SP SOB ATAQUE
Governo vacila perante boatos, 18/05/06
‘É um desafio e tanto analisar o que ocorreu em São Paulo, no fim de semana do Dia das Mães e nos dias seguintes, principalmente na segunda-feira negra, 15 de maio, um dia de cão na maior cidade brasileira. Qualquer análise honesta e isenta de arrogância, diante de tantas e tão diversificadas questões envolvidas, terá de vir, fatalmente, acompanhada de um carimbo bem visível de ‘parcial’. Sem a pretensão de abarcar tudo e alertado para a evidência de que todo problema complexo tem sempre uma soluções simples – e totalmente equivocada – seguem dois pontos para ajudar a pensar. Um com foco nas causas da crise aguda e imediata, outro nas razões estruturais do problema:
1) Houve falha gritantes nos sistemas de comunicação. As falhas ocorreram antes, durante e depois. É incrível constatar que não havia um plano de comunicação para enfrentar crises anunciadas dessa natureza, nem treinamento para a eventualidade de uma. Abundam evidências de que inexistia uma estrutura planejada para enfrentar a situação.
A escandalosa omissão das autoridades na orientação das pessoas, por onde a boataria encontrou o terreno fértil para provocar o pânico que tomou conta da cidade, pode ter duas explicações: absoluta incompetência e total falta de senso de responsabilidade das autoridades locais ou ausência de uma estrutura de informações capaz de, a cada momento, fornecer a elas um quadro seguro dos acontecimentos, que pudesse ser transmitido, com segurança à população. Faz mais sentido acreditar na segunda hipótese, embora a primeira mereça ser inserida na moldura do quadro geral.
Aqui vai um exemplo, certamente não o único, de fazer chorar. No meio da tarde da segunda-feira, quando a população começou a correr para casa, espalhou-se, entre uma enxurrada de outros, o boato de que haveria um ‘toque de recolher’ a partir das oito da noite. Para ‘confirmar’ a ‘informação’, dizia-se que o metrô fecharia as estações as oito da noite. Era mais um boato, as estações permaneceram abertas, os trens funcionando normalmente, mas não houve autoridade que, usando os inúmeros meios à disposição, aparecesse para furar o balão. Rádio, TV, Internet, nada. Não daria para soltar um comunicado nas emissoras de rádio, colocar nas TVs um daqueles anúncios rápidos, em que locutores lêem um texto que rola na tela? Nada e nada. Durante toda a tarde e a noite, o sítio do Metrô na Internet permaneceu impavidamente imóvel. A notícia mais recente encontrável era a da inauguração da estação Chácara Klabin, na linha verde, ocorrida cinco dias antes. Simplesmente o cúmulo!
Detalhe não irrelevante, no item comunicação: onde estavam, na segunda-feira pelo menos, o presidente Lula, o ex-governador Alckmin, o ex-prefeito Serra, o pré-candidato petista ao governo paulista, Aloizio Mercadante, o deputado Aldo Rebelo, presidente da Câmara dos Deputados, eleito por São Paulo, sem falar no governador paulista, Cláudio Lembo, e o secretário de Segurança, Saulo de Abreu Filho? Não perceberam a dimensão e a gravidade da situação? Ou, pior, não foram informados da dimensão e da gravidade da situação? A resposta foi dada pelas pesquisas de opinião, realizadas depois do acontecido. Todos eles foram considerados culpados.
A ironia da história, que só realça o peso das falhas de comunicação no enredo de terror que se instalou em São Paulo, é que a grande onda de violência, com destaque para a queima de ônibus e ataques a agências bancárias, e o pico das rebeliões nos presídios paulistas, ocorreram antes da manhã de segunda-feira, não ultrapassando a madrugada. O balanço posterior dos fatos mostra que, quando o dia clareou e as pessoas saíram de casa para o trabalho, talvez assustadas pelos ocorridos da sexta-feira e do fim de semana, mas ainda não em pânico, o problema concreto era a falta de transporte coletivo, provocado por um locaute dos ônibus, que levou à suspensão do rodízio de carros. Ao longo do dia, a violência real limitou-se ao ataque a uma viatura policial no bairro de Higienópolis, de classe média alta, e a um ônibus incendiado em Interlagos, bairro afastado da zona sul. O resto foi boato.
