendo que cada ponto no Ibope equivale a cerca de 55,5 mil domicílios na Grande São Paulo. Se comparados os mesmos períodos, a Globo caiu 15% e o SBT manteve a mesma audiência. A Band também caiu, 14%, e a Rede TV! teve queda de 3%. Comparando os meses de janeiro a julho deste ano com o mesmo período em 2007, a audiência da Record cresceu 24%, com média de nove pontos. No mesmo período, a Globo caiu 9% e o SBT, 7%. Já a Band teve crescimento de 11%. A Rede TV! também cresceu: 3%.

Ai, meu senhor do Bonfim, e ainda temos que mudar para os canais a cabo para ver as reprises dos filmes mais chatos da temporada. E as temporadas passadas dos seriados menos criativos e de maior audiência da década perdida. Quanto opção, não é, dona Televisão?

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Ator, diretor teatral, cantor, escritor e jornalista, Florianópolis, SC