Saturday, 21 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Otimismo com público fiel

 

TELEJORNALISMO

Os canais de notícia americanos começam a acreditar que a audiência que obtiveram com os ataques terroristas de 11 de setembro não fugirá embora com a chegada de tempos mais tranqüilos. Estatísticas mostram que o público pode ter criado o hábito de assistir a noticiários. No primeiro trimestre do ano, as emissoras ABC, CBS e NBC ganharam 930 mil novos telespectadores para seus jornais noturnos, segundo a consultoria Nielsen.

O fato de a pesquisa se referir a um período já bem posterior aos ataques é motivo de otimismo. “Acredito que houve um genuíno aumento de interesse no mundo e nas notícias”, diz Paul Slavin, produtor executivo do World News Tonight, da ABC. Este programa é responsável por cerca de dois terços do número aferido pela Nielsen, com média de 10,4 milhões de espectadores diários. Nightly News da NBC é o líder, com 11,2 milhões.

David Bauder, da AP [2/4/02], informa que na TV a cabo, o maior crescimento foi do canal Fox News, que deixou a CNN comendo poeira com seu aumento de audiência de 116% com relação a 2001. Agora, são em média 666 mil espectadores do líder de segmento contra 546 mil do vice. Em terceiro, está o MSNBC, que tem marca de 290 mil, mas contabiliza crescimento menor que os outros (24%).

 

REVISTAS

No final de abril serão entregues os prêmios National Magazine, os principais para revistas americanas. Entre as indicações há grandes reportagens, mas em menor quantidade que no passado. A principal conclusão a que se chega com a seleção deste ano é que o texto é cada vez menos importante neste tipo de veículo. Apesar de os ataques de 11 de setembro terem propiciado bons e extensos artigos, o que se vê é a predominância de matérias de 800 palavras no máximo.

O público das revistas sempre foi dividido entre os que olham e os que lêem. Hoje, o segundo grupo parece menor que nunca. “Costumávamos brigar com os repórteres e editores para colocar uma imagem”, recorda um designer que trabalhou em diversas revistas importantes dos EUA. “Agora o desafio do design é pegar o pouco texto de que dispõe e torná-lo grande o suficiente para viabilizar uma experiência editorial”.

Sinal dos tempos é a presença cada vez mais comum da foto-legenda, em que um par de frases condensa toda a informação. “O que fazemos é mais parecido com cinema que com revistas tradicionais”, explica Greg Gutfeld, da Stuff. “Se os leitores de revistas tradicionais fossem honestos, admitiriam que não lêem mais que 10% do começo de um artigo longo. E nós damos só os melhores 10%”.

O fenômeno abrange todo tipo de publicação. “Ouço a palavra ‘pacote’ bem mais que de costume em revistas femininas”, conta Judith Newman, jornalista de longa carreira. O termo se refere a matérias em forma de blocos “do tamanho de um McNugget”. “É triste que as repórteres vejam as revistas masculinas como algo a que se deve aspirar”.

Considerando que o leitor atual vive em um mundo que o bombardeia com imagens, David Carr, do New York Times [1/4/02], conclui que as revistas continuarão dando rumo à cultura de massa, mesmo que ninguém nesta era “pós-literária” tenha tempo ou paciência para histórias compridas.