2) O que ocorreu é só a ponta de um iceberg. Endurecer penas específicas, bloquear celulares, modernizar as leis, adotar esquemas de tolerância zero, ampliar os recursos para segurança, melhorar as condições de vida dos policiais, tudo isso que está sendo proposto pelos ‘encantadores de serpente’ que proliferam nessas ocasiões, dependendo do que e de como se faça, ajudará a evitar que as erupções do tumor do crime organizado se tornem mais freqüentes. Mas a inflamação é de difícil e longo tratamento.
Há um exército de reserva formado por jovens excluídos e sem perspectivas pronto a engrossar as fileiras do crime. Um terço dos jovens entre 15 e 24 anos, na região metropolitana de São Paulo, não estuda nem trabalha. São quase um milhão de jovens deserdados, sem nada a perder, disponíveis para recrutamento – e para substituir os que vão caindo pelo caminho, na violência da guerra de gangues ou nos confrontos com a polícia. A confirmar esse fato estão aí as estatísticas de óbitos consolidadas pelo IBGE.
Causas externas (acidentes ou violência) aparecem como principal causa da morte de jovens do sexo masculino, no Brasil de hoje, atingindo mais da metade dos jovens do sexo masculino, a maior parte das periferias urbanas. Até há 25 anos, as mortes de jovens entre 15 e 24 anos eram predominantemente relacionadas a causas naturais. Um outro dado exclui dúvidas: se a proporção de homicídios, na população em geral, é de 50 para cada 100 mil habitantes, a de jovens, homens, entre 15 e 24 anos, vai a 95,6, praticamente o dobro.
É uma calamidade social que aponta para um horizonte cinzento e carregado. O que dá para enxergar entre as brumas das soluções mágicas, é que a repressão ao crime organizado, por mais bem sucedida que seja, ainda que necessária, será insuficiente para eliminá-lo. Pelo menos até que as condições de inserção social mudem radicalmente. Tal mudança exige, é claro, crescimento econômico. Mas isso não é tudo. Não adianta crescer e abrir vagas de trabalho, se os jovens aos quais elas se destinam não dispõem de escolaridade, acesso a bens culturais e de lazer. E, enfim, estão a anos-luz da qualificação mínima, profissional e social, para ocupá-las decentemente.’
IGREJA vs. DA VINCI
‘Código da Vinci’: nada, 22/05/06
‘Os filmes ruins têm atrativos poderosos. Por serem banais, ou chatos, ou mal-ajambrados, ou simplesmente tolos, eles dão ao espectador uma sensação de superioridade. O atrativo maior, que paradoxalmente vale também para os bons filmes, é de tirar o público da realidade, da casa e da rua, para fazê-lo viver uma outra realidade, numa sala escura. O bom filme recoloca o espectador na realidade com uma outra maneira de encará-la ou vivenciá-la. O mau filme o recoloca na rua tal como ele entrou. A essa categoria pertence a maioria dos filmes. As exceções são os filmes bons e os intragáveis, aqueles que nos levam a um desejo urgente de voltar à realidade.
‘O código da Vinci’ é um mau filme exemplar. Dá para suportá-lo, com tédio crescente, até o fim. Já que estou aqui, vou ficando, é o raciocínio. E não se sai do filme totalmente inerte. E, na rua, acendendo um cigarro, vem a indagação: mas por que tanto fuzuê em torno dessa bomba? O filme é tão subversivo quanto uma novela da Globo.
A polêmica em torno dele é falsa e artificial. Ela tem dois antagonistas e se dá no terreno da disputa de mercado. De um lado, há Hollywood, que quer levar gente ao cinema, para enriquecer produtores, diretores, atores, roteiristas, técnicos. E obter lucros para fazer mais filmes, levar mais gente ao cinema, proporcionar mais enriquecimento. De outro lado, há a igreja católica, que vê diminuir ano a ano o seu número de fiéis. Ela viu no filme uma oportunidade de fazer proselitismo, de disputar crentes no mercado das almas. Daí a sua reação, desproporcional, às supostas ofensas de ‘O código da Vinci’. O filme é inofensivo. A religião e a igreja são tratadas com respeito.
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Há uma alegria particular, sádica, em ver um filme caro e ruim. Em imaginar profissionais renomados, alguns até de talento, reunidos durante horas, trabalhando. Em imaginar os poderosos meios materiais postos à disposição dos ‘criadores’. E em constatar que os diálogos são risíveis, que a trama é apressada e cheia de lacunas, que Tom Hanks e Jean Reno desempenham os piores papéis de suas vidas. Em perceber a falta de entusiasmo generalizada, em notar que o poder do dinheiro se erigiu acima de quaisquer outras considerações. Todos estão em cena para faturar, para aparecer num filme ‘controverso’, para, vaidosamente, serem vistos pelo mundo afora. O dinheiro anula tudo no filme, se sobrepõe aos talentos, compra consciências, arrasa, anestesia, faz com que não sobre nada.
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Comparativamente ao livro ‘O código da Vinci’, o filme é bem pior. O romance imaginava como funcionam o Louvre, a polícia francesa e a Opus Dei. O filme passa como um trator sobre o museu, os tiras da PJ e a prelazia vaticana. Ele troca as instituições pelos personagens, que falam o tempo todo mas não têm nada a dizer. As explicações históricas e teológicas do romance, que ao menos eram discursivas, agora se tornam truques de computador, efeitos especiais.
Até o coração ideológico do romance, que era encarar a história como uma vasta conspiração, é atenuado no filme. Vira um joguinho de interpretações. No livro, como na invenção das armas de destruição de massa pela Casa Branca, a interpretação toma o lugar da realidade. No filme, ela serve para digressões vazias dos personagens.
O filme, num sentido específico, é um avanço em relação ao romance. Ele mostra como a sede de sentido, a vontade de entender uma história que não tem sentido, transforma mesmo os fiapos de sentido em nada.’
WEB SEM PRIVACIDADE
Internet e preconceito, 16/05/06
‘Não, não vou falar de São Paulo transformada em Bagdá, da idade tomada pelos bandidos, da centena de ataques e das dezenas de mortos e feridos, do pavor, do pânico, do horror. Já vivemos no Rio algo parecido, ainda que em escala menor. Sei o que é. É terrível de suportar e difícil de contar. Por isso, deixo a penosa tarefa para meus amigos paulistas aqui do NoMínimo – Setti, Kotscho, Kupfer, Benevides – aos quais presto minha solidariedade de cidadão ofendido.
Prefiro falar de um caso que não tem a dimensão da tragédia social paulista, mas contém elementos de um drama, uma quase tragédia moral, sem mortes mas com a perda violenta de valores particulares tão caros como reputação, harmonia doméstica, liberdade de ir e vir. A pequena notícia não chegou a despertar minha atenção quando saiu publicada: no Orkut, circulavam fotos de uma garota nua fazendo sexo com dois homens. Não vi, e sem saber que a garota nega a autenticidade das fotos, atribuindo-as a uma montagem, não achei nada demais.
Neste último fim de semana tomei conhecimento do que realmente ocorreu lendo na revista ‘Época’ a reportagem de Eliane Brum. Há muito tempo não via uma história tão bem contada – com tanta elegância, respeito humano, delicadeza de olhar e, além de tudo, competência profissional. Para quem não acredita nas possibilidades estéticas da narrativa jornalística, na sua excelência, recomendo a leitura da matéria, exemplar.
Depois de uma semana ouvindo os principais envolvidos no episódio, inclusive a garota Francine, de 20 anos, a repórter construiu um relato em que o pano de fundo são a intolerância da sociedade, o preconceito no meio dos jovens, o falso moralismo, a invasão de privacidade e a demonstração do poder que tem a internet de, ao lado do bem, fazer o mal numa escala impensável há alguns poucos anos. Em suma, como uma fofoca numa cidade de 18 mil habitantes do interior paulista pode ganhar dimensão planetária.
‘Segundo a polícia’, escreveu Eliane, ‘houve pelo menos 20 milhões de acessos em diversos países. Mais de mil vezes a população de Pompéia.’ A mãe, desesperada, disse que sempre pediu que a filha tomasse cuidado para não ‘cair na boca do povo’, ou seja, para não ser mal falada na cidade. ‘Minha filha não caiu na boca do povo. Caiu na boca do mundo.’ O estarrecimento do pai não foi menor: ‘Foi terrível olhar. Eu nunca tinha visto fotos desse tipo. Quem estava nas fotos era minha filha’.
Mais impressionante, porém, foi a cena em que 300 universitários, muitos de Direito – futuros advogados, imagina! – urrando como turba, cercaram a sala onde estava Francine ameaçando-a. A polícia teve que usar gás para garantir sua saída. Diante dessas manifestações de obscurantismo, no entanto, vale ressaltar a enérgica atitude do diretório acadêmico, cuja direção reagiu com indignação ao que chamou de ‘linchamento moral’ da estudante – não ré, mas vítima. O que menos importa é saber se as fotos são ou não verdadeiras, mas sim que houve um crime no ato de torná-las públicas à revelia.
O melhor resumo desse autêntico drama pós-moderno que ela tão bem descreveu foi feito pela própria Eliane Brun, ao mostrar que ‘uma das ferramentas tecnológicas mais fantásticas já criadas foi colocada a serviço do sentimento mais arcaico – o preconceito’.’
SEXO NA MÍDIA
‘Trip’, o Dogma da nudez, 16/05/06
‘Dá para imaginar a cena, que não é exatamente de sexo mas também inclui gemidos, puxões no cabelo e respiração alterada: editores e fotógrafos da área se debruçam sobre uma mesa onde estão abertas as últimas edições das revistas brasileiras que têm entre suas atrações ensaios de mulher nua – uma mesa enfeitada por formas e texturas de dar água na boca, mais ou menos como essa em que escrevo agora, caneta tinteiro em punho, enquanto Eva, minha jovem e competente secretária, aguarda o momento de digitar o texto no computador para enviá-lo à redação. Entre grunhidos, os tais editores e fotógrafos se dedicam a um debate sem fim que se multiplica em novecentas e nove variantes, mas gira em torno de uma só questão: qual é o segredo da ‘Trip’? Por que será que, entra mês, sai mês, o troféu Sexo nas Bancas de NoMínimo acaba sempre disputado pela revista moderninho-paulistana com um de seus ensaios despojados, de produção pobre, quase sem retoques digitais, de meninas que ninguém conhece?
Este mês aconteceu de novo, com um agravante: a ‘Trip’ não apenas disputou o troféu até o último fotograma, mas acabou mesmo por ficar com ele numa decisão sem contestação, unânime, entre Santiago e Fusco. Ambos se renderam incondicionalmente a Pamela Panichelli, 19 anos, clicada no ambiente simples de um apartamento ensolarado e tendo como únicas peças a lhe cobrir o corpo esguio uma blusa colorida, uma calcinha, um boné – nada. ‘Na cama, aprecia chicotinhos, algemas e homens que sabem pegar de jeito; pasmem, já tentou se matar duas vezes’, informa o texto, no qual não chego a acreditar inteiramente. Mas o texto nada tem a ver com o segredo da ‘Trip’. Aquilo em que eu acredito demais, acredito com fervor, é a própria Pamela, a nudez de Pamela. Não é pouco, pelo contrário – é tudo. Outras mulheres desejáveis olham para mim neste momento, algumas tão abertas e oferecidas quanto as páginas sobre a mesa. Mas nenhuma tem a realidade de Pamela, a respiração de Pamela. O que é isso?
Será aquela vaga sugestão de estria? A sutil deselegância das poses, o olhar nada profissional de quem mistura agressividade e timidez, de quem tem alguma coisa a provar – além de que é merecedora de um cachê polpudo? The girl next door, ou a menina do lado, reza o clichê, mas acho que a coisa vai além disso. Diante do meu mar de revistas, como o poeta caolho frente ao oceano misterioso, tenho de repente uma epifania – calma, não precisa tirar as crianças da sala. Minha epifania, capaz de encerrar com o poder se um soco na mesa aquela reunião de fotógrafos e editores que se desenrola ali no primeiro parágrafo, pode ser resumida numa frase simples: a ‘Trip’ é o movimento Dogma da nudez!
Quem se lembra? Como fizeram os cineastas dinamarqueses que criaram o Dogma, Lars von Trier à frente, o ensaio da ‘Trip’ se define pelo que não tem: não tem Photoshop (não em doses maciças, pelo menos), não tem modelos profissionais, não tem maquiagem pesada, não tem cenários mirabolantes/
paradisíacos/estilizados, não tem adereços que não caibam numa mochila de ursinho, não tem iluminação cheia de sombras espichadas. A prova de que a coisa é feita com a consciência de um Dogma é o fato de o ensaio de Pamela Panichelli ter sido clicado por um dos mais consagrados profissionais da fotografia na escola ‘Playboy’, uma escola que, justamente, tem tudo isso: J.R. Duran. E funciona direitinho, Dogma é Dogma. O mesmo Duran fotografa a sensacional Ellen Jabour para a ‘Vogue Homem’. Trata-se de um ensaio sensual, sem peitinhos (peitinhos mesmo, no caso de Ellen) à mostra, e ali a conversa é outra: glamour, poses estudadas, cabelo transadíssimo, cinta-liga preta. Um estouro, mas… Ellenzinha não deve ser assim, é o que fico pensando. Sei lá, estabelece-se entre nós uma certa frieza. Aquilo é só para ver, festa para os olhos, enquanto o Dogma – bem, o Dogma esquenta tudo.
A apoteose dessa superprodução glamourosa aparece no ensaio sensual – também sem peitinhos (no caso, peitos médios) à mostra – de Sabrina Sato na ‘UM’. Realiza-se aqui uma proeza interessante. Sabrina é uma das mulheres mais sexy do Brasil, um escândalo em forma de garota, rebolando curvas perigosíssimas ali, no limite da vulgaridade. Resumindo: uma daquelas mulheres capazes de converter carnavalesco em macho insaciável. Pois não é que, na ‘UM’, Sabrina muda? De lingerie preta rendada, luvas, adereços sugestivos de uma atmosfera sadomasô light, um clima de claro-escuro em que os escuros são mais presentes que os claros – nesse ambiente sofisticado, Sabrina, quem diria, esfria. As fotografias são bonitas, mas aquilo é festa para os olhos, coisa e tal, enquanto o Dogma…
A prova de que o truque da simplicidade é genial, mas de simples não tem nada, pode ser conferida na ‘Sexy’. Como tudo que sobe, desce (ainda mais quando se fala de sexo), a revista, depois de abiscoitar o troféu Sexo nas Bancas do mês passado com o ensaio da incomparável Maryeva, tem um mês de baixa em que a garota da capa, a dentista (!) Lara Parizotto, protagoniza fotos que ficam a meio caminho entre a simplicidade e o rebuscamento, com efeito indefinido, e a segunda atração do time, Kelly Vieira, posa para um ensaio despojado que deveria lembrar os da ‘Trip’. Deveria, mas não lembra. Kelly é uma mulher sedutora. Não lhe sobra inibição, assim como não lhe faltam atributos físicos. Falta o quê? Difícil dizer, mas o principal atrativo da ‘Sexy’ deste mês é do gênero humor involuntário: a seção ‘O sentido da vida segundo…’ traz uma entrevista, acredite se quiser, com Ronnie Von! O cantor, não o político. Imperdível.
Este mês, as duas revistas que chegaram à fase final da disputa com a ‘Trip’ foram ‘Vip’ e ‘Playboy’. No fim das contas, nenhuma delas teve fôlego para roubar o troféu de Pamela Panichelli, mas ambas merecem uma folheada carinhosa e atenta. Estela Pereira, a anônima da vez na ‘Playboy’, é prejudicada pelo truque editorial de apresentá-la como ‘musa da Copa’. Musa de quem? Musa por quê? Ah, ela foi a representante brasileira no ‘Playboy World Football Team’ – evento do qual, obviamente, ninguém jamais ouviu falar. É o tipo de coisa que enfraquece. Deixassem a moça com seus próprios méritos e ninguém reclamaria. As fotos de Luís Crispino têm bom gosto, uma dose de artifício na medida certa – e Estela não deve nada a ninguém, principalmente quando abre seu sorriso de Julia Roberts ou quando exibe o bumbum cheio de areia, convidando palmadinhas.
Quanto à ‘Vip’, seu único pecado é trazer apenas um aperitivo da Mariana Felício do ‘Big Brother Brasil’. Trata-se da mulher que, pensando bem, eu mais gostaria de ver em pêlo este mês mas, bah, sou obrigado a admirar sob uma roupa emborrachada de mergulho. Ensaio sensual, pois é, sem peitinho (ou peitão siliconado) à mostra. A morena pernalta que passou na cara dois dos concorrentes da última edição do reality show global tem alguma coisa nos olhos travessos, ou quem sabe nos lábios entreabertos, que garante: ela merece mais, muito mais. Aguardemos o que nos trarão as bancas nunca dantes navegadas a que chamamos futuro.’
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